RELIGIÃO UMBANDA

Na Umbanda não há preconceitos nem orgulho. Aprendemos com quem mais sabe e ensinamos aqueles que sabem menos.

“A maior de todas as ignorâncias é rejeitar uma coisa sobre a qual você nada sabe." (H. Jackson Brownk)


Nenhum mistério resiste à fragilidade da luz.Conhecer a Umbanda é conhecer a simplicidade do Universo.

A Umbanda crê num Ser Supremo, o Deus único criador de todas as religiões monoteístas. Os Sete Orixas são emanações da Divindade, como todos os seres criados.

O propósito maior dos seres criados é a Evolução, o progresso rumo à Luz Divina. Isso se dá por meio das vidas sucessivas, a Lei da Reencarnação, o caminho do aperfeiçoamento.

Existe uma Lei de Justiça Universal que determina, a cada um, colher o fruto de suas ações, e que é conhecida como Lei de Ação e Reação.

A Umbanda se rege pela Lei da Fraternidade Universal: todos os seres são irmãos por terem a mesma origem, e a cada um devemos fazer o que gostaríamos que a nós fosse feito.

A Umbanda possui uma identidade própria e não se confunde com outras religiões ou cultos, embora a todos respeite fraternalmente, partilhando alguns princípios com muitos deles

A Umbanda está a serviço da Lei Divina, e só visa ao Bem. Qualquer ação que não respeite o livre-arbítrio das criaturas, que implique em malefício ou prejuízo de alguém, ou se utilize de magia negativa, não é Umbanda.

A Umbanda não realiza, em qualquer hipótese, o sacrifício ritualístico de animais, nem utiliza quaisquer elementos destes em ritos, oferendas ou trabalhos.

A Umbanda não preceitua a colocação de despachos ou oferendas em esquinas urbanas, e sua reverência às Forcas da Natureza implica em preservação e respeito a todos os ambientes naturais da Terra.

Todo o serviço da Umbanda é de caridade, jamais cobrando ou aceitando retribuição de qualquer espécie por atendimento, consultas ou trabalhos mediúnicos. Quem cobra por serviço espiritual não é umbandista.

"Tudo melhora por fora para quem cresce por dentro."

O que a Umbanda tem a oferecer?


Hoje em dia, quando falamos em religião, os questionamentos são diversos. A principal questão levantada refere-se à função da mesma nesse início de milênio.
Tentaremos nesse texto, de forma panorâmica, levantar e propor algumas reflexões a esse respeito, tendo como foco do nosso estudo a Umbanda.

O que a religião e, mais especificamente, a religião de Umbanda, pode oferecer a uma sociedade pós-moderna como a nossa? Como ela pode contribuir junto ao ser
humano em sua busca por paz interior, desenvolvimento pessoal e auto-realização?
Quais são suas contribuições ou posições nos aspectos sociais, em relação aos
grandes problemas, paradoxos e dúvidas, que surgem na humanidade contemporânea?
Existe uma ponte entre Umbanda e ciência (?) _ algo indispensável e extremamente útil, nos dias de hoje, a estruturação de uma espiritualidade sadia.

O principal ponto de atuação de uma religião está nos aspectos subjetivos do “eu”. Antigamente, a religião estava diretamente ligada à lei, aos controles morais e definição de padrões étnicos de uma sociedade _ vide os dez mandamentos
e seu caráter legislativo, por exemplo. Hoje, mais que um padrão de comportamento, a religião deve procurar proporcionar “ferramentas reflexivas” ou
“direções” para as questões existenciais que afligem o ser humano. Em relação a isso, acreditamos ser riquíssimo o potencial de contribuição do universo umbandista, mas, para tanto, necessitamos que muitas questões, aspectos e
interfaces entre espiritualidade umbandista e outras religiões e ciência sejam desenvolvidos, contribuindo de forma efetiva para que a religião concretize um pensamento profundo e integral em relação ao ser humano, assumindo de vez uma
postura atual e vanguardista dentro do pensamento religioso. Entre essas questões, podemos citar:

_ Um estudo aprofundado dos rituais umbandistas, não apenas em seus aspectos “magísticos”, mas também em seus sentidos culturais, psíquicos e sociais. Como uma gira de Umbanda, através de seus ritos, cantos e danças, envolve-se com o
inconsciente das pessoas? Como podem colaborar para trabalhar aspectos “primitivos” tão reprimidos em uma sociedade pós-moderna como a nossa? Como os
ritos ganham um significado coletivo, e quais são esses significados? Grandes contribuições a sociologia e a antropologia podem dar à Umbanda.

