quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Codificação e Codificadores da Umbanda

Codificação e Codificadores da Umbanda
Atualização de 01/02/2011
Por Alexandre Cumino

Olá meus irmãos, coloco abaixo um texto longo embora despretensioso, o tema é polêmico, desde o Primeiro Congresso de Umbanda em 1941 que se discute a “codificação” da Umbanda, e muitas vezes a discussão é acalorada em clima da “busca pela verdadeira verdade da Umbanda” (desculpem o trocadilho, que é valido na medida em que tal busca é um tanto imatura, pois cada um tem a sua verdade e a umbanda apresenta uma pluralidade de formas em sua compreensão diversa). Já há algum tempo venho trabalhando nesta pesquisa indo ao encontro dos diferentes pontos de vista de umbandistas do passado e alguns poucos do presente que tratam do assunto com mais imparcialidade, reflexão honesta e neutralidade de julgamento. Procurei oferecer esta pesquisa porque poucos conseguem se situar dentro desta questão e acabam tomando conclusões precipitadas a cerca deste ou daquele autor/assunto e quando não acabam pensando que a questão é uma novíssima discussão, para o diálogo fraterno na busca de novíssimas soluções para as mesmas perguntas que continuam sem resposta ou com respostas atreladas a este ou aquele seguimento dentro da Umbanda. Procurar novas respostas para velhas perguntas é tão importante quanto novas perguntas para antigas situações, independente da circunstancia estamos exercitando o pensar e o questionar dentro da religião, que enquanto exercício propicia a reflexão constante sobre Umbanda e o Umbandista.

Eu como a maioria de nós umbandistas também não creio que toda a Umbanda possa ser “codificada” ou “unificada” (talvez esta fosse a palavra mais adequada) em uma visão unilateral do TODO, devido a sua diversidade, afinal existem muitas Umbandas dentro de uma mesma Umbanda. Assim como existem muitos cristianismos dentro do Cristianismo e muitos catolicismos dentro do Catolicismo e o mesmo para Judaismo, Budismo, Islã e outros. Da mesma forma a diversidade umbandista é algo natural em religião. Embora não seja possível “engessá-la” num único código há vários códigos de interpretação da mesma, que a definem como Umbanda Branca, Umbanda Tradicional, Umbanda Pura, Umbanda Popular, Umbanda Esotérica, Umbanda Mista, Umbanda Trançada, Umbanda Mística e outras. Usamos parâmetros para identificar ou interpretar o que quer dizer cada uma destas ramificações na multiplicidade dentro da unidade Umbandista ou das várias Bandas do mesmo Um. 

A questão da “codificação” é tema polêmico, comum e recorrente no meio umbandista, o que pode ser verificado por meio da literatura de dentro e de fora sobre Umbanda. O objetivo deste texto é dar uma visão mais ampla sobre a questão e também identificar alguns autores que abordaram a questão ora de forma positiva e ora de forma negativa.


Em 1941 foi realizado o Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, onde se reuniram intelectuais umbandistas e principais lideranças da época, os anais do Congresso foram publicados em 1942, no qual observa-se a preocupação em “codificar” a Umbanda, o que foi um dos objetivos deste congresso. Codificar a Umbanda faz parte do projeto de legitimação e legalização da mesma, em uma estratégia para o reconhecimento enquanto religião. A Umbanda, ao lado do seguimento afro-brasileiro em geral, vinha sofrendo perseguições, diferente do espiritismo (kardecismo), que por se tratar de doutrina “cientificamente” codificada por Alan Kardec gozava de uma posição privilegiada frente à sociedade, os congressistas buscam o mesmo status para sua religião, inclusive optando por expressá-la como uma variação daquele, um “Espiritismo de Umbanda”. A busca pela codificação e por aproximar ao máximo a Umbanda do Espiritismo (distanciando de suas influencias africanas) foi uma possível solução para vencer o preconceito e separar o que consideravam ou não Umbanda. Esta se tornaria uma idéia obsessiva para boa parte dos pensadores umbandistas, que viriam nos anos seguintes e enquanto objetivo estaria presente no Segundo e Terceiro Congresso de Umbanda, realizados respectivamente em 1961 e 1973. A exemplo dos Congressos Nacionais também houve um Congresso Paulista com os mesmos ideais igualmente em 1961.

Vejamos algumas passagens deste Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda:



A IDÉIA DO CONGRESSO
O conceito alcançado entre nós pelo Espiritismo de Umbanda...
(...)Sua prática variava, entretanto, segundo os conhecimentos de cada núcleo, não havendo, assim, a necessária homogeneidade de práticas, o que dava motivo a confusão por parte de algumas pessoas menos esclarecidas, com outras práticas inferiores de espiritismo.
Fundada a Federação Espírita de Umbanda há cerca de dois anos, o seu primeiro trabalho consistiu na preparação deste Congresso, precisamente para nele se estudar, debater e codificar esta empolgante modalidade de trabalho espiritual, afim de varrer de uma vez o que por aí se praticava com o nome de Espiritismo de Umbanda, e que no nível de civilização a que atingimos não tem mais razão de ser [...]


