TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO: "O ABC DO SERVIDOR UMBANDISTA" - AUTORIA:
PAI JURUÁ - NO PRELO.
Incorporação Mediúnica:
É a forma de mediunidade que se caracteriza pela transmissão falada
das mensagens dos Espíritos. É, em nossos dias, a faculdade mais
encontrada na prática mediúnica umbandista. Pode-se dizer que é uma
das mais úteis, pois, além de oferecer a oportunidade de diálogo com
os Espíritos comunicantes, ainda permite a doutrinação e consolação
dos Espíritos pouco esclarecidos sobre as verdades espirituais.
O papel do médium seja ele consciente ou não, é sempre passivo, visto
que servindo de intérprete neste intercâmbio, deve compreender o
pensamento do Espírito comunicante e transmiti-lo sem alteração, o que
é mais difícil quanto menos treinado estiver.
A incorporação é também denominada psicofonia, sendo esta denominação
preferida por alguns porque acham que incorporação poderia dar a idéia
do Espírito comunicante penetrando o corpo do médium, fato que sabemos
não ocorrer.
Martins Peralva, na sua obra "Estudando a Mediunidade”, que por sua
vez, baseou-se na obra "Nos Domínios da Mediunidade", ditada pelo
Espírito André Luiz ao médium Francisco Cândido Xavier, esclarece que:
"É através dela (a incorporação), que os desencarnados narram, quando
desejam (ou quando lhes é facultado), os seus aflitivos problemas,
recebendo dos doutrinadores, em nome da fraternidade cristã, a palavra
do esclarecimento e da consolação."
"Referindo-se aos benefícios recebidos pelo Espíritos nas sessões
mediúnicas, é oportuno lembrarmos o que afirmam mentores balizados
(balizar - v. tr. dir. Indicar por meio de balizas; abalizar;
distinguir; determinar a grandeza de.).
Léon Denis, por exemplo, acentua que, no Espaço, sem a benção da
incorporação, os seus fluidos, ainda grosseiros, "não lhe permitem
entrar em relação com Espíritos mais adiantados".
O Assistente Aulus, focalizando o assunto, esclarece que eles "trazem
ainda a mente em teor vibratório idêntico ao da existência na carne,
respirando na mesma faixa de impressões".
Emmanuel, com a palavra sempre acatada salienta a necessidade do
serviço de esclarecimento aos desencarnados, uma vez que se conservam,
"por algum tempo, incapazes de apreender as vibrações do plano
espiritual superior".
No Livro "Desafios da Mediunidade", o Espírito Camilo (mentor do
médium e conferencista José Raul Teixeira), examina o termo
"incorporação" – Questão n.º 28, trazendo um enfoque muito importante:
"É correto falar-se em "incorporação"?"
Resposta: "Não se trata bem da questão de certo ou errado. Trata-se de
uma utilização tradicional, uma vez que nenhum estudioso do
Espiritismo, hoje em dia, irá supor que um desencarnado possa
"penetrar" o corpo de um médium, como se poderia admitir num passado
não muito distante.
O fato de continuar-se a usar o termo incorporação, nos meios
umbandistas, também se deve a sua abrangência. Comumente (adj.
Vulgarmente; geralmente. (De comum.)), é proposto o termo psicofonia;
contudo, para muitos, a expressão estaria indicando somente fenômenos
da fala, como na psicografia temos o fenômeno da escrita, tão somente.
Ocorre que podemos encontrar médiuns psicógrafos cujo psiquismo os
desencarnados comandam plenamente. Aqui, então, tecnicamente, o termo
psicofonia, não se aplicaria, enquanto ficaria suficientemente
compreensível o termo incorporação.
Evocamos, então, o pensamento kardequiano, expresso em O Livro dos
Espíritos, dando elasticidade ao termo "alma", a fim de fazer o mesmo
no tocante ao termo incorporação. Como ele aparece com muita
freqüência ao longo dos estudos espíritas: "cumpre fixarmos bem o
sentido que lhe atribuímos, a fim de evitarmos qualquer engano." (O
Livro dos Espíritos, Introdução - II, final.)
