RELIGIÃO UMBANDA

Na Umbanda não há preconceitos nem orgulho. Aprendemos com quem mais sabe e ensinamos aqueles que sabem menos.

“A maior de todas as ignorâncias é rejeitar uma coisa sobre a qual você nada sabe." (H. Jackson Brownk)


Nenhum mistério resiste à fragilidade da luz.Conhecer a Umbanda é conhecer a simplicidade do Universo.

A Umbanda crê num Ser Supremo, o Deus único criador de todas as religiões monoteístas. Os Sete Orixas são emanações da Divindade, como todos os seres criados.

O propósito maior dos seres criados é a Evolução, o progresso rumo à Luz Divina. Isso se dá por meio das vidas sucessivas, a Lei da Reencarnação, o caminho do aperfeiçoamento.

Existe uma Lei de Justiça Universal que determina, a cada um, colher o fruto de suas ações, e que é conhecida como Lei de Ação e Reação.

A Umbanda se rege pela Lei da Fraternidade Universal: todos os seres são irmãos por terem a mesma origem, e a cada um devemos fazer o que gostaríamos que a nós fosse feito.

A Umbanda possui uma identidade própria e não se confunde com outras religiões ou cultos, embora a todos respeite fraternalmente, partilhando alguns princípios com muitos deles

A Umbanda está a serviço da Lei Divina, e só visa ao Bem. Qualquer ação que não respeite o livre-arbítrio das criaturas, que implique em malefício ou prejuízo de alguém, ou se utilize de magia negativa, não é Umbanda.

A Umbanda não realiza, em qualquer hipótese, o sacrifício ritualístico de animais, nem utiliza quaisquer elementos destes em ritos, oferendas ou trabalhos.

A Umbanda não preceitua a colocação de despachos ou oferendas em esquinas urbanas, e sua reverência às Forcas da Natureza implica em preservação e respeito a todos os ambientes naturais da Terra.

Todo o serviço da Umbanda é de caridade, jamais cobrando ou aceitando retribuição de qualquer espécie por atendimento, consultas ou trabalhos mediúnicos. Quem cobra por serviço espiritual não é umbandista.

"Tudo melhora por fora para quem cresce por dentro."

O que a Umbanda tem a oferecer?


Hoje em dia, quando falamos em religião, os questionamentos são diversos. A principal questão levantada refere-se à função da mesma nesse início de milênio.
Tentaremos nesse texto, de forma panorâmica, levantar e propor algumas reflexões a esse respeito, tendo como foco do nosso estudo a Umbanda.

O que a religião e, mais especificamente, a religião de Umbanda, pode oferecer a uma sociedade pós-moderna como a nossa? Como ela pode contribuir junto ao ser
humano em sua busca por paz interior, desenvolvimento pessoal e auto-realização?
Quais são suas contribuições ou posições nos aspectos sociais, em relação aos
grandes problemas, paradoxos e dúvidas, que surgem na humanidade contemporânea?
Existe uma ponte entre Umbanda e ciência (?) _ algo indispensável e extremamente útil, nos dias de hoje, a estruturação de uma espiritualidade sadia.

O principal ponto de atuação de uma religião está nos aspectos subjetivos do “eu”. Antigamente, a religião estava diretamente ligada à lei, aos controles morais e definição de padrões étnicos de uma sociedade _ vide os dez mandamentos
e seu caráter legislativo, por exemplo. Hoje, mais que um padrão de comportamento, a religião deve procurar proporcionar “ferramentas reflexivas” ou
“direções” para as questões existenciais que afligem o ser humano. Em relação a isso, acreditamos ser riquíssimo o potencial de contribuição do universo umbandista, mas, para tanto, necessitamos que muitas questões, aspectos e
interfaces entre espiritualidade umbandista e outras religiões e ciência sejam desenvolvidos, contribuindo de forma efetiva para que a religião concretize um pensamento profundo e integral em relação ao ser humano, assumindo de vez uma
postura atual e vanguardista dentro do pensamento religioso. Entre essas questões, podemos citar:

_ Um estudo aprofundado dos rituais umbandistas, não apenas em seus aspectos “magísticos”, mas também em seus sentidos culturais, psíquicos e sociais. Como uma gira de Umbanda, através de seus ritos, cantos e danças, envolve-se com o
inconsciente das pessoas? Como podem colaborar para trabalhar aspectos “primitivos” tão reprimidos em uma sociedade pós-moderna como a nossa? Como os
ritos ganham um significado coletivo, e quais são esses significados? Grandes contribuições a sociologia e a antropologia podem dar à Umbanda.

_ Uma ponte entre as ciências da mente – como a psicanálise, psicologia – e a mediunidade, utilizando-se da última também como uma forma de explorar e conhecer o inconsciente humano. Mais do que isso, os aspectos psicoterápicos de
uma gira de Umbanda e suas manifestações tão míticas-arquetípicas. Ou será que nunca perceberemos como uma gira de “erê”, por exemplo, além do trabalho espiritual realizado, muitas vezes funciona como uma sessão de psicoterapia em
grupo?

_ A mediunidade como prática de autoconhecimento e porta para momentâneos estados alterados de consciência que contribuem para o vislumbre e o alcance permanente de estágios de consciência superiores. Além disso, por que não a
prática meditativa dentro da Umbanda (?) _ prática essa tão difundida pelas religiões orientais e que pesquisas recentes dentro da neurociência demonstram de forma inequívoca seus benefícios em relação à saúde física, emocional e
mental.

_ Uma proposta bem fundamentada de integração de corpo-mente-espírito.
Contribuição muito importante tanto em relação ao bem estar do indivíduo, como também dentro da medicina, visto que a OMS (Organização Mundial da Saúde) hoje admite que as doenças tenham como causas uma série de fatores dentro de um paradigma bio-psíquico-social caminhando para uma visão ainda mais holística, uma visão bio-psíquico-sócio-espiritual.

_ O estudo comparativo entre religiões, com uma proposta de tolerância e respeito as mais diversas tradições. Por seu caráter sincrético, heterodoxo e anti-fundamentalista, a Umbanda tem um exemplo prático de paz as inúmeras
questões de conflitos étnico-religiosos que existem ao redor do mundo.

_ A liberdade de pensamento e de vida que a Umbanda dá as pessoas também deveria ser mais difundido, visto que isso se adapta muito bem ao modelo de espiritualidade que surge como tendência nesse começo de século XXI. Parece-nos
que a Umbanda há muito tempo deixou de lado a velha ortodoxia religiosa de “um
único pastor e único rebanho”, para uma visão heterodoxa de se pensar espiritualidade, onde ela assume diversas formas de acordo com o estágio de desenvolvimento consciencial de cada pessoa, o que vem de encontro – por exemplo
– com as idéias universalistas de Swami Vivekananda e seu discurso de “uma Verdade/Religião própria para cada pessoa na Terra”. E a Umbanda, assim como
muitas outras religiões, pode sim desenvolver essa multiplicidade na unidade.

_ O resgate do sagrado na natureza e o respeito ao planeta como um grande organismo vivo. Na antiga tradição yorubana tínhamos um Orixá chamado Onilé, que representava a Terra planeta, a mãe Terra. Mesmo que seu culto não tenha se
preservado, tanto nos candomblés atuais como na Umbanda, através de seus outros “irmãos” Orixás, o culto a natureza é preservado e, em uma época crítica em
termos ecológicos, a visão sagrada do planeta, dos mares, dos rios, das matas, dos animais, etc - ganha uma importância ideológica muito grande e dota a espiritualidade umbandista de uma consciência ecológica necessária.