DISCURSO DE ENCERRAMENTO
Pronunciado pelo 1° Secretário da Federação Espírita de Umbanda, Sr. Alfredo António Rego, na reunião de 26 de Outubro de 1941
(...) Tendo estabelecido como pontos fundamentais deste Congresso, a codificação da História, Filosofia, Doutrina, Ritual, Mediunidade e Chefia Espiritual, temos hoje a imensa satisfação de proclamar o pleno cumprimento do programa que nos traçamos, o qual foi executado fiel e rigorosamente, durante as oito noites de nossas reuniões [...]


Aluizio Fontenele, desencarnado em 1952, deixou três títulos publicados sobre Umbanda, no terceiro, A Umbanda Através dos Séculos, provavelmente publicado em torno de 1950, Ed. Espiritualista, faz a seguinte consideração:

A Umbanda será a futura religião que dominará no mundo [...]
A Umbanda a que me refiro, não é essa Umbanda mistificada e misturada com os diversos credos fetichistas de hoje conhecidos no Brasil inteiro. Será uma Umbanda codificada, uma Umbanda pura, na qual se aproveitará de todas as religiões existentes na terra, somente aquilo que for sublime e perfeito. [...] (p.92)

A CODIFICAÇÃO DA UMBANDA
TRABALHOS FILOSÓFICOS E DOUTRINÁRIOS

Há muito se fala em uma codificação na LEI DE UMBANDA; entretanto, quem lançará a pedra fundamental?... Quem se atreverá a arcar com a enorme responsabilidade que atrairá para si a ira dos potentados das inúmeras religiões que dominam o mundo inteiro? Sim, aquele que se atrever a isso, lutará com todas as dificuldades possíveis e imagináveis, contra todos e contra tudo [...]
Quando falo em codificação da UMBANDA, não me refiro ao aglomerado que se possa fazer entre algumas tendas espíritas, sujeitas a um determinado “centro” que as possa dirigir. Não é nada disso. A CODIFICAÇÃO a que me refiro, é uma luta tremenda que se terá que realizar em torno de milhares de “centros”, “tendas”, “terreiros”, “templos”, etc., com a finalidade de separar o “joio do trigo”, unificando-se todas as interpretações espíritas em torno de um só poder, de uma só ORDEM, sendo essa ordem incontestavelmente UNIVERSAL. [...] (P.96)

COMO COMEÇARIA EU A CODIFICAÇÃO DA LEI DE UMBANDA

Em primeiro lugar, reunindo em local amplo e espaçoso, adrede preparado, uma legião de médicos, cientistas, literatos, etc., inclusive chefes de centros kardecistas, de Umbanda e mesmo da Quimbanda, bem assim, como todo aquele que de fato se julgar um verdadeiro “MEDIUM”, e, fazendo-se uma sessão espírita sob a direção de um único homem capaz de dirigi-la, obter-se-ia das entidades máximas que baixassem, uma orientação precisa para a regulamentação dos primeiros pontos básicos a serem estudados. [...] (p.99)





Yokaanan, Chefe Espiritual da Fraternidade Eclética Espiritualista Universal, publica Evangelho de Umbanda, em 1951. Apresenta nesta obra uma elaboração do que é e como se praticar a Umbanda, desde como se vestir até a forma de construir e organizar o templo:

[...] os Senhores Jaime Madruga – Presidente da nascente “União Espírita de Umbanda” e Dr. Heyder Siqueira Gomes – médico, os quais me convenceram e nos declararam, baseados numa “enquête” realizada a respeito, que o Brasil inteiro e, quiçá o mundo, esperam nossa palavra, precisam de saber a verdade sôbre UMBANDA, conhecer o seu código legítimo, segundo as leis morais, evangélicas e os preceitos divinos contidos em seus mistérios [...]

Talvez amanhã mesmo, quem sabe, uma vez a lume se encontrem estas verdades que afirmamos de pé, nossas palavras não agradem também aqueles mesmos que nos convenceram para escrevê-las... uma vez que venham contrariar o gosto pela aceitação daquilo que elas desaconselham, mesmo contra o prazer da maioria [...] (o convite havia sido feito 15 anos antes, 1936, nota nossa)

Aconteceu exatamente o que prevíramos. (agora na 4 edição em 1961) As mesmas comitivas e Delegações que nos procuraram para confirmarem e aplaudirem o apelo da primeira comitiva que considerou a Fraternidade Eclética e o Mestre Yokaanam a autoridade competente para legislar tal codificação, voltaram-se todos contra o Mestre e logo improvisaram pela imprensa uma codificação às pressas através do jornal “A Noite”...


Emanuel Zespo, autor umbandista, em torno de 1950, publica o título Codificação da Lei de Umbanda, Ed. Espiritualista. O autor dedica este livro atenção total à “codificação da Umbanda”, vejamos algumas passagens:

Escrevemos para o umbandista e para o não umbandista.
Ao primeiro fornecemos os argumentos científicos com os quais ele poderá justificar ao mundo a razão de ser da Umbanda. Ao segundo damos explicações claras do que é a Umbanda [...]