Os médiuns de incorporação são classificados em conscientes, semi-
conscientes e inconscientes.
Médiuns Conscientes:
Corresponde a 90% dos médiuns de incorporação.
Pode-se dizer que um médium consciente é aquele que durante o
transcurso do fenômeno tem consciência plena do que está ocorrendo. O
Espírito comunicante entra em contato com as irradiações do corpo
astral do médium, e, emitindo também suas irradiações advindas do seu
corpo astral, forma a atmosfera fluídica capaz de permitir a
transmissão de seu pensamento ao médium, que, ao captá-lo, transmitirá
com as suas possibilidades, em termos de capacidade intelectual,
vocabulário, gestos, etc.
O médium age como se fosse um intérprete da idéia sugerida pelo
Espírito, exprimindo-a conforme sua capacidade própria de
entendimento.
Na fase de incorporação consciente, se o Guia Espiritual conseguir
passar para o médium 10% do que ele deseja, se dará por satisfeito; o
médium contribui com 90% do seu animismo. Esta forma de mediunidade
será tanto mais proveitosa quanto maior for à cultura do médium e suas
qualidades morais, a influência de espíritos bons e sábios, a
facilidade e a fidelidade na filtração das idéias transmitidas. Seu
desenvolvimento exige estudo constante, bom senso e análise contínua
por parte do médium.
No Cap. XIX do "Livro dos Médiuns", especificamente o item 225
descreve a dissertação dada espontaneamente por um Espírito superior,
sobre a questão do papel do médium, como segue:
"Qualquer que seja a natureza dos médiuns escreventes, quer mecânicos
ou semimecânicos, quer simplesmente intuitivos, não variam
essencialmente os nossos processos de comunicação com eles. De fato,
nós nos comunicamos com os Espíritos encarnados dos médiuns, da mesma
forma que com os Espíritos propriamente ditos, tão só pela irradiação
do nosso pensamento".
"Os nossos pensamentos não precisam da vestidura (s. f. Tudo o que se
pode vestir; vestimenta; traje; fato. (Do lat. vestitura.) da palavra,
para serem compreendidos pelos Espíritos e todos os Espíritos percebem
os pensamentos que lhes desejamos transmitir, sendo suficiente que
lhes dirijamos esses pensamentos e isto em razão de suas faculdades
intelectuais."
"Quer dizer que tal pensamento tais ou quais Espíritos o podem
compreender, em virtude do adiantamento deles, ao passo que, para tais
outros, por não despertarem nenhuma lembrança, nenhum conhecimento que
lhes dormitem no fundo do coração, ou do cérebro, esses mesmos
pensamentos não lhes são perceptíveis. Neste caso, o Espírito
encarnado, que nos serve de médium, é mais apto a exprimir o nosso
pensamento a outros encarnados, se bem não o compreenda, do que um
Espírito desencarnado, mas pouco adiantado, se fôssemos forçado a
servir-nos dele, porquanto o ser terreno põe seu corpo, como
instrumento, à nossa disposição, o que o Espírito errante não pode
fazer."
"Assim, quando encontramos em um médium o cérebro povoado de
conhecimentos adquiridos na sua vida atual e o seu Espírito rico de
conhecimentos latentes, obtidos em vidas anteriores, de natureza a nos
facilitarem as comunicações, dele de preferência nos servimos, porque
com ele o fenômeno da comunicação se nos toma muito mais fácil do que
com um médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos
anteriormente adquiridos. Vamos fazer-nos compreensíveis por meio de
algumas explicações claras e precisas."
"Com um médium, cuja inteligência atual, ou anterior, se ache
desenvolvida, o nosso pensamento se comunica instantaneamente de
Espírito a Espírito, por uma faculdade peculiar à essência mesma do
Espírito. Nesse caso, encontramos no cérebro do médium os elementos
próprios a dar ao nosso pensamento a vestidura da palavra que lhe
corresponda e isto quer o médium seja intuitivo, quer semimecânico, ou
inteiramente mecânico”.
Essa a razão por que, seja qual for à diversidade dos Espíritos que se
comunicam com um médium, os ditados que este obtém, embora procedendo
de Espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunho
que lhe é pessoal.