_ O desenvolvimento de uma mística dentro da Umbanda, onde elementos pré-pessoais como os mitos e o pensamento mágico-animista, possam ser trabalhados dentro da racionalidade, levando até mesmo ao desenvolvimento de
aspectos transpessoais, transracionais e trans-éticos dentro da religião. A identificação do médium em transe com o Todo através do Orixá, a trans-ética que deve reger os trabalhos magísticos de Umbanda, os insights e a lucidez
verdadeira que levam a mente para picos além da razão e do alcance da linguagem, o fim da ilusão dualista para uma real compreensão monista através da iluminação, são exemplos de aspectos transpessoais que podem ser (e faltam ser)
desenvolvidos dentro da religião.

_ Os aspectos culturais, afinal Orixá é cultura, as entidades de Umbanda são cultura o sincretismo umbandista é cultura. Umbanda é cultura e é triste perceber o descaso, seja de pessoas não adeptas, como de umbandistas, que
simplesmente não compreendem a importância cultural da Umbanda e da herança afro-indígena na construção de uma identidade nacional. A arte em suas mais
variadas expressões tem na Umbanda um rico universo de inspiração. Cabe a ela apoiar e desenvolver mais aspectos de sua arte sacra.

Essas são, ao nosso entendimento, algumas das “questões-desafios” que a Umbanda tem pela frente, principalmente por ser uma religião nova, estabelecendo-se em um mundo extremamente multifacetado como o nosso. Muito mais
poderia e com certeza deve ser discutido e desenvolvido dentro dela.

Apenas por essa introdução já se pode perceber a complexidade da questão e como é impossível ter uma resposta definitiva a respeito de tudo isso. Muitos
podem achar que o que aqui foi dito esteja muito distante da realidade dos terreiros. Mas acreditamos que a discussão é pertinente, principalmente devido ao centenário, onde muito mais que festas, deveríamos aproveitar esse momento
para uma maior aproximação de ideais e pessoas, além de uma sólida estruturação do pensamento umbandista. Esperamos em outros textos abordar de forma mais profunda e propor algumas idéias a respeito das questões e relações aqui
levantas. Esperamos também que outros umbandistas desenvolvam esses ou outros aspectos que acharem relevantes e caminhemos juntos em busca de uma espiritualidade sadia, integral e lúcida.

"Fernando Sepe''


SORRIA....VOCÊ ESTÁ SENDO IDENTIFICADO!!!!

Sign by Danasoft - For Backgrounds and Layouts

Que a força do Amor esteja sempre com você...



Não Acredite em Algo

Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o.


