A mediunidade é uma qualidade que o ser trás ao encarnar. Tendo essa, muitas formas de aflorar, e costuma processar-se em diferentes níveis consciências, e até níveis sub ou hiperconscientes.
... Alan Kardec pesquisou a fundo os mais diversos tipos de faculdades mediúnicas e ordenou as manifestações, que até então eram tidas como tabus ou como possessões malignas. Muitos que mantêm esse juízo até hoje, ainda que a maioria admita que os espíritos podem se comunicar conosco se dispuserem de veículos apropriados (médiuns desenvolvidos).
... Na Antigüidade as pessoas portadoras de mediunidade eram tidas na conta de fenômenos ou de pessoas especiais.
... Mas, o Cristianismo, que no começo cultivava as faculdades mediúnicas de inspiração e incorporação, quando as pessoas ficavam possuídas e falavam outras línguas ou transmitiam mensagens, codificava-as como manifestações do Espírito Santo de Deus, tal como antes o Judaísmo já havia feito para explicar os profetas. No entanto, a mediunidade é tão antiga quanto o próprio ser humano, e na Grécia antiga existiam templos dedicados aos deuses, onde médiuns femininos (as pitonisas) faziam a fama destes quando acertavam nos oráculos emitidos, como também provocavam sua ruína caso falhassem continuamente.
... Portanto, temos na mediunidade um recurso para nos comunicarmos com o outro lado da vida, e para recebermos mensagens que muito nos auxiliam. Os espíritos, sempre que podem, recorrem a médiuns para nos alertar e nos afastar de caminhos sombrios. Logo, temos na mediunidade um elo de comunicação com todo um plano da vida que é invisível à maioria e só uns poucos clarividentes podem vê-lo e descreve-lo.
... A mediunidade de inspiração e de incorporação é a mais comum, e suas práticas são tão antigas que a origem delas se perde no tempo. O culto aos Orixás é anterior ao Cristianismo, e o fundamento principal do culto de nação é a incorporação de seres naturais que nunca encarnaram.
... As antiqüíssimas tribos africanas tinham seus sacerdotes que realizavam rituais, onde com o auxílio de instrumentos de percussão (tambores, adjás, etc) induziam seus membros ao transe mediúnico, quando então eram possuídos pelos seus Orixás individuais.
... O mesmo há milênios faziam os índios americanos, cujos pajés se comunicavam com os espíritos de seus antepassados e os consultavam em caso de calamidades naturais ou guerras que iriam travar com seus inimigos. Logo, só com isso, cai por terra o mote mais usado pelos não-médiuns, que acusam os mesmos de pessoas possuídas pelos “demônios”.
... Daimon, em grego, significa unicamente espírito, e consultavam os daimons através das pitonisas, no entanto, só estavam consultando espíritos regidos pelas suas divindades, pois os oráculos eram emitidos dentro de seus templos. Portanto, nada tem a ver com a conotação pejorativa que a igreja Católica deu a esta palavra grega que significa espírito, e que nos dias de hoje é reforçada e distorcida pelos “evangélicos”, muitos dos quais são médiuns inconscientes, ou semiconscientes, pois manifestam espíritos que, entre outras coisas, falam outras línguas. Alan Kardec descreveu muito bem esta faculdade mediúnica, classificando-a como só mais um tipo de mediunidade comum a alguns médiuns.
... Muito antes do advento do Cristianismo a mediunidade era um fenômeno muito conhecido e uma faculdade espiritual, à qual recorriam muitas religiões durante seus rituais. Ainda que em muitas delas, as incorporações acontecessem somente durante seus rituais, onde as pessoas eram levadas a um estado de semiconsciência através da ingestão de certas bebidas alucinógenas ou entorpecentes, predispondo-as à entrega do corpo físico aos espíritos, que os tomavam e realizavam toda uma dança ritual, da qual participava toda a tribo.
... Bem próximo de nós temos o exemplo dos índios brasileiros, que têm suas festas religiosas, onde toda a tribo começa a preparar-se nos dias que a antecedem. São ocasiões onde entram em êxtase e se colocam em comunhão com os seus ancestrais. Mesmo não tendo eles um conhecimento da mediunidade, ficam possuídos quando realizam suas danças e rituais. E tanto isto é comum entre eles que os espíritos de índios foram alavancadores da Umbanda, já que incorporavam nos médiuns, mesmo estes não tendo conhecimento do que estava acontecendo, porque desconheciam esse fenômeno. Então, apavorados, corriam até os velhos benzedores negros ou até os nascentes centros espíritas.
... Hoje, poucos se dão ao trabalho de refletir sobre a forma ordenada como os espíritos se manifestam nos centros de Umbanda, Espiritismo, e até mesmo de Candomblé, onde até a possessão é toda ordenada e as incorporações acontecem de forma consciente e sempre comandada pelo babalorixá ou ialorixá dirigente, que ora ordena que os médiuns incorporem uma linhagem de Orixás, para a seguir chamar outra linhagem.
... No passado, tanto na África, quanto aqui no Brasil, quando iniciavam os “toques”, só uma divindade era chamada a se manifestar, e todo o culto girava em torno dela, a divindade da tribo.
... Se observarem bem, perceberão que aconteceu uma transição, durante a qual as antigas e incontroladas possessões espirituais foram sendo ordenadas e colocadas sob controle dos dirigentes dos trabalhos espirituais ou dos cultos de nação, pois hoje em dia os Orixás dos médiuns não só obedecem ao comando dos encarnados durante as manifestações, como só se manifestam dentro dos locais destinados ao culto a eles. E o mesmo vem acontecendo com os espíritos, que têm evitado as possessões desordenadas em médiuns ainda inconscientes, preferindo que eles participem de reuniões de estudo sobre fenômenos espirituais e desenvolvam de forma consciente a mediunidade que possuem.