Com efeito, se bem o pensamento lhe seja de todo estranho, se bem o
assunto esteja fora do âmbito em que ele habitualmente se move, se bem
o que nós queremos dizer não provenha dele, nem por isso deixa o
médium de exercer influência, no tocante à forma, pelas qualidades e
propriedades inerentes à sua individualidade. É exatamente como quando
observais panoramas diversos, com lentes matizadas (matizar - v. tr.
dir. Variar, graduar (cores); dar cores vivas a; ornar; enfeitar; pr.
ostentar cores variadas.), verdes, brancas, ou azuis; embora os
panoramas, ou objetos observados, sejam inteiramente opostos e
independentes, em absoluto, uns dos outros, não deixam por isso de
afetar uma tonalidade que provém das cores das lentes."
"Ou, melhor: comparemos os médiuns a esses bocais cheios de líquidos
coloridos e transparentes, que se vêem nos mostruários dos
laboratórios farmacêuticos. Pois bem, nós somos como luzes que
clareiam certos panoramas morais, filosóficos e internos, através dos
médiuns, azuis, verdes, ou vermelhos, de tal sorte que os nossos raios
luminosos, obrigados a passar através de vidros mais ou menos bem
facetados (facetar - v. tr. dir. Fazer facetas em; lapidar; (fig.)
aprimorar.), mais ou menos transparentes, isto é, de médiuns mais ou
menos inteligentes, só chegam aos objetos que desejamos iluminar,
tomando a coloração, ou, melhor, a forma de dizer própria e particular
desses médiuns. Enfim, para terminar com uma última comparação: nós os
Espíritos somos quais compositores de música, que hão composto, ou
querem improvisar uma ária e que só têm à mão ou um piano, um violino,
uma flauta, um fagote ou uma gaita de dez centavos. É incontestável
que, com o piano, o violino, ou a flauta, executaremos a nossa
composição de modo muito compreensível para os ouvintes. Se bem sejam
muito diferentes uns dos outros os sons produzidos pelo piano, pelo
fagote ou pela clarineta, nem por isso ela deixará de ser idêntica em
qualquer desses instrumentos, abstração feita dos matizes do som. Mas,
se só tivermos à nossa disposição uma gaita de dez centavos, ai está
para nós a dificuldade."
"Efetivamente, quando somos obrigados a servir-nos de médiuns pouco
adiantados, muito mais longo e penoso se torna o nosso trabalho,
porque nos vemos forçados a lançar mão de formas incompletas, o que é
para nós uma complicação, pois somos constrangidos a decompor os
nossos pensamentos e a ditar palavra por palavra, letra por letra,
constituindo-se isso numa fadiga e num aborrecimento, assim como um
entrave real à presteza e ao desenvolvimento das nossas
manifestações."
"...” Quando queremos transmitir ditados espontâneos, atuamos sobre o
cérebro, sobre os arquivos do médium e preparamos os nossos materiais
com os elementos que ele nos fornece e isto à sua revelia (loc. adv.):
sem comparecimento ou conhecimento da parte revel. (De revel.). E como
se lhe tomássemos à bolsa as somas que ele aí possa ter e puséssemos
as moedas que as formam na ordem que mais conveniente nos parecesse."
“... Sem dúvida, podemos falar de matemáticas, servindo-nos de um
médium a quem estas sejam absolutamente estranhas; porém, quase
sempre, o Espírito desse médium possui, em estado latente,
conhecimento do assunto, isto é, conhecimento peculiar ao ser fluídico
e não ao ser encarnado, por ser o seu corpo atual um instrumento
rebelde, ou contrário, a esse conhecimento. O mesmo se dá com a
astronomia, com a poesia, com a medicina, com as diversas línguas,
assim como com todos os outros conhecimentos peculiares à espécie
humana."
"Finalmente, ainda temos como meio penoso de elaboração, para ser
usado com médiuns completamente estranhos ao assunto de que se trate o
da reunião das letras e das palavras, uma a uma, como em tipografia."