Eis porque, a seguir, damos à publicidade, sob o título “Diretrizes”, as sugestões que apresentamos à Federação de Umbanda.
Está quase tudo por ser feito.
Lutemos, pois, e comecemos pela Codificação.
Comecemos pela Codificação na parte Científica e na parte Ritualística; mas não esqueçamos que a base da parte moral é confraternização de todos os umbandistas. (pp.8-11)

Oliveira Magno, autor umbandista, em 1951, na Nota Final de seu título Práticas de Umbanda diz muito apreciar Emanuel Zespo por tentar fazer a “Codificação da Umbanda”, e em 1952, publica Umbanda e Ocultismo, Ed. Espiritualista, no qual faz as considerações abaixo:

Na nossa obra “A Umbanda Esotérica e Iniciática”[1] apelei para os escritores que escrevessem uma obra para a grandeza da Umbanda, mostrando o que ela tem de religioso, filosófico e científico; pois bem, se realmente os que me seguiram tentam corresponder ao nosso apelo houve um que por vaidade e pretensão, querendo fazer obra pessoal, tenta desfazer as obras dos outros e tudo quanto sobre a Umbanda se tem escrito. E a vista disso, mais uma vez apelo para todos os escritores e homens de boa vontade, que escrevam obras cujo fim seja, para a grandeza e elevação da Umbanda.
Não vamos querer na nossa vaidade e pretensão nos mostrar mais sábios e mais conhecedores da Umbanda do que os que anteriormente nos precederam tentando fazer obra nossa quando a verdade é que todos contribuem com o seu material para a construção do grande edifício que é a codificação da Umbanda.


Samuel Ponze em 1954, logo no prefácio de Lições de Umbanda, faz referência ao “Codificador primeiro”, Emanuel Zespo:

Não cabia a nós o direito e o dever de escrever este pequeno Manual de LIÇÕES DE UMBANDA. Os verdadeiros pioneiros da Umbanda no Brasil é que deviam tomar a si  tal encargo e mormente o Codificador primeiro da Doutrina Umbandista, Emanuel Zespo.[2]

Em 1961, no Maracanãzinho, Rio de Jeneiro, com a presença de milhares de umbandistas, incluindo representantes de dez estados e vários detentores de cargos públicos de nível municipal e estadual; foi realizado o II Congresso Nacional da Umbanda. No mesmo ano e a exemplo deste, as federações paulistas, lançaram, sob o comando do Cel. Nelson Braga Moreira, o I Congresso Umbandista do Estado de São Paulo, ambos com intenções claras de codificar a religião, deste congresso, nasceria o SOUESP (Superior Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo) como sugestão do II Congresso Nacional. O SOUESP agremiando as principais federações do Estado e encampando os ideais congressistas se apresentaria até os dias de hoje como órgão representativo máximo e legítimo da Umbanda no Estado[3].

Lísias Nogueira Negrão, sociólogo, um dos maiores estudiosos da sociologia de Umbanda, apresenta algumas considerações interessantes sobre estes Congressos e sobre codificação em seu título Entre a Cruz e a Encruzilhada, 1996[4]:

É nesse clima que se anuncia a realização do II Congresso Brasileiro de Umbanda: “Para elaborar o código que orientará a feitura da carta sinódica de Umbanda [...] p.88

A mesa foi composta com a participação dos deputados estaduais Átila Nunes (RJ) e Moab Caldas (RS), do bispo dom José Aires da Cruz, da Igreja Católica Brasileira, além de líderes umbandistas [...]

Finalmente, foram aprovadas quinze resoluções, dentre as quais a primeira e mais importante se propunha a
Promover a codificação da Doutrina Umbandista em todos os seus aspectos [filosófico, científico e religioso] inclusive a uniformização do ritual e atos litúrgicos [...]
A única providência concreta nesse sentido foi a constituição de um grupo de quinze membros que no prazo de seis meses deveria elaborar a Carta Sinódica da Umbanda, a ser debatida em congresso extraordinário a ser realizado em abril de 1962 em Porto Alegre. A Comissão Codificadora deveria iniciar seus trabalhos no dia 16 de agosto do então corrente ano de 1961 [...] p.89

Entre os objetivos do Primeiro Congresso Paulista estava:

Cooperar no trabalho de Codificação Doutrinária do Culto, incluindo ritual e liturgia, auxiliando dessa forma a Comissão Nacional de Codificação [...] p.92

Os resultados do I Congresso Paulista, Direcionados pela estratégia acima, chegaram a um total de dezoito resoluções... Resolveu-se transformar a comissão organizadora em Comissão Permanente, com o objetivo de

... elaborar substancial trabalho sobre a Codificação do culto de Umbanda afim de ser oportunamente apresentada à Comissão Nacional  de Codificação ou ao congresso extraordinário[...]