... Ainda que tenha passado despercebido a todos, o fato é que, até as manifestações estão sendo aperfeiçoadas e adaptadas ao atual grau de evolução do plano material, racionalista e científico. O grau anterior era emotivo e religioso.
... Portanto, mediunidade, nos dias atuais, já faz parte do dia-a-dia das pessoas e não é mais o tabu de alguns séculos atrás, quando médiuns eram torturados, presos ou queimados nas fogueiras da Inquisição, que os julgava bruxos, feiticeiros ou seres possuídos pelo “demônio”.
... Hoje, mediunidade é só uma forma de acelerar a evolução espiritual, tanto dos médiuns quanto dos espíritos.
Mediunidade
Por Isabel Sanches
... A bondade do Pai Todo Poderoso permite a constante revelação através da mediunidade, ou seja, indivíduos capazes de colocarem em contato mais direto os dois planos de vida, seja através da incorporação, intuição, vidência, de cura, psicofônicos “através da fala”, psicógrafos “através da escrita”.
... As principais finalidades da comunicabilidade entre os dois mundos “espiritual e material” são as necessidades de esclarecimento, instrução e orientação aos homens, veicular informações importantes relacionadas ao nosso progresso intelecto-moral, base fundamental da evolução e crescimento dos seres.
... Apesar de tudo isso, muitos médiuns não aceitam vivenciar a proposta espiritual que vieram cumprir. Sabemos que a não aceitação é devido aos condicionamentos e à falta de conhecimento dos seus próprios atributos e compromissos assumidos no plano astral.
... A sabedoria está em admitir e tratar a mediunidade naturalmente. Os médiuns conscientes, estão constantemente resistentes aos novos fenômenos que lhes acontecem, pois a sua consciência continua ativa. Esse fenômeno causa ao novato dúvidas quanto a veracidade das comunicações, traduzindo-as lentamente, e (mesmo) não sendo estas de seu conhecimento ou aprendizado, assim mesmo duvidam das tais. É imperioso que o médium ao transmitir uma comunicação esteja atento para não interferir no contexto, ou até mesmo distorcer a mensagem, transmitindo-a de maneira incorreta ao que lhe está sendo passado.
... No entanto, a mediunidade deve ser encarada e estudada seriamente, não devendo confundir experiência – que deverá ser, além do estudo contínuo, também de muita prática – e não simplesmente ser considerada como uma aptidão, deixando-a como um produto da organização física.
... É normal e até comum o guia transmitir a mensagem e o médium verbaliza-la com suas próprias palavras, desde que não haja influência no contexto das mesmas. Com o desenvolvimento e aprimoramento das incorporações o novato passa a sentir-se mais seguro, e com o tempo e o trabalho direto com os guias, a transmissão das comunicações é feita com maior facilidade e presteza, sem a hesitação do seu início, esse resultado só poderá ocorrer com a persistência continua e regular. O médium experiente passa a ter consciência e condições de perceber e distinguir o Espírito comunicante.
... O estudo e o desenvolvimento da moral do médium sempre se faz necessário, pois para que as comunicações possam interagir-se, o espírito comunicante “guia” necessita de um bom interprete, e o médium sendo um intermediário preparado, passa a ser um instrumento apto, mantendo-se passivo para não interferir e misturar suas próprias idéias no contexto das comunicações, no entanto, nunca permanece inteiramente nulo.
... Já os médiuns que são inconscientes, não interferem nas comunicações, pois estando eles totalmente passivos e inertes, o “guia” transmite os seus pensamentos e comunicações sem nenhuma resistência física, assim produzem espontaneamente os fenômenos, sem intervenção da (própria) vontade do médium. No entanto, esses (médiuns) já o são raríssimos, pelo fato de não ser mais tão necessário à possessão como outrora, já não tendo necessidade de tal tipo de incorporação.
... Entretanto, se faz mister tantos para os médiuns conscientes ou inconscientes, que procurem aprender e manter discernimento na sua conduta moral e de suas relações sociais em sua vida pessoal, para não cair nas garras de espíritos maliciosos e ou enganadores.
... A pratica mediúnica supera pouco a pouco a nossa insegurança inicial, os nossos desajustes, reequilibrando-nos em nossa personalidade, por ser ela a nossa bússola, devemos desenvolve-la sem complicação, mantendo a nossa mente livre e confiante “livre do medo e das inseguranças infundadas, da pretensão vaidosa, dos interesses mesquinhos, e confiantes nas leis da vida e na integridade do ser” tornando assim a nossa mente aberta e flexível.
... Os médiuns de boa vontade devem trabalhar para eliminar os seus defeitos. E é através do trabalho constante com seus guias, os quais através da incorporação, transmitem seus fluídos benéficos de entusiasmo e perseverança para seus filhos amados. Mostram com humildade a grandeza e o amor para com todos, consolando os aflitos, ensinando com grandeza e presteza os embates de suas vidas. Ensinam que as tempestades que assolam a humanidade são deslizes do próprio ser humano pela sua ganância e egocentrismo, mostrando-nos que dos tempos difíceis a alma regenera, pois a dor é um grande remédio para os desviados buscar a ligação com Deus.
“Que possamos caminhar na luz e nos domínios do Criador!”
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