Divindades e Divindades
Hierarquias dos Tronos de Deus
Por Alexandre Cumino
Existem muitas classes de divindades e também uma hierarquia de divindades, Rubens Saraceni em sua obra costuma colocar as divindades de Deus na classe de Tronos de Deus e nos esclarece que existem:
Tronos regentes de verdadeiros uninversos, Tronos regentes de galáxias, Tronos regentes de Sistemas Solares como o nosso, Tronos regentes de planetas, Tronos maires regentes das irradiações que envolvem um planeta, Tronos intermediários, Tronos intermediadores, Tronos regentes de níveis, Tronos localizados, Tronos regentes de realidades paralenas, Tronos naturais, Tronos divinos, Tronos celestiais e muitos outros que constituem uma verdadeira hierarquia.
Quando falamos das Divindades Orixás na Umbanda temos por exemplo Ogum que representa a Lei Divina, portanto é uma forma humanizada e cultural do Trono da lei, Ogum tem regência sobre Sete Oguns, se seguirmos o raciocínio das sete vibrações, onde Ogum Maior tem sob sua hierarquia:
· Ogum Cristalino ou Ogum da Fé
· Ogum Mineral ou Ogum do Amor
· Ogum Vegetal ou Ogum do Conhecimento
· Ogum Ígneo ou Ogum da Justiça
· Ogum Eólico ou Ogum da Lei
· Ogum Telúrico ou Ogum da Evolução
· Ogum Aquático ou Ogum da Geração
Estes são identificados apenas pela vibração e sentido em que atuam, ainda têm eles muitos outros Oguns que também estão abaixo na hierarquia onde entram nomes mais populares e mais humanizados como:
· Ogum Matinata
· Ogum Iara
· Ogum Rompe-Mato
· Ogum das Pedreiras
· Ogum de Lei
· Ogum Megê
· Ogum Marinho
Podemos ainda citar muitos outros Oguns e até espíritos humanos que respondem a estes Oguns, em hierarquisa humanas que se cruzam com as hierarquias naturais, isso pode ser observado na Umbanda com os Caboclos de Ogum.
Existem também as entidades naturais e encantados de Ogum, que são de outras realidades, não-humanas, regidas por Ogum e que podem transitar de lá para cá em certas ocasiões e com a licença de Ogum Maior.
No livro “Mitos de Luz Metáforas Orientais do Eterno” de Joseph Campbel, Editora Madras – 2006, encontramos uma lenda hindiana sobre Indra muito interessante que mostra nesta cultura o que representa a hierarquia das divindades:
“Certa vez, um monstro chamado Vrtra cumpriu a tarefa de represar (seu nome quer dizer “cercador”) todas as águas do universo e houve, então, uma grande seca que durou milhões de anos. Bem, Indra, o Zeus do panteão hindu, finalmente teve uma idéia para solucionar o problema: “Por que não lançar um raio nesse sujeito e explodi-lo?” Então, Indra, que era aparentemente meio lerdo de raciocínio, pegou um raio e o atirou bem no meio de Vrtra, e... Bum! Vrtra explode, a água flui novamente e a Terra e o universo têm sua sede saciada.
Bem, daí Indra pensa: “Como sou poderoso”, e então vai até a montanha cósmica, Monte Meru, o Olimpo dos deuses hindus, e percebe que todos os palácios por lá estavam em decadência. “Bem, agora vou construir uma cidade inteiramente nova aqui – uma que seja merecedora da minha dignidade”. Então, obtém o apoio de Vishvakarman, o artífice dos deuses, e conta-lhe seus planos.
Ele diz: “Olha, vamos começar a trabalhar aqui para construir essa cidade. Acho que poderíamos ter palácios aqui, torres acolá, flores de lótus aqui, etc., etc”.
Então, Vishvakarman começa as obras. Porém, toda vez que Indra volta para lá, ele aparece com novas idéias, melhores e mais grandiosas a respeito do palácio e Vishvakarman começa a pensar: “Meu Deus, ambos somos imortais, então esse negócio não vai terminar nunca. O que eu posso fazer?”
Então, decide procurar Brahma e queixar-se a ele, o assim chamado criador do mundo dos fenômenos. Brahma está sentado em um lótus (o trono dele é assim) e Brahma e o lótus crescem a partir do umbigo de Vishnu, que se acha flutuando no espaço cósmico, montado em uma grande serpente, chamada Ananta (que significa “eterno”).
Portanto, eis a cena. Lá fora, na água, Vishnu dorme, e Brahma, está sentado no lótus. Vishvakarman entra, e, após muita reverência e embaraço, diz: “Ouçam estou em apuros”. Daí, conta sua história a Brahma, que diz: “Tudo bem. Eu darei um jeito nisso”.
Na manhã seguinte, o porteiro da entrada de um palácio que está sendo construído nota um jovem brâmane azul-escuro, cuja beleza chamou a atenção de muitas crianças em torno de si. O porteiro vai a Indra e lhe diz: “Acho que seria de bom grado convidar este belo jovem brâmane a conhecer o palácio e dar-lhe uma boa acolhida”. Indra está sentado em seu trono e, após as cerimônias de boas-vindas, diz: “Bem, meu jovem. O que o traz ao palácio?”
Com uma voz semelhante ao som de um trovão no horizonte, o rapaz diz: “Ouvi dizer que você está construindo o maior palácio que um Indra já conseguiu e, agora, depois de conhece-lo, posso dizer-lhe que, de fato, nenhum Indra construiu um palácio como este antes”.
Confuso, Indra diz: “Indras anteriores a mim? Do que você está falando?”