Paulo Gomes de Oliveira em 1957, no título Umbanda Sagrada e Divina:

“Umbanda é uma escola de doutrina secreta (doutrina da alma), e como tal,
Possui como todas as demais o seu código de leis que noventa por cento dos umbandistas
Jamais procurou conhecer porque não estudam e não investigam.”P. 86



WW da Mata e Silva, autor umbandista, publicou seu primeiro título em 1956, Umbanda de Todos Nós na qual fala em unificação, mas em seus outros títulos acaba como boa parte dos autores umbandistas abordando o tema codificar/codificação:

Umbanda de Todos Nós

Mas, é imperioso que, nos tempos atuais, haja uma unificação de PONTOS-DE-VISTA e se coordene uma defesa comum aos ideais e aos Princípios da Religião de Umbanda, que não deve continuar sendo chafurdada [...]

...quando não se formam 'colchas de retalhos' de rituais de uma e outra religião, devem estes umbandistas sentir a necessidade premente da uniformização de regras e sistemas, para que sejamos 'viventes de fato e de direito, dentro de normas póprias e reais expressões religiosas."

Urge que se faça uma “Declaração de Princípios” a todo MEIO Umbandista, firmada pelos expoentes das Tendas e Cabanas interessadas, onde se exponham, com clareza e precisão, certas regras e sistemas que venham a servir como “pontos de identificação” a uma verdadeira Casa de Lei de Umbanda.[5]

Mistérios e Práticas na Lei de Umbanda:

Perguntaram o que penso sobre o II Congresso de Umbanda, realizado há anos no Maracanãzinho e se dessa vez vão mesmo “codificar a umbanda”...

Resposta: De fato houve esse Congresso. Entretanto não creio cheguem codificar a Umbanda, mesmo que tenham nomeado para isso imponentes membros, entre doutores etc.

A Umbanda, meus irmãos, já está codificada há muito tempo e eles sabem disso...[6]  

Já no título Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda o autor é categórico:

A Umbanda de alguns anos para cá foi enriquecida com uma vasta literatura, por onde se constata que ela pode ser codificada a qualquer momento, bastando para isso que a escolha seja feita por dentro do que há de mais certo e de mais interno.[7]

Umbanda e o Poder da Mediunidade :

Leal de Souza, poeta, jornalista e escritor, foi o primeiro umbandista que enfrentou a crítica mordaz, ostensiva e pública, em defesa da Umbanda do Brasil [...]

Ele o fez numa época que era quase um crime de heresia se falar de tal assunto. Foi também o precursor de um ensaio de codificação, ou melhor, foi o primeiro que tentou definir, em diversos artigos, o que era a Umbanda ou o que viria a ser no futuro esse outro lado que já se denominava de linha Branca de Umbanda [...][8]

Dissemos também que Leal de Souza foi um ensaísta de uma espécie de Codificação, pois já naquele tempo ele tentava classificar (segundo o entendimento que tinha na época) as 7 linhas da Umbanda Branca, sintetizada em Santos da Igreja Católica e ainda dissertava a sua Magia... Isso pode ser comprovado no “Mundo Espírita”, um jornal lá do Paraná, que o entrevistou, sob o título de “Espiritismo, Magia e as Sete Linhas de Umbanda”, no ano de 1925. [...][9]

Diante do exposto e da leitura de sua entrevista, ficou bem clara essa “entrevista-arquivo” de Leal de Souza. Antes dele ninguém havia dito nada sobre a Linha Branca de Umbanda etc., etc., etc... Todavia, existem certos setores umbandistas que pretendem dar particularidades especiais na história ou nas origens da Umbanda do Brasil, doutrinando que: _ quem levantou o termo Umbanda pela primeira vez e “codificou” a dita Umbanda foi o Caboclo das Sete Encruzilhadas...



Cavalcanti Bandeira, autor umbandista. O que é a Umbanda, Ed. Eco, 1973:



CODIFICAÇÃO DA UMBANDA

Apresentamos o trabalho sobre a palavra Umbanda porque não era possível que se praticasse um culto, sem definir a origem etimológica e o significado original da palavra, em virtude de ser ponto básico definindo o sentido religioso. Nesse Congresso[10], fomos indicados para integrar a “Comissão Nacional de Codificação do Culto de Umbanda”, e realizando-se a primeira reunião da comissão em São Paulo, fomos escolhidos para o cargo de Relator de Religião que, se foi uma confiança depositada pelos codificadores, acarretou maiores encargos e responsabilidades pela extrema seriedade e profundidade do assunto.
Tivemos grande empenho para realizar as tarefas, que não foram complementadas no tempo previsto, de modo que proposto o III Congresso Brasileiro de Umbanda, para o ano de 1973, no Rio de janeiro, fomos designados para presidir a Comissão Organizadora de tão importante conclave, que, no mesmo sentido, é mais uma busca de codificação dos cultos e união dos umbandistas [...]