"Conforme acima dissemos, os Espíritos não precisam vestir seus
pensamentos; eles os percebem e transmitem, reciprocamente, pelo só
fato de os pensamentos existirem neles. Os seres corpóreos, ao
contrário, só podem perceber os pensamentos, quando revestidos.
Enquanto que a letra, a palavra, o substantivo, o verbo, a frase, em
suma, vos são necessários para perceberdes, mesmo mentalmente, as
idéias, nenhuma forma visível ou tangível é necessária a nós." Erasto
e Timóteo.
Complementa Kardec:
"NOTA. Esta análise do papel dos médiuns e dos processos pelos quais
os Espíritos se comunicam é tão clara quanto lógica. Dela decorre,
como princípio, que o Espírito haure, não as suas idéias, porém, os
materiais de que necessita para exprimi-las, no cérebro do médium e
que, quanto mais rico em materiais for esse cérebro, tanto mais fácil
será a comunicação.
Quando o Espírito se exprime num idioma familiar ao médium, encontra
neste, inteiramente formadas, as palavras necessárias ao revestimento
da idéia; se o faz numa língua estranha ao médium, não encontra neste
as palavras, mas apenas as letras. Por isso é que o Espírito se vê
obrigado a ditar, por assim dizer, letra a letra, tal qual como quem
quisesse fazer que escrevesse alemão uma pessoa que desse idioma não
conhecesse uma só palavra. Se o médium é analfabeto, nem mesmo as
letras fornece ao Espírito. Preciso se torna a este conduzir-lhe a
mão, como se faz a uma criança que começa a aprender. Ainda maior
dificuldade a vencer encontra aí, o Espírito. Estes fenômenos, pois,
são possíveis e há deles numerosos exemplos; compreende-se, no
entanto, que semelhante maneira de proceder pouco apropriada se mostra
para comunicações extensas e rápidas e que os Espíritos hão de
preferir os instrumentos de manejo mais fácil, ou, como eles dizem, os
médiuns bem aparelhados do ponto de vista deles.
Se os que reclamam esses fenômenos, como meio de se convencerem,
estudassem previamente a teoria, haviam de saber em que condições
excepcionais eles se produzem.
Médiuns Semi Conscientes:
Corresponde a 8% dos médiuns de incorporação.
É a forma de mediunidade psicofônica em que o médium sofre uma semi-
exteriorização do corpo astral, permitindo que esse fenômeno ocorra.
O médium sofre uma semi-exteriorizacão do corpo astral em presença do
Espírito comunicante, com o qual possui a devida afinidade; ou quando
houve o ajustamento vibratório para que a comunicação se realizasse.
Há irradiação e assimilação de fluidos emitidos pelo Espírito e pelo
médium; formando a chamada atmosfera fluídica; e então ocorre a
transmissão da mensagem do Espírito para o médium.
O médium vai tendo consciência do que o Espírito transmite à medida
que os pensamentos daquele vão passando pelo seu cérebro, todavia o
médium deverá identificar o padrão vibratório e a intencionalidade o
Espírito comunicante, tolhendo-lhe qualquer possibilidade de
procedimentos que firam as normas da boa disciplina mediúnica.
Ainda na forma semi-consciente, embora em menor grau que na
consciente, poderá haver interferência do médium na comunicação, como
repetição de frases e gestos que lhe são próprios, motivo porque
necessita aprimorar sempre a faculdade, observando bem as suas reações
no fenômeno, para prevenir que tais fatos sejam tomados como
"mistificação". Essa é a forma mais disseminada (disseminar - v. tr.
dir. Semear, espalhar por muitas partes; derramar; difundir, propagar.
(Do lat. disseminare.) de mediunidade de incorporação.
Geralmente, o médium, precedendo (preceder - v. tr. dir. anteceder;
estar colocado imediatamente antes de; chegar antes de. (Do lat.
praecedere.) a comunicação, sente uma frase a lhe repetir
insistentemente no cérebro; e, somente após emitir essa primeira frase
é que as outras surgirão. Terminada a transmissão da mensagem, muitas
vezes o médium só lembra, vagamente, do que foi tratado.