_ Uma ponte entre as ciências da mente – como a psicanálise, psicologia – e a mediunidade, utilizando-se da última também como uma forma de explorar e conhecer o inconsciente humano. Mais do que isso, os aspectos psicoterápicos de
uma gira de Umbanda e suas manifestações tão míticas-arquetípicas. Ou será que nunca perceberemos como uma gira de “erê”, por exemplo, além do trabalho espiritual realizado, muitas vezes funciona como uma sessão de psicoterapia em
grupo?

_ A mediunidade como prática de autoconhecimento e porta para momentâneos estados alterados de consciência que contribuem para o vislumbre e o alcance permanente de estágios de consciência superiores. Além disso, por que não a
prática meditativa dentro da Umbanda (?) _ prática essa tão difundida pelas religiões orientais e que pesquisas recentes dentro da neurociência demonstram de forma inequívoca seus benefícios em relação à saúde física, emocional e
mental.

_ Uma proposta bem fundamentada de integração de corpo-mente-espírito.
Contribuição muito importante tanto em relação ao bem estar do indivíduo, como também dentro da medicina, visto que a OMS (Organização Mundial da Saúde) hoje admite que as doenças tenham como causas uma série de fatores dentro de um paradigma bio-psíquico-social caminhando para uma visão ainda mais holística, uma visão bio-psíquico-sócio-espiritual.

_ O estudo comparativo entre religiões, com uma proposta de tolerância e respeito as mais diversas tradições. Por seu caráter sincrético, heterodoxo e anti-fundamentalista, a Umbanda tem um exemplo prático de paz as inúmeras
questões de conflitos étnico-religiosos que existem ao redor do mundo.

_ A liberdade de pensamento e de vida que a Umbanda dá as pessoas também deveria ser mais difundido, visto que isso se adapta muito bem ao modelo de espiritualidade que surge como tendência nesse começo de século XXI. Parece-nos
que a Umbanda há muito tempo deixou de lado a velha ortodoxia religiosa de “um
único pastor e único rebanho”, para uma visão heterodoxa de se pensar espiritualidade, onde ela assume diversas formas de acordo com o estágio de desenvolvimento consciencial de cada pessoa, o que vem de encontro – por exemplo
– com as idéias universalistas de Swami Vivekananda e seu discurso de “uma Verdade/Religião própria para cada pessoa na Terra”. E a Umbanda, assim como
muitas outras religiões, pode sim desenvolver essa multiplicidade na unidade.

_ O resgate do sagrado na natureza e o respeito ao planeta como um grande organismo vivo. Na antiga tradição yorubana tínhamos um Orixá chamado Onilé, que representava a Terra planeta, a mãe Terra. Mesmo que seu culto não tenha se
preservado, tanto nos candomblés atuais como na Umbanda, através de seus outros “irmãos” Orixás, o culto a natureza é preservado e, em uma época crítica em
termos ecológicos, a visão sagrada do planeta, dos mares, dos rios, das matas, dos animais, etc - ganha uma importância ideológica muito grande e dota a espiritualidade umbandista de uma consciência ecológica necessária.

_ O desenvolvimento de uma mística dentro da Umbanda, onde elementos pré-pessoais como os mitos e o pensamento mágico-animista, possam ser trabalhados dentro da racionalidade, levando até mesmo ao desenvolvimento de
aspectos transpessoais, transracionais e trans-éticos dentro da religião. A identificação do médium em transe com o Todo através do Orixá, a trans-ética que deve reger os trabalhos magísticos de Umbanda, os insights e a lucidez
verdadeira que levam a mente para picos além da razão e do alcance da linguagem, o fim da ilusão dualista para uma real compreensão monista através da iluminação, são exemplos de aspectos transpessoais que podem ser (e faltam ser)
desenvolvidos dentro da religião.