Confirmando essa preocupação dominante, os umbandistas reuniram-se no Rio de Janeiro, em 1941, no I Congresso Brasileiro, quando iniciaram uma sistemática de codificação, ampliada com a realização do II Congresso, em 1961, a qual foi uma constante no temário do III Congresso Brasileiro de Umbanda, em 1973, pela preocupação máxima das federações em obter uma estruturação administrativa e religiosa, como se evidencia no lema adotado: “Organizar para unir”
Surgiu em 1953, um livro de Emanuel Zespo, intitulado “Codificação da Lei de Umbanda” que apesar de insuficiente, demonstra a preocupação permanente dos sinceros [...] (op.cit. p.22)

O futuro exige a codificação para a Umbanda como culto organizado, e não se tumultuarem os seguidores pelas contradições de ensinamentos desordenados; nessa época de conhecimentos científicos, em que tudo deve ser explicado à luz da razão.
[...] A codificação se impõe, especialmente visando aos que abusam da credulidade alheia [...]

Dando uma apreciação de síntese, visamos principalmente a Codificação do Culto de Umbanda, mas na certeza de que o pensamento codificador se processará lentamente [...]

Roger Bastide, francês, professor da Sorbone e pioneiro de sociologia da religião no Brasil, registrou a questão da “codificação” em sua obra prima, As Religiões Africanas no Brasil, publicada pela primeira vez em 1960, na França:

[...] nos encontramos em presença de uma religião a pique de nascer, mas que ainda não descobriu as suas formas; ao ponto de, ao procurar uma solução na “codificação” de suas regras pelas “tendas federadas”, essas próprias federações (agora se contam 4 no Rio) lutarem entre si; e ainda se sonha estabelecer um mínimo de ordem e coerência...[11]

Renato Ortiz, sociólogo que defendeu tese de doutorado em Paris, 1975, sobre a Umbanda, teve como orientador Roger Bastide, Sua tese foi publicada em 1978 pela Editora Vozes, na qual observamos:

Com efeito, esta necessidade interna de codificação aparece desde as origens da Umbanda; ela domina as preocupações dos participantes do congresso de 1941, permanecendo ainda hoje um ideal a ser atingido [...]
Se não existe até o momento um código definitivo, aceito unanimemente pelos umbandistas, não é menos verdade que a codificação e unificação religiosa permanece um ideal constante para as diferentes tendências [...]
Nesses terreiros até mesmo a  hierarquia e as relações entre os participantes podem ser codificadas ao extremo. Um exemplo disso são as apostilas da Tenda Mirim [...][12]


Patrícia Birman, antropóloga, no título O que é Umbanda[13], 1985, afirma:

A Umbanda mais praticada, que se dissemina sem nenhum controle, é essa – misturada, que não dá importância à pureza, seja esta de cunho moral, com a pretensão de impor códigos doutrinários, seja de caráter ritual [...]

As tentativas de “codificação” da Umbanda, no sentido de homogeneizá-la, partem geralmente dos setores mais intelectualizados.

A mesma autora em Umbanda e Política, 1985, desenvolve mais o tema:

A “doutrina” e a “codificação” em grande parte era vista como uma ação pedagógica contra coisas que escapavam da religião por serem fruto não de divergências mas de “ignorância” e “falta de cultura”. Mas, se este viés era o dominante nem por isso se abria mão da tentativa de “codificar” em algumas áreas “carentes” onde é evidente a falta de rituais – como ritos fúnebres na Umbanda, ritos de batismo, casamento. 

Ronaldo Linares, autor umbandista, Sacerdote e Presidente da Federação Umbandista do Grande ABC (Fundada em 1972) e o Pr. Dr. Diamantino Fernandes Trindade, Historiador e autor umbandista, publicaram o livro Iniciação à Umbanda na década de 1980. O mesmo livro foi relançado recentemente, 2008, Ed. Madras, encontramos na obra um capítulo intitulado A Codificação da Religião Umbandista, do qual transcrevo algumas passagens abaixo:  

Notamos ainda hoje, em virtude da falta de codificação da religião umbandista, já que é uma religião nova (99 anos de existência), que muitas tendas apresentam um ritual indefinido [...]

A falta de cultura da maioria dos diretores espirituais retarda a codificação da Umbanda. Muitas vezes o fator determinante para esse retardamento é a mentalidade fechada desses chefes de terreiro, por causa da ausência de cultura [...]

Talvez o tempo possa permitir uma codificação, abrindo uma nova mentalidade dentro da religião [...]

Vários seguimentos da religião umbandista vêm tentando uma codificação para todos os rituais. A Federação Umbandista do Grande ABC instituiu um conselho de culto que padronizou todos os seus rituais, trabalhos e sacramentos. As suas tendas filiadas seguem, na medida do possível, essa padronização [...]