Médiuns Inconscientes:
Corresponde a 2% dos médiuns de incorporação.
Esta forma de mediunidade de incorporação caracteriza-se pela
inconsciência do médium quanto à mensagem que por seu intermédio é
transmitida. Isto se verifica por se dar uma exteriorização total do
corpo astral do médium.
O fenômeno se dá como nas formas anteriores, somente que numa gradação
mais intensa. Exteriorização do corpo astral, afinização com a
entidade que se comunicará, emissão e assimilação de fluidos, formação
da atmosfera necessária para que a mensagem se canalize por intermédio
dos órgãos do médium, são indispensáveis.
Embora inconsciente da mensagem, o médium é consciente do fenômeno que
está se verificando, permanecendo, muitas vezes, junto da entidade
comunicante, auxiliando-a na difícil empreitada, ou, quando tem plena
confiança no Espírito que se comunica, poderá afastar-se em outras
atividades.
O médium, mesmo na incorporação inconsciente, é o responsável pela boa
ordem do desempenho mediúnico, porque somente com a sua aquiescência
(s. f. Ato de aquiescer; anuência; assentimento, consentimento), ou
com sua conivência (s. f. Qualidade de conivente; cumplicidade
dissimulada; colaboração. (Do lat. conniventia.), poderá o Espírito
realizar algo.
Os Espíritos esclarecem que quando um Espírito se acha desprendido do
seu corpo, quer pelo sono físico, quer pelo transe espontâneo ou
provocado, e algo estiver iminente a lhe causar dano ao corpo, ele
imediatamente despertará. Assim também acontecerá com o médium cuja
faculdade se acha bem adestrada (adestrar - v. tr. dir. Tornar destro;
ensinar; exercitar; treinar; pr. tornar-se destro.), mesmo estando em
condições de passividade total; se o Espírito comunicante quiser lhe
causar algum dano ou realizar algo que venha contra seus princípios,
ele imediatamente tomará o controle do seu organismo, despertando.
Geralmente, o médium, ao recobrar sua consciência, nada ou bem pouco
recordará do ocorrido ou da mensagem transmitida. Fica uma sensação
vaga, comparável ao despertar de um sonho pouco nítido em que fica uma
vaga impressão, mas que a pessoa não saberá afirmar com certeza do que
se tratou.
Nos casos em que é deficiente ou viciosa a educação mediúnica, não há
a facilidade do intercâmbio, faltando liberdade e segurança; o médium
reage à exteriorização perispirítica, dificultando o desligamento e
quase sempre intervém na comunicação, truncando-a (truncar - v. tr.
dir. Separar do tronco; mutilar; omitir parte importante de. (Do lat.
truncare.).
Algumas vezes se tornam necessários, para o prosseguimento da educação
mediúnica, nos chamados exercícios de incorporação, que os Mentores
encarregados de tal desenvolvimento auxiliem o médium para que a
exteriorização se dê. Para evitar o perigo da obsessão, eles cuidarão
de exercitar o médium com os Espíritos comunicantes que não lhe
ofereça perigo. Todavia, ainda nesse caso, a responsabilidade pelo
desenvolvimento mediúnico está entregue ao médium, pois, se algo lhe
acontecer, ele poderá despertar automaticamente. O mesmo não acontece
no fenômeno obsessivo.
A mediunidade de psicofonia inconsciente é uma das mais raras no
gênero. Para que o médium se entregue plenamente confiante ao fenômeno
dessa ordem, é necessário que ele tenha confiança na sua faculdade,
nos Espíritos que o assistem e, principalmente, no ambiente espiritual
da reunião que freqüenta.
O Espírito Camilo no já citado livro "Desafios da Mediunidade",
analisa alguns aspectos importantes relacionados com o tema:
Questão 15: "É possível para o médium inconsciente, após o transe,
lembrar-se das sensações que teve durante a comunicação mediúnica?"
Resposta: "Tendo-se em conta que o médium, em estado de transe
inconsciente, não se acha desligado do seu corpo físico, mas somente
desprendido, podem remanescer em seus registros cerebrais certas
impressões, ou sensações, obtidas durante o transe, podendo mencioná-
las quando retorne a sua normalidade.
