NAS ONDAS DE LUZ DOS AVATARES – III*(Viajando Espiritualmente no Olhar de Ramakrishna)
Ensinou-me que elas podem ser grandes ou pequenas.
E que, sejam as marolas ou os maremotos, todas elas são água.
E você me disse que assim também são os homens...
Alguns são grandes e outros, pequenos. Mas, todos eles são gente.
Negros, brancos, amarelos e vermelhos... Tudo gente.
E na imensa tapeçaria sideral, também é assim.
Há estrelas enormes e outras, bem pequenas. Mas, todas elas são luzes.
E você me disse que todas as ondas fazem parte do Oceano do Senhor.
E que todas as estrelas gravitam no Céu do Coração d’Ele.
Assim como Ele está no coração de todos os homens...
Ah, meu amigo, hoje eu me lembrei de um dia especial com você.
Foi quando eu vi você olhando o Céu noturno da Índia.
Você vivenciava um samadhi** e seus olhos refletiam o brilho das estrelas.
E eu não sabia o que fazer, pois não queira atrapalhá-lo, nem perder o lance.
Então, você me olhou e riu, e me disse: “Hare Om!”***
E, de imediato, uma onda de Amor arrebatou-me, e eu me dissolvi na luz branca.
E eu vi que todas as ondas, todas as estrelas e todos os homens eram LUZ.
E depois, quando voltei a mim, você ria de monte e me disse: “Tudo é UM!”
E eu hoje eu me lembrei disso, enquanto escutava uma linda canção budista.
E aí, no meio da madrugada da grande metrópole, eu olhei para o céu nublado.
E, mesmo assim, eu vi estrelas... Porque eu olhei como o amor olha a vida.
E, em meu coração, eu repeti silenciosamente o mantra do Grande Amor:
“Hare Om… Hare Om… Hare Om...”
Então, eu fiquei pensando em você, enquanto o meu peito virava sol sereno...
E os meus olhos brilharam igual dois diamantes no centro da noite.
E, invisivelmente, eu abracei o mundo, como você me ensinou.
Sim, Ramakrishna, do mesmo jeito que você: com o coração, em espírito.
Por Amor.
Ah, Ramakrishna, será que você está rindo de mim, aí no céu?
Porque eu ainda não sei o que fazer com essa Luz em meu pequeno coração.
Não sei se atrapalho você, aí em cima, nem quero perder o lance.
E hoje, como outrora, eu ainda escuto você cantar: “Hare Om...”
E a luz branca vem... Enquanto eu canto junto: “Hare Om...”
E as ondas, as estrelas e os homens se tornam UM, em meu coração.
Pela Luz.
São Paulo, 13 de agosto de 2010.
* As duas partes anteriores desse texto estão postadas no site do IPPB – www.ippb.org.br -, e podem ser acessadas no seguinte endereço específico:
Parte I - http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5518&catid=62:wagnerborges&Itemid=174
Parte II -http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10103:1038-nas-ondas-de-luz-dos-avatares-ii&catid=31:periodicos&Itemid=57
** Samadhi – do sânscrito - expansão da consciência; estado de consciência cósmica.
*** Hare (ou Hari) – do sânscrito - é a vibração interpenetrante do coração do universo, fonte imanente do amor, representada na cosmogonia hinduísta como Vishnu, o divino Preservador.
**** Paramahamsa Ramakrishna - mestre iogue que viveu na Índia do século XIX e que é considerado até hoje um dos maiores mestres espirituais surgidos na terra do Ganges. Para se ter uma idéia de sua influência espiritual, posso citar que grandes mestres da Índia do século XX se referiram a ele com muito respeito e admiração, dentre eles o Mahatma Ghandi, Paramahamsa Yogananda e Rabindranath Tagore.
Pais abnegados da Terra, que nos propiciam o ensejo da reencarnação, por muito se façam servidores de nossa felicidade, não nos retiram da experiência de que somos carecedores.
Mestres que nos arrancam às sombras da ignorância, por muito carinho nos dediquem, não nos isentam do aprendizado.
Amigos que nos reconfortam na travessia dos momentos amargos, por mais nos estimem, não nos carregam a luta íntima.
Cientistas que nos refazem as forças, nos dias de enfermidade, por mais que nos amem, não usam por nós a medicação que as circunstâncias nos aconselham.
Instrutores da alma que nos orientam a viagem de elevação, por muito nos protejam, não nos suprimem o suor da subida moral.
Ninguém vive sem a cooperação dos outros.
Encontramo-nos, porém, à frente do amor de que todos nós somos necessitados, assim como o vegetal, diante do apoio da Natureza. A planta não se cria sem ar, não medra sem sol, não dispensa o auxílio da terra e não prospera sem água, mas deve produzir por si mesma.
Assim também, no reino do espírito.
Todos nós temos problemas reclamando o concurso alheio, mas ninguém pode forjar a solução do esforço para o bem que depende exclusivamente de nós.
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