A codificação se for necessária, virá com o tempo [...] (pp. 61-62) 


Mestre Itaomam, discípulo de W.W. da Mata e Silva, em 1990, publica o título Pemba – A Grafia Sagrada dos Orixás, Ed. Thesaurus, Brasília:

Finalmente, dia virá em que despontará o Codificador que há de dar uma forma final à Umbanda, mas talvez nesse dia, o seu trabalho já tenha sido facilitado por todos aqueles que o precederam e que não se recusaram a dar suas contribuições, enquanto a Obra Final ainda é considerada uma salada religiosa. (pp.17-18)

Obs.: No texto de Itaoman nos parece que a Umbanda está “grávida de um codificador”, que com o tempo vai criando um estereótipo e uma expectativa do mesmo.

Rubens Saraceni publicou um conjunto de quatro livros ( Doutrina e Ritual de Umbanda, Magia de Umbanda, Orixás: Os Tronos de Deus e A Ciência dos Orixás ) num único “livrão” intitulado Código de Umbanda no qual afirma, logo na apresentação do mesmo:

Muitos devem estar achando pretensiosa a obra que ora chega às suas mãos, caro leitor, e nós até entendemos o ceticismo e a inquietação que deve despertar uma obra como esta [...] Mesmo nós... ponderamos acerca do efeito psicológico de se usar um título com o “peso” de um termo como este: “código” [...]  achávamos uma temeridade utilizar esse termo, pois a intenção nunca foi ferir suscetibilidades, e parecia-nos muito provável que isso ocorresse [...] Mas os Mestres (espirituais) insistiam no termo e, aos poucos, apresentavam desdobramentos do tema original (“A Ciência dos Orixás”) [...] O resultado foi um conjunto de temas e assuntos tão abrangente que, se não representava formalmente um “código religioso”, tratava-se no mínimo , de uma “codificação” extensa de vários pólos relativos aos fundamentos do Ritual de Umbanda Sagrada, tanto ao nível de sua estruturação no astral quanto de consciência religiosa e práticas rituais [...] Código de Umbanda não é, portanto, um código no sentido de “um conjunto de regras”, mas sim no sentido de “um conjunto de conhecimentos, conceitos e preceitos” [...]

Sendo este “Código de Umbanda” o nome dado a um conjunto de 4 livros, o tema “Código” não é abordado no conteúdo do mesmo, já que cada livro possui tema definido, fica claro que “Código de Umbanda” é apenas um título que dá sentido de ser a um conjunto de informações organizado sobre Umbanda.

No título Tratado Geral de Umbanda, Rubens Saraceni apresenta um texto sobre As Sete Linhas de Umbanda, no qual cita codificação como vemos:

Pai Benedito de Aruanda e mestre Seiman Hamiser yê, de fato, revolucionaram o repetitivismo até os anos 90 do século XX e deram início à abertura dos mistérios da Umbanda e a uma codificação ampla e ilimitada, pois nas sete vibrações divinas estão todos os Orixás, nas sete linhas cabem todos eles [...]
Esperamos que novos autores umbandistas venham a aceitar e aderir a nossa codificação de sete linhas bipolarizadas [...][14]

Aqui o autor está falando de uma nova forma de compreender as Sete Linhas de Umbanda, em que codificação aparece, dentro de uma linha de raciocínio toda voltada ao tema, que é título, As Sete Linhas de Umbanda. O tema “código” e “codificação” é praticamente inexistente na obra de Rubens Saraceni, quase 60 títulos publicados.
Por conta da publicação do livro “Código de Umbanda” e esta passagem sobre a “codificação” das Sete Linhas de Umbanda, alguns umbandistas trataram do assunto (código ou codificação) como se fosse uma novidade. E encontraram “brecha” para criticar, de forma pejorativa tentam desclassificar o autor, Rubens Saraceni. Imputando ao mesmo a intenção de “codificar a Umbanda”, dando a entender que o mesmo tem objetivo de dominá-la, como se isso fosse possível... Desavisados ou mal intencionados; desavisados por desconhecer a História da Umbanda ou mal intencionadas em sua tentativa de manipular a opinião de terceiros no meio umbandista.

Norberto Peixoto, nosso irmão na fé e autor de alguns títulos de Umbanda publicados pela Editora Conhecimento também apresenta um comentário sobre codificação em seu texto “Codificando a Umbanda?”, disponível no site http://choupanadocaboclopery.blogspot.com/2011/01/codificando-umbanda.html que expressa o que pensa a maioria de nós sobre um Código que possa encaixotar todas as diversas formas de Umbanda:

A Umbanda é uma religião absolutamente aberta que tem inúmeras diferenças de interpretação, que variam de região para região, de terreiro para terreiro, de sacerdote para sacerdote. A Umbanda não tem e nunca terá uma codificação ou um codificador. A Umbanda não tem uma bíblia, um livro sagrado, um poder central ou um Papa do saber. A Umbanda não tem uma instituição que prevaleça sobre as demais e que estabeleça normas ou formas de culto que engessem a liberdade ritual de cada terreiro e sacerdote....
Assim parece que a maioria dos Umbandistas da atualidade crê na impossibilidade de um único código unificador para todas as vertentes, no entanto é fato que existem muitos “códigos de interpretação” para este ou aquele seguimento, fazendo crer que a visão particular de cada um também passa, inevitavelmente, a ser o seu “código particular” de interpretação da Umbanda, uns mais abrangentes, outros nem tanto. Existem muitos autores e seguimentos que apresentam sua forma de pensar e fazer Umbanda ao qual é aceito por alguns como “verdade absoluta”. Se é impossível um código que dê conta de todas as Umbandas, no entanto há muitos “códigos” para a compreensão de muitas Umbandas, use ou não o termo.