Durante o transe inconsciente, é comum acontecer que o médium fique
num estado de sono profundo, mas que lhe permite captar sons,
presenças variadas, luminosidade, ainda que não distinga esses sons,
não identifique essas presenças ou não perceba donde vem a claridade.
Essas sensações difusas podem fixar na memória atual e ser lembradas
após o transe. Contudo, isso varia de um para outro medianeiro, não
havendo uniformidade nessa questão."
Questão 14: "O fato de a mediunidade manifestar-se consciente ou
inconscientemente guarda relação com o adiantamento moral do médium?”.
Resposta: "De modo nenhum. A manifestação mediúnica, de aspecto
consciente ou inconsciente, nada tem a ver com o grau evolutivo do
médium, mas está relacionada com aspectos fisiológicos ou psico-
fisiológicos desse mesmo sensitivo.
Vale considerar que a consciência ou não durante o transe pode sofrer
intermitências, isto é, períodos de consciência alternando com
períodos de inconsciência, mormente (adv. Principalmente.) quando
esses estados são determinados por situações psicológicas ou psico-
fisiológicas.
Pode ocorrer que, de acordo com os tipos de Espíritos comunicantes ou
com o interesse dos Guias dos médiuns, apenas certas manifestações
sejam conscientes e outras não.
Depreendemos (depreender - v. tr. dir. e tr. dir. e ind. Perceber, vir
ao conhecimento de; inferir, deduzir. (Do lat. deprehendere.) daí que
pode haver flutuações na questão da consciência ou não do médium
durante as manifestações. Só não ocorrerão alternâncias no caso em que
essas características sejam determinadas pela estrutura fisiológica do
sensitivo que, então, não pode ser alterada. Assim, ele será
definitivamente consciente ou definitivamente inconsciente.
Por fim, é forçoso admitir que a chamada inconsciência mediúnica não
traz nenhuma superioridade para o fenômeno, não sendo garantia de
qualidade. O que dá ao fenômeno superioridade e garantia, num ou
noutro estado consciencial, é a qualidade moral do médium, seus
progressos como um todo, que fazem-no respeitado ante o Invisível, em
virtude da responsabilidade, da seriedade com que encara seus
compromissos."
Questão 16: "Qual a diferença entre médiuns sonambúlicos e
Inconscientes?"
Resposta: "Muito embora no seio do Movimento Espírita haja o costume
de chamar-se de sonambulismo àquele que sofre um transe inconsciente,
pelo fato de o médium "dormir" durante o processamento do fenômeno, é
necessário lembrar que o Codificador estabelece que médium sonambúlico
ou sonâmbulo é o indivíduo que, em seu estado de sonambulismo comum,
contata os desencarnados e transmite as mensagens que receba, podendo
vê-los e com eles confabular.
O estado de emancipação do sonâmbulo é o que facilita a comunicação (O
Livro dos Médiuns, cap. XIV, item 172).
No caso do médium inconsciente (Livro dos Médiuns, capítulo XVI, item
188), também chamado por Kardec de médium natural, encontramos aqueles
em que o fenômeno mediúnico apresenta um caráter de espontaneidade,
sem que a sua vontade consciente interfira, ou seja, nem sempre o
médium está desejando ou esperando que o fenômeno aconteça.
Aqui podemos ver a importância da boa formação intelecto-moral do
médium, pois esta é capaz de criar uma aura de proteção para ele, a
fim de que não se torne joguete de desencarnados irresponsáveis, ou
mesmo cruéis, que desejarão aproveitar-se da sua espontaneidade.
Vemos assim que, enquanto o médium inconsciente é controlado pelos
desencarnados que atuam por meio dele nos variados fenômenos, quer os
da psicografia, da psicofonia, da ectoplasmia e outros, o médium
sonambúlico encontra-se com os desencarnados; ao desprender-se do
corpo, com eles dialoga e nesse estado de emancipação relata o que vê
e o que ouve. Entretanto, também o sonambúlico, ao despertar, pode
guardar profunda ou parcial inconsciência do que com ele haja
transcorrido no Invisível."
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