quinta-feira, 18 de agosto de 2011

UMA LINDA LENDA DE OXUMARÊ



                                                           A LENDA DE OXUMARÉ

Numa terra longínqua, muito além das águas salgadas, existe um reino encantado chamado África, onde o homem vive em total harmonia com a natureza. Alguns desses homens são considerados deuses e fazem parte do culto yorubá. Esses deuses são também chamados de orixás e cada um possui símbolos ligados à natureza. Neste artigo, falaremos sobre o orixá Oxumaré (Ossumaré), dono de Iká, rei da nação Jeje, príncipe das cores, o primeiro babalaô de toda a Terra, a serpente que segura o mundo. Seus símbolos são as serpentes (Dã) e o arco-íris (iká). Seu metal é a prata e o ouro. Seus dias de culto são as terças-feiras. Suas cores são o amarelo e o preto ou verde e preto.
Oxumaré viveu no antigo Dahomé (que depois passou a se chamar Mahi), e era filho do rei da Estola das Cores Brilhantes e de Nanã (Senhora do Barro). Era forte, muito ágil e possuidor de grande sabedoria, porém, não tinha grandes bens materiais. Por isso foi trabalhar para o rei de Oyó, chamado Xangô (Sangô). As funções de Oxumaré em Oyó eram recolher as chuvas que caíam na Terra e retorná-las para as nuvens, e dirigir as forças que produzem o movimento. Esse trabalho ficava mais fácil quando ele se transformava em serpente. Ele envolvia a Terra para que não se separasse, pois seria uma grande catástrofe caso isso acontecesse. Quando Oxumaré assumia a forma de serpente, ninguém sabia dizer se era uma serpente macho ou fêmea, o que lhe dava segurança para disfarçar e fugir de alguns inimigos que entravam em seu caminho. Oxumaré usava periodicamente a versão macho da serpente, quando era chamado de Becém; outras vezes, quando assumia as características femininas, era chamado de Freqüém. Esses nomes, no entanto, variam de acordo com a nação em que o orixá esteja sendo cultuado, a exemplo de Keto, que é Oxumaré e Ewá Oxumaré proporcionava riqueza e prosperidade às pessoas, mas nunca recebia nada das mesmas. Os seus feitos correram mundo e, um dia, chegaram aos ouvidos do rei Olofim, da aldeia Ifé, que logo se interessou em conhecê-lo.
Olofim, ao ver o poder de Oxumaré, passou a explorar também seus serviços, consultando-o três vezes por semana. Oxumaré sabia decifrar os sonhos com precisão e clareza e tinha também o dom da visão, o que lhe permitia prever o futuro. A fama de Oxumaré foi ouvida pela rainha Olocum, que resolveu chamá-lo para saber o que poderia ser feito para curar o seu filho, que, nas fortes crises que tinha, rolava no chão como se fosse um animal e, às vezes, sobre fogareiros em brasa, como se estivesse possuído. Oxumaré viu aquela triste cena, mas não se apavorou. Cuidou do infante com tanto zelo e carinho, que o mesmo ficou curado. A rainha ficou tão satisfeita, que, para agradecer, deu a Oxumarê muitos presentes e cobriu-lhe com o mais belo e mais puro azul existente em seu reino.
Voltando ao reino de Ifé, Oxumaré brilhava como o próprio céu em suas vestes azuis, o que fez com que o rei Olofim ficasse enciumado e se revoltasse com a rainha Olocum. Então, o rei presenteou Oxumaré com tudo em dobro do que a rainha tinha lhe dado e vestiu-o com o mais belo vermelho que havia em seu reino.
Oxumaré ficou rico, mas nem sequer poderia imaginar o que ainda mais teria. Um dia, fora chamando diante do Rei dos Reis, dos Grandes Soberanos, Criador de Toda a Vida, Senhor Olodumaré, que sofria de um mal nos olhos. Oxumaré lhe curou a visão, e o velho ficou tão satisfeito que não quis mais que ele retornasse à Terra.
Conta-se que depois que Oxumaré foi para o céu, ninguém foi colocado em seu lugar, cumprindo a missão que Xangô lhe designara. Então, devido ao acúmulo de serviço, caiu uma forte chuva na África, matando muitas pessoas e animais. Sentindo-se culpado por toda aquela desgraça, Oxumaré começou a se lamentar. Olodumaré, ao ver o amigo naquele total desespero, socorreu-lhe e, para recompensá-lo por sua bondade e preocupação com os seres da Terra, transformou-o na mais bela cortina de cores. Assim, nosso deus-serpente se transforma não só em lindas Dã, mas também no belo arco-íris que surge no céu depois das fortes chuvas, trazendo riqueza e prosperidade para os filhos da Terra. Isto significa que nunca mais Oxumaré deixou de zelar pela Terra, fazendo com que seus filhos se sintam seguros, e garantindo que nunca mais a Terra se desvaneça em águas.
Os devotos do deus Oxumarê depositam na terra o cordão umbilical de seus filhos, plantando sobre ele uma palmeira, que deve ser devidamente cuidada, pois dela dependerá a saúde e o sucesso da criança. Este velho costume significa a integração do homem à natureza.
Babado da prosperidade: Cozinhe duas batatas-doces com a casca. Descasque-as e amasse-as com um garfo até virar uma massa. Misture nessa massa um pouco de mel para dar liga. Com ela, faça uma flor de 14 pétalas, moldando-as com uma colher, mas deixando o meio livre como se fosse um lago. Coloque em cada ponta uma moeda corrente. No meio (o lago), coloque uma gema de ovo crua. Salpique por cima de todo o prato (que deve ser de louça branca) amendoins torrados, limpos e triturados. Leve à beira de um poço, lago ou de uma represa e ofereça à Oxumaré, pedindo ao mesmo que lhe dê saúde e prosperidade. Acenda uma vela branca ao lado do prato e reze um Pai Nosso. Em seguida, grite por Oxumaré, dizendo Arrobôboia Oxumaré!!!, e faça seu pedido.

Autoria: Igmar D'Oxumaré. Igmar D’Oxumaré é dofona da Casa de Paulo de Odé (Ilê Axé Alaketu Odé Issambo), localizada em Campinas, São Paulo.

(Fonte-web:http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=6191&id_noticia=666)

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