terça-feira, 31 de maio de 2011

A NATUREZA DA UNIÃO SAGRADA


Julie Redstone
Maio de 2011 
Deus no centro
 
Ainda hoje, quando os casais se unem e se separam a um grau que parece extraordinário, o casamento ainda é destinado a ser um sacramento entre duas pessoas que se amam. A qualidade eterna da consagração à Deus permeia uma união verdadeiramente sagrada, contrariando eternamente as atuais correntes da cultura popular que torna o divórcio um resultado fácil, embora não doloroso, em muitos casos.
Quando os votos do casamento se tornam secularizados, como em muitos casos, quando Deus não está incluído na aliança do casamento e em seu propósito, então o casamento não é mais sagrado. Ele se torna um veículo com o qual avalia a felicidade pessoal, e se e quando esta felicidade desaparece diante da dificuldade, não é surpreendente que muitos casamentos terminem.
O que é consagrado é de origem e de intenção Divina. Isto é o que significa a palavra “sagrado”. O que é consagrado ou “sagrado”, não pode ser mudado pelas tendências culturais, pelo tempo ou por crenças individuais. Um sacramento participa do Eterno – da ordem da Vida. Ele não pode ser alterado por lei ou por decreto, ainda que a sua natureza sagrada possa ser esquecida ou abusada. O matrimônio, como um sacramento, reflete a intenção de Deus para compartilhar as dádivas do amor e da alegria de amar com os dois, que, através do seu amor, trará os frutos de sua união ao mundo para o benefício do mundo, bem como para si mesmos. Estes frutos incluem ir muito além da geração de filhos. Eles são os frutos da alma, as expressões da alma, trazendo em maior manifestação o que é Divino a cada um dos parceiros, fazendo com que cada um seja um reflexo mais fiel do seu ser interior.
A natureza sacramental do casamento o torna mais do que uma ligação física, mais do que uma ligação emocional. É, em seu significado mais profundo, um laço espiritual, construído a partir da intensidade do amor entre duas almas. Consagrar uma união é trazer à concordância, não duas vontades, mas três – a das duas almas envolvidas e a de Deus. Uma união sagrada é uma aliança entre dois que se amam em Deus e com Deus, cuja adesão se torna uma expressão do desejo de cada um de amar e servir à Deus juntos.
Há um aspecto do serviço que nos é mais familiar que cresce organicamente a partir do amor. Isto envolve o desejo de trazer filhos ao mundo – uma ação que é verdadeiramente benéfica ao mundo e à Vida e que muitas pessoas reconhecem como tal. Há outro aspecto do serviço que é menos aparente, que requer mais consciência e intenção deliberada para cumprir. Neste tipo de serviço precisa haver uma disposição da parte de cada parceiro para expressar o Divino interiormente e viver cada dia a partir deste espaço sagrado. Tal serviço é manifestado no sentimento de devoção com o parceiro de alma, acompanhado por um desejo de auxiliar esta alma em sua expressão. Ele também se manifesta na maior área de escolhas da vida, através dos valores e atividades que a alma escolhe de comum acordo com a intenção e a vontade Divina.
Em uma união sagrada de almas, o objetivo de servir a alma do parceiro e o objetivo de cumprir o próprio propósito Divino são mantidos nos espaços mais profundo do coração e existem em harmonia. Em casos onde estes dois parecem estar em conflito, é algumas vezes porque em um caso ou no outro, não é a alma que está tendo a sua expressão quanto a que atitude tomar ou qual valor manter, mas a voz do eu exterior ou da personalidade que está se expressando. A reflexão profunda é frequentemente necessária para distinguir entre as duas. Nos casais e também nos indivíduos, isto envolve um processo de aprendizagem ao longo do tempo, através da prece e da meditação. A distinção entre “alma” e “personalidade” pode se tornar clara para nós, embora possa ser difícil de se imaginar em um primeiro momento, desde que não estamos acostumados a pensar em tais termos. Entretanto, há uma diferença. Viver como Deus quer que vivamos é viver a vida da alma. É em direção a isto que estamos avançando enquanto evoluímos, é isto que devemos alcançar, pois isto representa o ideal.