“Sim, Indras anteriores a você” diz o jovem. “Pare e pense, o lótus cresce do umbigo de Vishnu, então, desabrocha e nele se senta Brahma. Brahma abre os olhos e nasce um novo universo, governado por um Indra. Ele fecha os olhos. Abre-os novamente – outro universo. Fecha os olhos... e, durante 365 anos brâmicos, Brahma faz isso. Então o lótus murcha e, após uma eternidade, outro lótus desabrocha, aparece Brahma, abre os olhos, fecha os olhos... Indras, Indras e mais Indras.
Agora, vamos considerar cada galáxia do universo um lótus, todas com seu Brahma. Até poderia haver sábios em sua corte que se apresentariam como voluntários para contar as gotas d’água do oceano e os grãos de areia das praias do mundo. Mas quem contaria esses Brahmas, sem falar nos Indras?”
Enquanto ele falava, um formigueiro, marchando em colunas perfeitas, aproximou-se pelo piso do palácio. O rapaz as olha e ri. Indra fica com a barba coçando, suas suíças ficam eriçadas, e ele diz: “Ora essa, do que você está rindo?”
O jovem diz: “Não me pergunte o por quê, a menos que queira ficar magoado”.
O rapaz aponta para as fileiras de formigas e diz: “Todas, antigos Indras. Passaram por inumeráveis encarnações, subiram de posto nos escalões do Céu, chegaram ao elevado trono de Indra e mataram o dragão Vrtra. Então, todos eles dizem: ‘Como sou poderoso’, e lá se vão eles”.
Nesse momento, um velho iogue excêntrico, usando apenas uma tanga, entra segurando um guarda-chuva feito de folhas de bananeira. Vê-se em seu peito um pequeno tufo de cabelos, em forma de círculo e o jovem olha para ele e faz as perguntas que, na verdade, estão na mente Indra: “Quem é você? Qual o seu nome? Onde você mora? Onde vive sua família? Onde é a sua casa?”
“Eu não tenho família, eu não tenho casa. A vida é curta. Este guarda-chuva é o suficiente pra mim. Eu devoto minha vida a Vishnu. Quanto a esses cabelos, é curioso: toda vez que morre um Indra, cai um fio de cabelo. Metade deles já caiu. Logo, logo, todos vão cair. Porque construir uma casa?”
Bem esses dois eram, na verdade, Vishnu e Shiva. Eles apareceram para a instrução de Indra e, já que ele ouviu, foram-se embora. Bem Indra sentiu-se totalmente arrasado, e quando Brhaspati, o sacerdote dos deuses, entra, ele diz: “Eu vou me tornar um iogue. Serei um devoto aos pés de Vishnu”.
Então, aproxima-se de sua esposa, a grande rainha Indrani, e diz: “Querida, vou deixa-la. Vou entrar na floresta e me tornar iogue. Vou parar com essa palhaçada toda a respeito de reinado na Terra e me converterei em um devoto aos pés de Vishnu”.
Bem, ela o fita por um instante; então, vai procurar Brhaspati e conta-lhe o ocorrido: “Ele meteu na cabeça que vai embora para se tornar um iogue”.
Daí, o sacerdote toma sua mão e a leva para se sentarem diante do trono de Indra, e lhe diz: “Você está no trono do universo e representa a virtude e o dever – dharma - e encarna o espírito divino em seu papel terreno. Já lhe escrevi um livro importante sobre a arte da política - como manter o Estado, como vencer guerras, etc. Agora vou lhe escrever um livro sobre a arte do amor, para que o outro aspecto de sua vida, com você e Indrami juntos, aqui, possa vir a ser uma relação do espírito divino que habita em todos nós. Qualquer um pode ser iogue; porém, o que acha de representar nesta vida terrena a imanência desse mistério da eternidade?”
Então, Indra foi poupado do problema de ter de abandonar tudo e tornar-se um iogue, poderia dizer o leitor. Na verdade, em seu íntimo, ele já sabia de tudo isso, da mesma forma que nós. Tudo o que temos a fazer é despertar para o fato de que somos uma manifestação do eterno.
Essa história, conhecida como “A Humilhação de Indra”, acha-se no Brahmavaivarta Purana. Os Puranas são textos sagrados hindus que datam aproximadamente 400 d.C. O aspecto fascinante a respeito da mitologia hindu é o fato de ela ter conseguido absorver o universo de que falamos hoje em dia, com seus vastos ciclos de vidas estelares, galáxias após galáxias e o nascimento e morte de universos. Isso reduz a força do momento presente.
O que importa todos os nossos problemas relacionados ás bombas atômicas explodindo o universo? Já houve universos e universos antes, cada um deles explodindo por uma bomba atômica. Portanto, agora você pode identificar a si mesmo no eterno que habita em você e em todas as coisas. Isso não significa que você queira assistir ao lançamento de bombas atômicas, mas, por outro lado, não perde seu tempo se preocupando a respeito.
Uma das grandes tentações de Buda foi a luxúria. A outra, o medo da morte, que, por sinal, é um belo tema para meditação. A vida lança à nossa volta essas tentações, essas perturbações mentais, e o problema consiste em encontrar o centro imutável dentro de nós. Então, pode-se sobreviver a qualquer coisa. O mito vai ajuda-lo a fazer isso. Não queremos dizer que você não deveria sair em passeatas e protesto contra a pesquisa atômica. Vá em frente, mas faça-o de maneira divertida. O universo é a diversão de Deus.”
Fonte: Deus, Deuses, Divindades e Anjos. Alexandre Cumino. Editora Madras (www.madras.com.br)
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