Código ou codificar é mais que um problema de dominação dentro da Umbanda e sim uma questão de linguagem e interpretação do significado que se dá para as mesmas.

O que faz com que Umbanda seja Umbanda, o que há de incomum nas várias vertentes, o que é o UM presente em todas as BANDAS. Que base é esta que permeia todas as vertentes?

Como nós identificamos o que é Umbanda? Simplesmente porque em nossas almas e espírito está definida uma base de fundamentos que a define como tal. Podemos tranquilamente dizer que existe um “código de base”, um “código” não escrito de Umbanda, que é em si a unidade já a muito “codificada” por Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas, no qual identificamos o primeiro terreiro de Umbanda que se tem notícia. São suas as palavras que podem ser consideradas a máxima de Umbanda: “Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade”; “Com quem sabe mais aprenderemos e a quem sabe menos ensinaremos, a ninguém vamos dar as costas”.

E para fechar invoco as palavras de Ramatis psicografadas por Hercilio Maes no título Missão do Espiritismo:

[...] (A Umbanda) Não apresenta uma unidade doutrinária e ritualística conveniente, porque todo “terreiro” adota um modo particular de operar... (p.130)
[...] Apesar desta aparência doutrinária heterogênea, existe uma estrutura básico fundamental que sustenta a integridade da Umbanda, assim como um edifício sob a mais flagrante anarquia dos seus moradores mantém-se indestrutível pela garantia do arcabouço de aço! (p.131)
Da mesma forma, o edifício da Umbanda, na Terra, continua indeformável em suas “linhas mestras”.
[...] Os mentores da Umbanda, no momento, preocupam-se em eliminar as práticas obsoletas , ridículas, dispersivas e até censuráveis, que ainda exercem os umbandistas alheios aos fundamentos e objetivo espiritual da doutrina. Sem dú­vida, uns adotam excrecências inúteis e abu­sivas no rito e características doutri­nárias de Umbanda, por ignorância, alguns por ingenuidade e outros até por vaidade ou interesse de impressionar o público! Inúmeras prática que, de inicio, serviram para dar o colorido doutrinário, já podem ser abolidas em favor do progresso e higienização dos “terreiros”!(p.132)
                                                                                                                               
MAES, Hercilio. Rio de Janeiro: Ed. Freitas Bastos, 1996. 6ª ed. P.130-132
CONCLUSÃO

Vejamos agora duas definições importantes para a conclusão desta pesquisa, que como tantas outras idéias a cerca da Umbanda são freqüentemente plagiadas pelas “mentes criativas”, que trazem como novidade as idéias alheias, portanto, atentemos sempre aos créditos dos autores e pesquisadores de umbanda:

Primeira:
Patrícia Birmam, em 1985, afirma, sobre a Umbanda que há, pois, uma certa unidade na diversidade[15].

Segunda:
Lísias Nogueira Negrão e Maria Helena Vilas Boas Concone, 1985, afirmam que de fato, a Umbanda é sobretudo multiforme, um sistema religioso estruturalmente aberto que lhe permite inúmeras variações em torno do mesmo tema[16].


Desta forma podemos dizer, sem medo de errar, que havendo certa unidade na diversidade (como diria Patrícia Bírmam), a Unidade já foi há muito “codificada” (como bem o disse Matta e Silva) ou se preferir “definida”, caso contrário não existiria esta unidade ou como identificar o que é Umbanda. Quanto à diversidade não será nunca codificada, pois esta sim é a parte estruturalmente aberta, multiforme e variante da Umbanda, em que cada praticante exerce sua liberdade litúrgica. Como trocadilho podemos dizer que a unidade é a essência do UM, enquanto diversidade são as várias formas de manifestar a BANDA. Humildemente apenas constatamos para a Umbanda sua unidade já codificada e sua multiplicidade “incodificável”.






CÓDIGO DE SENTIDO


Sabia que religião é uma linguagem?
Um jeito de falar sobre o mundo...
[...] Por isto, para se entender a religião,
é necessário entender o caminho da linguagem.
Rubem Alves


Existe ainda outro sentido para “código”, trata-se de compreende-lo como uma “chave de interpretação”, o código seria a “chave” pela qual se “decodifica” algo.

O Código da Umbanda” pode ser lido como “Chave de Umbanda” ou “Código Fonte”, de interpretação e compreensão, o que estaria muito além de um “conjunto de regras” ou “engessamento”. Neste caso “O Código” não fecha, nem dogmatiza, opiniões (“doxa”), evitando a construção de uma “ortodoxia umbandista” ou um engessamento de sua evolução e transformação contínua.

