Diante da imensidão do mar os olhos do velho marujo enchem-se de lagrimas.
São velhas lembranças que lhe ocorrem.
Cenas jamais esquecidas (amigos e aventuras que lhe marcaram a existência)
Agora é noite e lá esta ele ainda a contemplar o reino de Yemanjá.
Seus ouvidos são apurados, consegue distinguir nitidamente o barulho das ondas, os barcos apitando ao longe, as aves marinhas.
Nada lhe escapa.
Seria capaz de ficar ali eternamente embevecido.
Também vê os inúmeros espíritos que habitam aquelas águas.
Irmãos marujos, sereias, Oguns, Caboclos e uma infinidade de amigos do plano espiritual que teen no mar seu ponto de força.
Ele percebe quando chega àquela mulher vestida de branco, trazendo nas mãos flores, velas, perfumes e vários presentes.
Ouve quando ela ajoelhada reza com amor e emoção a Yemanjá e ao povo do mar, pedindo forças, saúde e proteção.
Ele sorri quando ela abre a garrafa de rum, acende cigarros e firma os pontos azuis.
Sente a fé da filha que resplandece pela noite.
Suavemente no primeiro instante e depois com intensidade impar.
Em pensamento a filha faz diversos pedidos para aqueles que a acompanham.
Muitos ali nunca haviam participado destes rituais, outros eram velhos conhecidos.
O Velho Lobo do Mar não consegue segurar as lagrimas de emoção, ao ver a filha tão envolvida pelas forças sagradas de Yemanjá.
Ele vê quando a Grande Senhora se levanta por sobre as ondas e sorri embevecida para a filha e seus acompanhantes.
Estes não vêem Yemanjá, mas sentem sua presença.
Ele se ajoelha e louva a Deus por permitir que ele presencie esta cena tão marcante.
Yemanjá lhe sorri com carinho.
Os atabaques soam alto enchendo a noite de magia.
O velho marujo se aproxima da filha.
Ela se arrepia, sente uma doce tontura.
Pronto!Agora ele está em terra.
Sua filha acaba de recebê-lo.
A alegria toma conta de todos.
Martin Pescador está em terra, trazendo alegria, amparando, guiando e protegendo a todos.
A bandeira sagrada da Umbanda acaba de ser hasteada na praia...
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