quinta-feira, 10 de março de 2011

QUARESMA?!

QUARESMA?!
Comentários de Alexandre Cumino

Todos os anos, muitos umbandistas se perguntam o que fazer na quaresma.
Uns terreiros fecham, outros trabalham apenas na esquerda e terceiros ignoram totalmente.

Cada casa/templo adota a orientação pessoal de seu mentor ou segue a tradição de quem
lhe preparou. Quaresma é algo do contexto católico, no entanto todos são livres
para dar mais ou menos importância a este período.

Acima de tudo devemos seguir a orientação de nossos mentores,
40 é um numero sagrado e cabalístico na cultura judaico cristã,
Uma vez por ano fazer um resguardo especial é algo bem sugestivo,
Muitos daqueles que trabalham na Magia Negativa tem na quaresma
Um período propicio, auspicioso, portanto no mínimo devemos vigiar mais.

Mantenha os trabalhos ativos ou não, nada como dedicar mais atenção à meditação,
Banhos, defumação e praticas de magia além dos constantes trabalhos mediúnicos.

Vela ao anjo da guarda e como dica firmeza a Omulu, Obaluayê ou Nanã Buroque,
Que tem uma ligação especial com este período, além, claro de
Exu, Pomba Gira e Exu Mirim.

Mas nada de receios, temores e pré disposições,
Todo filho de Umbanda que nunca acendeu uma única vela para prejudicar o próximo,
Estes todos que trabalham na fé e na caridade, tem e merecem proteção,
Quanto aos demais é um bom período para pedir perdão, ao Pai Oxalá,
Que se relaciona com o mistério da fé, esperança e harmonia.
Um grande abraço a todos,
Força, Determinação, Paz, Luz e Caridade.
Abaixo um texto de Pai Ronaldo Linares.
QUARESMA: TRABALHAR OU NÃO???
DEVEM OS TEMPLOS DE UMBANDA TRABALHAR
NO PERÍODO DA QUARESMA?
Por Pai Ronaldo Linares

A Umbanda e o Candomblé tem tudo a ver com o período colonial brasileiro, ou seja, com a época que, para a vergonha de todos nós, o poder branco europeu instituiu a escravidão dos negros para a salvação de suas almas.
Dizia-se que era a forma de fazer com que os negros e suas crenças nos Orixás africanos, se tornassem bons cristãos para salvarem suas almas.
Com esse pensamento hipócrita e, depois de fracassarem nas tentativas de se escravizar os índios brasileiros, a Igreja Católica Apostólica Romana, atendendo às solicitações do Bispo espanhol Dom Bartolomeu de Las Casas, conseguiu do Papa a autorização para que se importassem da África os negros escravos, alegando que a igreja de Cristo não permitia que se fizesse escravo um homem livre, mas, nada tinha a opor que se utilizasse (ou que se comprasse, como se fosse qualquer mercadoria), um homem que já era escravo.

Desta forma, contrariando o verdadeiro ensinamento de Cristo, a igreja importou milhões de negros nos quatro séculos que durou a escravidão.  Depois, o Papa pediu perdão e ficou tudo por isso mesmo...

Ironias e hipocrisias à parte, as cortes européias, com o apoio dos padres, durante mais de quatrocentos anos tentaram impor aos negros, mestiços e mesmo aos brancos desafortunados, seus valores e sua religião mesmo que, invocando Nosso Senhor Jesus Cristo, mantinha a riqueza da nobreza européia, à custa da dor, do sofrimento e do sangue destes infelizes africanos.

Obrigados a se tornarem cristãos, os negros eram obrigados a renegar suas crenças, a tomarem nomes cristãos e a cumprir todo o ritual cristão para não serem punidos pelos senhores brancos.
Quatrocentos anos de escravidão tornaram o Brasil, um país de mestiços.  Cinqüenta por cento, ou mais, de sua população é de origem africana.  Por isso é que, mesmo mantendo por todo esse tempo sua verdadeira crença nos Orixás, foi preciso esconder suas práticas religiosas nos rituais cristãos.  Nosso Calendário Litúrgico é cristão, então, São Jorge passou a ser Ogum; Nossa Senhora virou Iemanjá, Oxum e assim por diante, sempre ocultando dos brancos suas verdadeiras crenças, pois sabiam que, se um dia conseguissem se libertar, só seriam aceitos de volta em sua terra se mantivessem seu próprio idioma, suas crenças, seus hábitos e costumes.
Como parte dessa cultura religiosa IMPOSTA, ficou para nós o já elaborado Calendário Cristão e, como ponto alto desse mesmo calendário, está a prática medieval de se observarem os quarenta dias de resguardo da Quaresma que antecedem a Sexta-Feira Santa e a Páscoa.

COMO COMEÇOU

A princípio a igreja se mantinha de luto por quarenta dias, começando na Quarta-Feira de Cinzas.  Os altares e as capelas menores eram cobertos com panos roxos (Nanã?).  Toda atividade artística alegre cessava e, os Terreiros que funcionavam escondidos, temendo represálias por serem descobertos, cessavam suas atividades.
Apesar disso e, considerando que, as atividades com os chamados Guias de Luz e com os Orixás estão paradas, valem-se disso os que trabalham nas sombras, os espíritos dos malignos, que aproveitam-se de estarem desprevenidos os homens bons para promoverem o mau.

A tradição de se fechar os Templos de Umbanda quando não havia liberdade de crença, não tem razão de ser no mundo atual.  Muito ao contrário, é nessa época que NÃO DEVEMOS PARAR, é nessa época em que a “quimbanda maligna” trabalha à vontade, que o Templo deve estar preparado para que, com o auxílio das Entidades de Luz, denunciar qualquer trabalho negativo que tenha sido feito para atrapalhar seus Filhos de Fé ou freqüentadores.
Atualmente, interromper os trabalhos do Templo na Quaresma é descabido, é ingenuidade, é desconhecer que os inimigos trabalham nas trevas e que, se não temos o Preto-Velho, o Caboclo ou qualquer entidade que possam nos avisar do mau feito, estaremos desprotegidos, descobertos, ou seja, nas mãos dos inimigos.

É preciso URGENTEMENTE esclarecer que a Quaresma não é Afro, é hebraico-européia, e que já não é preciso se esconder de ninguém, pois nossa Constituição nos assegura o direito à liberdade de crença e os padres já não podem mais nos queimar nas fogueiras da inquisição.
Por isso, vamos abrir nossos Templos de Umbanda na Quaresma e cuidar com amor dos nossos Filhos de Fé.
Babalaô Ronaldo Antonio Linares

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