_ Os aspectos culturais, afinal Orixá é cultura, as entidades de Umbanda são cultura o sincretismo umbandista é cultura. Umbanda é cultura e é triste perceber o descaso, seja de pessoas não adeptas, como de umbandistas, que
simplesmente não compreendem a importância cultural da Umbanda e da herança afro-indígena na construção de uma identidade nacional. A arte em suas mais
variadas expressões tem na Umbanda um rico universo de inspiração. Cabe a ela apoiar e desenvolver mais aspectos de sua arte sacra.

Essas são, ao nosso entendimento, algumas das “questões-desafios” que a Umbanda tem pela frente, principalmente por ser uma religião nova, estabelecendo-se em um mundo extremamente multifacetado como o nosso. Muito mais
poderia e com certeza deve ser discutido e desenvolvido dentro dela.

Apenas por essa introdução já se pode perceber a complexidade da questão e como é impossível ter uma resposta definitiva a respeito de tudo isso. Muitos
podem achar que o que aqui foi dito esteja muito distante da realidade dos terreiros. Mas acreditamos que a discussão é pertinente, principalmente devido ao centenário, onde muito mais que festas, deveríamos aproveitar esse momento
para uma maior aproximação de ideais e pessoas, além de uma sólida estruturação do pensamento umbandista. Esperamos em outros textos abordar de forma mais profunda e propor algumas idéias a respeito das questões e relações aqui
levantas. Esperamos também que outros umbandistas desenvolvam esses ou outros aspectos que acharem relevantes e caminhemos juntos em busca de uma espiritualidade sadia, integral e lúcida.

"Fernando Sepe''


SORRIA....VOCÊ ESTÁ SENDO IDENTIFICADO!!!!

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Que a força do Amor esteja sempre com você...



Não Acredite em Algo

Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o.


domingo, 23 de setembro de 2012

A UMBANDA DE TODOS NÓS

Compartilho com vocês uma linda mensagem da Ana Araujo

Você já parou para pensar o porquê de estar na Umbanda e não no evangelismo, catolicismo, espiritismo, budismo?
Para entender melhor isso, dentro do que nossa casa ensina, você precisa ir buscar um entender nas próprias identidades das entidades de Umbanda; Caboclos, negros Africanos, Crianças, Sertanejos, Ciganos, espíritos como Exus que trazem muito da magia ocidental européia, etc.
Existe um porque de cada entidade se identificar de uma forma, dentro de uma generalidade sempre sócio-cultural e/ou racial. E as respostas não estão em roupagem fluídica e disfarces espirituais de vestes X que o espírito usa quando quer, trocando conforme deseja para passar “mensagens” morais e filosóficas com elas. Mas por que?
Muitos espíritas alegam que seja pelo fato da entidade/espírito ser atrasado e preso ainda as vestes de sua encarnação passada. Mas pergunto: por um acaso, um espírito que se manifesta numa sessão espírita para aconselhamento dos adeptos e diz ser Padre João Antunes, também não está usando uma identidade encarnatória? Ou este espírito nunca teve outras existências e somente foi um padre, um homem chamado João Antunes? Claro que não. Ele pode ter sido um médico alemão, um soldado da primeira guerra mundial, um sapateiro judeu, um comerciante árabe, um aborígene australiano, etc. Mas porque se manifesta como João Antunes? Porque possivelmente está foi sua última encarnação ou possível a mais adequada a usar para cumprir seu trabalho junto ao nosso plano carnal. Poderíamos dizer que ele é atrasado porque é apegado a tal encarnação? Não.
Da mesma forma se processa com as entidades sejam de Umbanda, Jurema, encantaria, etc. Porém há grandes e viscerais diferenças que aí sim, separa uma doutrina de outra, fazendo com que sejam de naturezas completamente distintas; a questão da manifestação de grupos de espíritos sob um nome coletivo e uma relação ancestral com cada adepto e fluxo energético invocado e manipulado nessas religiões, pois todas elas, tem duplo caráter: natural (dos elementos da natureza) e espiritual (dos espíritos, incluindo os dos próprios adeptos).
Ao contrário do que muitos podem pensar, as entidades que se manifestam como caboclos, pretos velhos, boiadeiros, ciganos, etc. não são ignorantes e sabem perfeitamente de sua condição, de seu caráter espiritual e se reconhecem como espíritos possuídos de “muitas outras existências”. Já passaram do período de “perturbação pós- morten” e apresentam-se assim, por sua vontade de estar sob uma identidade de uma encarnação que, onde está ligada a seus descendentes familiares comuns aqui encarnados e estão ao seu auxílio e orientação.
Dentro desse panorama podemos entender que a Umbanda é um culto aos antepassados de múltiplas naturezas: a individual; onde a relação é entre adepto e suas entidades que se manifestam através de sua mediunidade, estabelecendo grupos familiares distintos, dentre outros adeptos e suas entidades também. Cada um pode trazer referências antepassadas diferentes e daí talvez possamos vislumbrar porque muitos Pretos velhos trazem em seus nomes, referências a locais africanos como: Congo, Guiné, Cambida, Mina, etc.
Mas assim como temos um caráter individual, temos também um caráter coletivo – espíritos ancestrais que trazem a sabedoria e ciência natural medicinal para a natureza do corpo que reveste nosso espírito. Como também uma reverência ao “espírito alma” de toda consciência antepassada que através da interatividade entre vários povos e inteligências, foram construindo o que hoje é o nosso lar, nosso mundo e toda a tecnologia, ferramentas e condições de melhoria de vida do homem na terra, contribuindo enormemente com o progresso de toda a humanidade. E nós, como almas velhas e também antepassadas de nossa terra, não estamos alheios a tudo isso. Fazemos parte dessa construção e quando cantamos, louvamos e referenciamos aos antepassados africanos, aos índios, mestiços, estamos também relembrando o que fomos, o que também somos nós, em outros estados de consciências e sabedoria secular. A Umbanda por si só, tem todo um caráter de culto e louvor, de integração com a natureza do meio ambiente, da natureza de nosso ser, em ressonância com nossa família ancestral.
O dia a dia de um Terreiro de Umbanda é FAMILIAR.