Incorporados como estamos atualmente em nossa identificação com a personalidade, ou com o eu exterior e não com a alma, e em nossa identificação com a família nuclear, e não com a família planetária, podemos não compreender que somente o que serve ao bem maior, o que serve à Deus e à própria Vida, pode dar ao amor a sua mais plena expressão. Uma união que serve somente ao bem dos dois, embora ainda um tributo à beleza e à maravilha do amor, não pode revelar a totalidade do que deve ser um relacionamento sagrado. Esta compreensão da revelação da natureza da nossa alma e da natureza da alma dos outros, está ainda por vir.
Retornemos ao início, no momento em que as almas se encontram e se apaixonam. Há uma razão pela qual as almas se unam no amor. A sua atração e o seu amor pelo outro lhes permite experienciar um dos grandes mistérios da vida e uma de suas maiores alegrias. A alegria e o amor de dois seres que se encontram são, no início, parte de um movimento da consciência, da visão interna e do reconhecimento do Amado na outra pessoa. A alegria com a qual o amor descobre a alma do Amado é uma experiência fundamental na vida. Ela nos revela não somente os nossos verdadeiros eus, mas também o nosso propósito de estarmos no mundo. É estar amando profundamente que cria esta sensação de propósito. Isto nos diz através de nossos sentimentos que estamos plenamente vivos quando amamos intensamente e com todo o nosso coração. Não estamos menos vivos quando não amamos.
O Amor que forma o alicerce de uma união sagrada é profundo assim. Ele procura dar de si mesmo além dos limites. Busca se estender em todas as direções, promovendo a expressão do Divino, intensificando as qualidades Divinas de cada parceiro, de modo que eles se tornem mais completos em sua expressão no mundo. Através de tal relacionamento, dois indivíduos se tornam algo para o outro e para o mundo, que nenhum deles poderia ter se tornado tão pleno por si mesmo. Esta então, é a natureza de uma parceria espiritual:  intensificar o Divino em cada parceiro; auxiliar na revelação de cada alma para si mesmo e para o mundo; trazer ao mundo, seja através da ação, ou mais tranquilamente, através de um modo de ser, valores sagrados, valores que se estendem exteriormente e refletem a bondade de Deus e da Vida.
Há muitos casais, cujas dificuldades emocionais um com o outro, tornam a parceria espiritual de uma união sagrada difícil de atingir ou manter. Isto não significa que eles não estejam participando de uma união sagrada. Algumas vezes, tal relacionamento pode estar presente por algum tempo e submerso pelas dificuldades kármicas pelo resto do tempo. No entanto, a fim de que uma união sagrada permaneça sagrada, os dois indivíduos devem ser capazes, como uma base, de se elevarem ao nível da alma. Eles devem se esforçar por fazer isto, até quando surgem situações que tornam a vida difícil. É somente deste modo que o propósito verdadeiramente santificado da união pode se manifestar.
Se uma pessoa em um casal for capaz de fazer isto e a outra não, pode haver grande desapontamento e dor entre os dois parceiros. Tal diferença pode não ter sido aparente no momento da época do namoro, ou do encontro, pois é frequentemente o caso em que se apaixonam, que se vê a alma do outro claramente, e por causa disto parece que todas as limitações podem ser alteradas através do amor. Que esta revelação não continue do mesmo modo através dos anos, é uma função da necessidade básica para a cura pessoal. É um reflexo da presença de correntes sutis da personalidade, que não estão em harmonia com o resto, que devem ser observadas. Estas correntes da personalidade estão, na maior parte, no fundo, quando dois seres que se amam se encontram. Elas entram em primeiro plano e se colocam em movimento enquanto a vida evolui, de modo que elas possam ser curadas.
O processo de cura a que dois parceiros se comprometem juntos é também um processo sagrado, mas de um modo diferente do que está sendo chamado de uma união “sacramental”. Desde que cada indivíduo é uma alma, e cada alma encarna a fim de evoluir e aprender, a cura mútua realizada pelas almas como parte do seu amor, é, certamente, um relacionamento da alma, geralmente concordada antes de vir à encarnação. Entretanto, uma união principalmente Karmica, por causa das complicações emocionais que ela tende a se prestar, é diferente do que a expressão viva de um sacramento. Em uma união Karmica, frequentemente são emoções negativas que são manifestadas entre os dois parceiros. Estas podem gerar atritos e discórdia contínuos, com pouco da alma de cada participante à vista. Em uma união sacramental, são principalmente as qualidades positivas da alma, as qualidades interiores do ser, que buscam e procuram se expressar dentro e através do relacionamento.
