Olá amigos....recebi esse texto por email ,postado por um participante de um grupo de estudos umbandistas que acompanho.O texto fala sobre intolêrancia religiosa....achei o texto bem interessante e repasso abaixo para compartilhar com vocês....Boa leitura!!!!
Intolerância religiosa e algumas raízes históricas
Gente,
Em função dos frequentes relatos de intolerância que a gente vê por aí e que são postadas aqui no grupo, achei que valia a pena aprofundar mais o tema - por isso, segue abaixo um texto para discussão.
É fundamental a gente perceber que essa intolerância religiosa esconde outras tão peçonhentas quanto essa e que precisamos ampliar nossa visão e olhar essa questão também por uma ótica sociológica e histórica.
Vamos lá:
Nós Umbandistas somos parte de uma religião:
- Que se formou "pelas costas" da elite branca dominante, com a pajelança indígena e os cultos das nações dos negros escravos.
- Que bebeu do catolicismo apenas o gesto mais singelo da adoração aos Santos e dispensou toda uma complexa teologia construída pela arrogância dos poderosos e assassinos.
- Que misturou as magias de diversos povos, inclusive dos feiticeiros, bruxos e magos espanhóis e portugueses para cá deportados ou fugidos da Santa Inquisição que iniciaram nosso sincretismo religioso com os índios e africanos, originando daí a Santidade, a Pajelança, a Encantaria, o Catimbó, o Toré, o Tambor de Minas, o Batuque, os Candomblés, o Omôlocô até chegarmos à Umbanda Urbana.
- Que não coube (e não cabe) na ortodoxia Kardecista, também branca, dominante, européia e elitizada.
Além disso tudo, ao olharmos para a nossa teologia e nossos arquétipos, percebemos que somos parte de uma religião que "diviniza" os excluídos pela colonização européia, branca e católica:
- Com os Caboclos, representantes dos índios (de toda a nossa América) que foram escravizados ou foram (são) mortos.
- Com os Pretos Velhos, representantes do povo miserável e marginalizado da mãe África, que foram mortos ou foram (são) escravizados.
- Com os Ciganos que há séculos são perseguidos e marginalizados por todo o mundo (inclusive este ano expulsos da França).
- Com os Baianos (nordestinos) que há décadas são perseguidos e marginalizados por toda a região sul/sudeste brasileira (branca e elitizada).
Somos parte de uma religião que "diviniza" atividades e modos de viver também excluídos e execrados pela dominação européia, branca e católica:
- Com os Marinheiros e Boiadeiros, trabalhadores que em nome de seu trabalho, em nome da sua pátria ou de seu patrão viveram para seu trabalho, perambulando pelos portos ou pelos campos, sem direito de ter morada ou família.
- Com o Zé Pilintra, representante fiel das classes D e E – anárquica,e marginalizada, que se negou ao neo-escravagismo dos sub-empregos urbanos dos séculos 19 e 20 e optou pela sobrevivência diária do biscate, do bico e da malandragem. E que, em nome da liberdade e da boemia, também não teve morada ou família.
Somos parte de uma religião que inverte a ordem e a hierarquia estabelecida pela dominação européia, branca e católica, quando damos voz e razão às crianças por meio dos divinos Erês.
Somos parte de uma religião que "diviniza" os demônios temidos pela dominação européia, branca e católica e abre as portas dos infernos para mostrar qe mesmo nas trevas existe a luz, a lei, a justiça e o amor de Deus.
Ou seja, somos parte de uma religião que congrega em si diversas intolerâncias!
Por isso essa intolerância toda para com os Umbandistas,
- pois somos uma religião de pobres.
- pois somos uma religião de índios.
- pois somos uma religião de negros.
- pois somos uma religião de periféricos.
- pois somos uma religião de marginalizados.
E apenas recentemente (100 anos?) chegamos aos centros urbanos e aos olhos da mídia (também branca, elitista, católica e dominante).
Ainda somos pouco preparados para resistir aos ataques e intolerâncias.
Também temos poucos heróis que representem esta luta (talvez apenas Zumbi dos Palmares, Chico Rei, Lampião e João Cândido).
Mas graças a Deus, carregamos em nossa religião todas as ovelhas excluídas e marginalizadas em séculos de história.
E com elas, vamos resistindo…
Axé a todos!
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