Todo o cotidiano de uma casa de Umbanda, assim como de Candomblé, é de cunho irretocavelmente FAMILIAR. A casa é mantida por todos e tudo é partilhado, dividido. Cada um sabe o seu papel e função dentro do grupo. Há sempre um “pai” ou mãe” daquela família que cuida dos filhos, sabe observar o que cada um tem de melhor e valorizar isso. Assim como sabe de suas limitações e tenta conduzi-lo para a superação e aprimoramento, respeitando os limites da natureza íntima de cada um. O objetivo primordial de uma família Umbandista, é estabelecer muito bem claro que ali há uma FAMÍLIA , em toda a concepção que essa palavra representa. E essa família tem duas naturezas; carnal e espiritual. A espiritual ajuda a unir os parentes encarnados e os guiam para o melhor ao nosso próprio caminhar encarnatório, para o grupo e para a humanidade, quando o grupo familiar está preparado para isso.
E o atendimento prestado aos necessitados que batem a porta da Umbanda tem grande valor. Primeiro que é o grande aprendizado para o médium, e todos os adeptos da casa. E segundo; não vamos esquecer que semelhante atrai semelhante. Podemos cruzar pelos terreiros, e suas giras de atendimentos por muitos irmãos de outrora, que atraímos para nós ou fomos atraídos, para ajudar a seguir adiante, pois como velhos conhecidos, sabemos mesmo que no inconsciente de suas necessidades.
Muitas pessoas vagam como almas moribundas e desorientadas, aqui e ali. Buscam soluções milagrosas aos seus problemas do dia a dia, querem ser ouvidas, compreendidas, afagadas. E muitos outros querem fazer da Umbanda e dos espíritos que ali trabalham como prestadores de serviços. E as causas são 90 por cento das mais egoístas e materialistas. Essas pessoas não despertaram para a importância espiritual e estão iludidas com o senso comum de séculos de preconceito contra as religiões de matrizes afro-brasileira, as tratando quem sabe, como os velhos senhorios que usavam as negras escravas para satisfazer suas vontades apenas e as deixavam como um objetivo de uso e descartável. Quando precisarem de novo, saberão onde buscar. Assim se comportam muitos e muitos que batem a porta dos terreiros. E lhes pergunto: você acha coerente: anos de dedicação, amor, abnegação ou limitações de várias coisas para se dedicar de corpo e alma a uma religião cujo único objetivo é curar a dor de barriga e vontades mesquinhas, vaidosas ou egoístas do maior percentual das pessoas que procuram os terreiros? Será que é pra isso que as entidades “baixam”? Para falar sobre futilidades; se fulano passará na prova, se cicrano está no curso certo, se deve casar, se o marido está traindo, se o bebê é menina, se o namorado voltará, como prender o amado, e pasmem; nesse tempo de mediunidade, até pedido para ajudar a ganhar na mega sena já presenciei. Nós estamos no terreiro para isso? Nossas entidades estariam? Elas atendem as pessoas conforme suas necessidades e não conforme elas querem. Por muitas vezes, tais diálogos do cotidiano servem como “pano de fundo” e através dele, vem tantas palavras e ensinamentos subliminares, mas que muitos ainda não tem capacidade de absorver, tão envolvido no imediatismo de sua própria vida materialista. Mas será que toda a dinâmica de interação entre médium, entidade, terreiro é algo muito mais profundo que isso, e a relação que para muitos é o objetivo primordial da Umbanda, que é a relação entidade-visitante é, na verdade, uma conseqüência de um processo muito mais íntimo entre adeptos e os mentores espirituais?