Hoje, na maior parte do tempo, o casamento é uma associação dos dois. É deste modo que manifestamos a nossa necessidade para a cura e a evolução como almas. Em circunstâncias ideais, quando duas almas passam conscientemente por um  processo de purificação individualmente e juntos, as correntes não curadas da personalidade se manifestam de um modo que possam ser observadas, contidas e trabalhadas, e não expressas em ação. A purificação, com a sua ênfase na prece e na consciência, requer muita maturidade espiritual e emocional, bem como um senso de responsabilidade a fim de que ela seja verdadeira. Isto é especialmente necessário quando as correntes da personalidade surgem e tiram a expressão da alma do casal. A prece e a reflexão são necessárias nestes momentos. A discussão é necessária. A comunicação é necessária. O objetivo mútuo de elevar a união ao nível mais elevado deve ser mantido pelos dois parceiros, com o trabalho em direção à parte final da manutenção diária do relacionamento. É frequentemente nos detalhes da vida e na qualidade da atenção com que são compreendidos, que pode ocorrer a maior aprendizagem.
Algumas vezes é difícil ser atencioso. É difícil ser consciente. Um está cansado, sentindo-se mal em relação a alguma coisa, e usa isto como razões para não estar consciente. Então, é mais provável que partes não curadas da psique não sejam observadas, notadas ou contidas – que eles agirão inúmeras vezes a um grande custo para o relacionamento. Tais padrões são certamente, caros. Eles envolvem um tempo e esforço preciosos, ficando desgastados, tentando re-estabilizar um relacionamento, seguido a cada evento discordante que perturba a harmonia e o fluxo.
O processo de purificação pode ser de grande ajuda aos casais se eles o compartilharem juntos. Então, ambos podem estar conscientes dos padrões que eles mantêm e podem se ajudar a encontrar meios alternativos de lidar com estes padrões. A prece e a devoção à Deus são partes essenciais da purificação, e assim não é uma questão de apenas pensar em alternativas psicológicas como os principais meios para a cura, mas de invocar o Eu Superior para ajudar com o eu inferior e Deus para ajudar com tudo. A devoção à Deus e um desejo de elevar a personalidade para o Eu Superior é necessário em ambos os parceiros em uma união sagrada. Esta intenção é finalmente a chave que liberará ambos da imersão nas questões karmicas do passado.
Infelizmente, acontece algumas vezes que um parceiro em uma união é menos consciente do que o outro, e parece querer permanecer menos consciente. Ele pode ter um medo de se tornar mais “desperto”, de assumir mais responsabilidade por si, ou de se defrontar com as suas fraquezas e inadequações pessoais. Quando é este o caso, pode resultar um desequilíbrio, com um parceiro se tornando mais responsável pela consciência e autoconsciência, e o outro permanecendo mais passivo. Este desequilíbrio pode ser viável, e, de fato, pode promover a aprendizagem no parceiro menos consciente, se ele for compassivo e houver gratidão pela aprendizagem oferecida. Mas se for um grave desequilíbrio, e a maior parte da responsabilidade pela consciência for realizada por uma pessoa, ao invés de por ambos os parceiros, então a discórdia e o atrito serão os resultados, com o desapontamento sentido pelo que seja mais responsável, e os sentimentos de ser acusado, criticado, ou diminuído, sentido pelo que seja menos consciente.
A importância da escolha de um parceiro na plenitude de compreender quem é o outro, tanto em sua beleza, quanto em sua falta de integridade, se torna aparente enquanto o tempo passa e as dificuldades surgem – dificuldades que não eram vistas ou foram subestimadas no início do relacionamento. Então, o compromisso das duas almas com a verdade de quem elas são um com o outro, pode ser duramente testado.
Se os parceiros em uma união não estiverem funcionando a um nível de alma, ou não estiverem interessados em elevar o seu relacionamento a este nível, as dificuldades que ocorrem, que estão baseadas em partes não curadas de uma personalidade ou da outra parecerão grandes, causando dúvidas e confusão no relacionamento de uma forma contínua. Se os parceiros pudessem estar com o outro e com Deus e pudessem santificar a sua união, sabendo realmente que eles estavam criando o compromisso mais profundo com o outro – se eles fossem capazes de assumir a sério este compromisso, para permanecerem juntos, em uma vida com Deus – então grande aprendizagem e grande alegria poderiam ocorrer.
Tal união formaria a área na qual ambas as almas aprenderiam mais sobre elas mesmas e sobre o seu relacionamento com Deus, do que elas poderiam ter feito separadamente. Elas aprenderiam isto juntas, desde que promoveriam esta aprendizagem no outro. Isto não é muito comum hoje, entretanto. A maior parte dos casais que se une, não se conhece em seu ser Divino e não fazem o compromisso de serviço à Deus, como parte de sua união. Eles também são incapazes de levar a sério, ou de modo sacramental, a profunda natureza de tal compromisso. Estas uniões, que são mais seculares do que sagradas, estão baseadas em nossa atual falta de consciência em relação a nossa própria identidade. Isto contribui com a tomada de decisão de se unirem a partir de uma parte mais superficial do ser, ao invés de uma parte mais profunda. Então, porque isto é assim, não há frequentemente o firme alicerce da verdade sobre o qual permanecerá quando as dificuldades na vida surgirem e precisarem ser tratadas ao longo do caminho.
Contanto que as pessoas estejam  inconscientes sobre a sua natureza mais elevada, contanto que  elas não ajam a partir da essência da sua alma, elas não serão capazes de reconhecer esta essência da alma nos outros e não serão capazes de julgar com quem elas estão realmente se unindo. Elas assumirão a pessoa que elas amam como o eu exterior, e se e quando este eu exterior muda, ou não encontra as expectativas que a promessa original do amor trouxe, elas ficarão desapontadas.
A alta taxa de divórcios na sociedade hoje reflete o nosso nível de consciência sobre o que os relacionamentos envolvem e como nos percebemos. Ela reflete a nossa tendência de escolher a separação quando as nossas expectativas frustradas se tornam muito fortes. Reflete também a tendência histórica em direção ao secular e distante do sagrado, e a sua consequente alteração na percepção do que significa o casamento.
A estabilidade e a longevidade do casamento poderão somente aumentar quando as decisões sobre o casamento forem baseadas em uma compreensão mais verdadeira da natureza sacramental de tal união, e também em uma compreensão mais verdadeira de quem é que se está casando. Até então, e até o propósito de Deus se tornar o propósito de cada união no amor, na confusão, na dor e na dificuldade em que muitos casais se encontram, é provável que continue com o divórcio permanecendo como a solução para o problema da dor.
Entretanto, esta situação está mudando hoje. Os corações estão se abrindo, e com isto uma maior valorização do amor e da verdade está ocorrendo. Um despertar mais profundo para os princípios espirituais está surgindo. Quando acontece que duas pessoas que se amam estão bem conscientes e sabem que elas estão escolhendo se unir a fim de se amarem do modo mais profundo possível, e através do seu amor trazer algo precioso ao mundo, para o benefício da Vida, então há motivos para celebração no céu e os anjos se rejubilam com o triunfo do amor em toda a sua pureza. Então, há a vitória para Deus e uma bênção dada aos corações de todos que serão tocados de forma única pelo amor entre os dois que estão se unindo.
Uma união sagrada deste tipo estende o amor bem além dos limites que alguém possa imaginar. Ele cria um envoltório ou atmosfera que está infundida pelo amor, uma atmosfera na qual outros podem ser convidados. É este envoltório que é uma dádiva para outros que sejam reforçados por ele, quando as suas vidas se cruzam com a pureza do amor, e os seus corações se abrem para testemunhar uma união sagrada, tornando-se possível dentro de si também.
Tradução: Regina Drumond – reginamadrumond@yahoo.com.br

Um comentário:

Lunna disse...

Querida Aurélia, lindo esse seu cantinho, lindas fotos, lindas mensagem.
Que todos os Orixás continue te iluminado.
Axé!
Beijos com cheirinho de alfazema.
Lua.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...