Entendam: muitos passarão pela Casa da Vovó Catarina, pela casa do Caboclo Sucuri, pelos Terreiros de Umbanda a fora, e muitos pegarão ou não algum ensinamento se tiver abertura para isso. E não irão voltar mais. Por que? Por duas pequenas razões: ali não é sua família espiritual, ou se é, ele ainda não está preparado para ver, enxergar e abraçar seus velhos irmãos, pais, avós, tios. Muitas e muitas voltas a vida pode dar, para anos ou décadas mais tarde, se estar quem sabe, pronto para estar no meio de sua família novamente. Ou então, sua família não está na nossa raiz, mas no budismo, no taoísmo, no catolicismo, evangelismo. Todas as religiões são raízes que nos conduzem aos troncos de registros mentais, que umas, mais que outras, estão em comunhão com o nosso atual estado mental-espiritual. E por isso, todas são maravilhosas. E quando você encontra sua família, como a sua vida se enche de alegria, de paz e contentamento. Eu encontrei a minha e isso preencheu e modificou minha vida e meu ser de forma sublime, e sei que ainda o modificará, pois muitas maravilhas ainda será despertada no seio de meus familiares ancestrais. Aqui é minha casa, é onde está minha alma, minha paz, minha alegria, minha força e entusiasmo de vida. E quando você encontrar sua casa, sua família, seus irmãos, pais, mães, avós, terá orgulho de dizer o que é, a qual família pertence, e o nome que ela tem. Da mesma forma que temos orgulho de dizer que somos filhos carnais de “João da Silva”, de “Maria de Sousa”, sentiremos orgulho também e não esconderemos que nossa família se chama Umbanda, que sua casa é X, que aquele Beltrano é seu Pai espiritual, que aquela é sua Irmã de fé. Mas enquanto não assumirmos verdadeiramente para nós primeiramente e para outros, o que somos espiritualmente falando, dentro de nós ainda está faltando a certeza de que ali está o seu amor, a sua alma, e que seu ser está entre parentes, entre irmãos, unidos pelo amor comum, pelo tronco familiar comum para trilharmos juntos essa grande aventura e fantástica viagem chamada VIDA. Este núcleo nos ajuda a nos compreendermos melhor, a entender o meio e nossa relação com ele. Ajuda-nos a harmonizar, a nos equilibrar e nos acolhe a alma para partilharmos momentos de vitórias, alegrias, e nos animar nos momentos de dificuldades e obstáculos. E ao contrário do que a maioria de fora (e diga-se de passagem, muitos de dentro também infelizmente) entende e quer fazer de nossa crença, um balcão de milagres e trabalhos de magia. Procuram a Umbanda para consultar as entidades e dirigentes espirituais para fazerem trabalhinhos para isso e aquilo, para o amor, para conseguir uma vaga acima da sua, para arrumar emprego, para passar numa prova, para tirar alguém de suas vidas, um rival, etc. Mas não esqueçam que a Umbanda é uma religião tal qual as outras; existem para nos conduzir ao equilíbrio e harmonia interior, a encontrar o sagrado divino dentro de nós e no plano invisível. Mas infelizmente muitos entendem que cuidar do espírito e “buscar a Deus” é na Igreja e na Umbanda você vai quando tiver precisando de um trabalhinho ou saber de alguma coisa. Na maioria das vezes, de caráter fútil e corriqueiro. E enquanto nós Umbandistas alimentarmos esse tipo de comportamento e não esclarecermos ou procurar promover uma “reeducação”, esse panorama não irá mudar. Mas irmãos, não nos esqueçamos que, a reeducação precisa começar de dentro para fora. Não adianta nada lutarmos em prol de movimentos contra intolerância, aceitação, se nós que somos “o movimento de umbanda”, continuarmos com visões, comportamentos e idéias distorcidas sobre nossas práticas e filosofia espiritual.
Não esqueçam que um Terreiro de Umbanda é um núcleo de irmãos, familiar nunca. E não um local onde você vai periodicamente “se tratar” porque assim “o orixá, o Exu X pediu e orientou. Não é local para simplesmente ir para tratar sua mediunidade porque não tem outro jeito e estão cobrando isso de você. Uma das bases filosóficas de nossa casa e de visceral importancia para nossa guia chefe, é justamente dar a liberdade de escolha para aqueles que ingressarem como adeptos de nossa casa, o faça por amor e afinidade com a religião e filosofia que nossa casa comunga. E não por obrigação e cobranças espirituais, seja de que ordem for. E a relação é superficial, até porque o indivíduo vai a contra gosto, porque se sente pressionado e acuado para ir, pois caso contrario entende que sua vida “irá dar pra trás e as doenças irão se instalar”. E aquela pessoa não se integrará como membro de uma familia e sim, como visitante.
Mas deixemos esse assunto pra ser tratado com maior esmero em outra oportunidade. Voltando ao assunto: família, deixe-me perguntar:
E você? Já encontrou sua família e a assumiu pra si e para os que lhe são queridos? Pense, reflita, ouço o seu coração e ele te dirá. Por isso é tão importante não ter vergonha de ser o que é, o que pratica, pois se as pessoas ao seu redor lhe amam, mas amam de verdade, irão respeitá-lo pelas suas escolhas do que lhe faz feliz, do que lhe dá alegria e paz. Mas se esse reconhecimento não chegou e você ainda tem medo, vergonha, e não sabe exatamente o que dizer quando lhe perguntam sua religião, crença, algo dentro de você precisa ser Reconheça a sua família espiritual, se entregue a ela, e sinta a retribuição em amor e semelhança. E o resto acontecerá naturalmente, quando esse sentimento que você tem ai, quando essa memória que você tem adormecida despertar, você verá como é bom dizer: sou Umbandista por amor e para o amor dos meus antepassados, dos meus semelhantes, e de mim como ser antigo vivente no mundo. E quando este dia chegar, não importa se você é médium incorporativo, ou é se assistente de terreiro. Você de fato e sem reservas entendeu o significado da Umbanda em sua vida, em muitas vidas, em nossa terra. Porque ela, assim como muitas outras religiões e cultos, somente existe por uma coisa chamada tronco e memória ancestral que está em mim, em você e no espírito que baixa num terreiro dizendo se chamar Tupinambá. Até porque, se o povo africano não tivesse vindo para o Brasil, os nativos da terra, não fossem os índios, e nossos colonizadores não fossem portugueses, seríamos um povo de cara diferente, costumes e crenças diferentes. E pense se existiria a Umbanda como ela se manifesta hoje em nosso país. Porque a religião está interligada a formação de determinado povo, e por isso mesmo, é parte do estudo dos povos nas faculdades de ciências humanas. Não pensem que as religiões são puramente “transcendentais”, desvinculadas de nossas crenças e formação cultural como gente, cidadãos de determinada região. O meio influencia o todo e as religiões são expressão também dessa formação humana que começou a ser montada a muitos e muitos séculos atrás e por isso mesmo, tem seu caráter ancestral. Eu tenho orgulho de dizer: “sou afro-ameríndia, sou parte de todos os elementos, parte do criador, parte de ti, e você é parte de mim! Axé, Adupé, Saravá, Namastê, Shalon, Amém.
Ana Araújo

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