Aqui “O Código” traz sentido de abrir mistérios antes fechados, desvelar os arcanos, tornar acessível e compreensível os fundamentos reais. Ou seja “O Código” como chave interpretativa para “Decodificar”, um “Código Fonte”.

O teólogo e escritor Ruben Alves[17] abordou esta questão no que diz respeito ao sentido que damos as palavras, em que as mesmas palavras podem assumir sentidos diversos, e da mesma forma é o discurso religioso que carece de um código para a interpretação de seu sentido primeiro ou último.

É muito difícil entender o que é falado. A cada passo, em nossa experiência diária, tomamos consciência disto. Freqüentemente, depois de conversar por horas a fio com alguém, e de nos explicar e reexplicar por meio de expressões como “Não era bem isso que eu queria dizer”, “o senhor não me entendeu”, “não me exprimi com clareza”, concluímos silenciosamente: “Quantos mal-entendidos em meio a tantas palavras”. É curioso. Parece que não deveria ser assim. Falamos a mesma língua. Usamos palavras que ambos conhecemos. E, a despeito disto, as significações não foram comunicadas. Por quê? É que os sentidos não podem ser comunicados diretamente. Como bem observou Wittgennstein, “uma palavra tem o sentido que alguém lhe deu”. “O sentido de uma palavra é o seu uso na linguagem”. Para se entender não basta ler ou ouvir. É necessário descobrir o código (grifo nosso) segundo o qual as palavras são usadas.
A religião se revela, entre outras coisas, por meio de um discurso. Enquanto não descobrirmos o código (grifo nosso) que rege o uso dos seus símbolos, o discurso religioso permanece como um enigma ou um equivoco.

A obra de Rubens Saraceni é, para muitas pessoas, um código interpretativo, uma forma de  acessar e compreender os mistérios, o que nem de longe poderia engessá-la ou dogmatizá-la, já que o código neste sentido não visa “formatar” ou “enlatar” mas simplesmente explicar o que já existe, dar um sentido de ser para seus fundamentos e práticas, assentados em mistérios a serem “decodificados” e para tal nada melhor que um “código chave”.

Teologicamente falando, no contexto umbandista, a obra psicografada é um código fonte vindo da origem na qual foi idealizada a religião. O mesmo se dá com relação aos títulos psicografados na literatura espírita, que tem o objetivo de explicar a forma de entender o mundo sob a perspectiva dos espíritos, idealizadores de tal doutrina junto a Allan Kardec.

Esta questão esclarece muitos desentendimentos e conflitos no campo religioso, muitas vezes um determinado grupo se recusa a querer entender o sentido que outro grupo dá em seu discurso religioso, em sua doutrina e teologia. É muito fácil a qualquer grupo, para desclassificar o outro, simplesmente pegar as palavras do primeiro e dar-lhes outro sentido, diverso do sentido primeiro. Técnica esta presente nos “diálogos” ou discussões as quais um não tem interesse de entender o “código” de sentido usado pelo outro.

Neste mesma perspectiva Nietzche criticou a “dialética” de Hegel, ou mesmo a forma discursiva e irônica de Sócrates abordar seus “confrades”:


Notas:

1 Ed. Espiritualista, 1950

2 Op. Cit. Ed. Espiritualista. P. 7

3Umbanda e Política. P.51

4 Op. Cit. NEGRÃO São Paulo: Edusp, 1996.

5 Op. Cit. Ed. Freitas Bastos, 1960, 2ª ed. pp. 71-72

6 Op. Cit. São Paulo: Ed. Ícone, 1999. p. 219

7 Op. Cit. Rio de Janeiro: Ed. Freitas Bastos, 1994. 3ª ed. p.21

8 Op. Cit. São Paulo: Ícone, 1997. p.35

9 Op.Cit. , 1997. p.36

10 Aqui o autor refere-se ao Segundo Congresso Brasileiro de Umbanda
realizado em 1961.

11 Roger Bastide. As Religiões Africanas no Brasil São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1971 P. 441

12 Renato Ortiz. A Morte Branca do Feiticeiro Negro, São Paulo: Ed.
Brasiliense, 1991. 2ª ed. 183, 184 e 185

13 Op. Cit. São Paulo: Ed. Brasiliense / Abril Cultural, 1985. Coleção
Primeiros Passos. p.90, 93

14 Op. Cit. São Paulo: Ed. Madras, 2009. p.42

15 O que é Umbanda, 1985. p. 26

16 Umbanda e Política, 1985. p. 74

17 Rubem Alves. O Suspiro dos Oprimidos São Paulo: Ed. Paulus, 1987.
pp.38-39


Anexo

Abaixo está, na integra, o texto “Codificação da Umbanda”, publicado em 1973, por Cavalcanti Bandeira em seu livro "O que é a Umbanda", Editora ECO.

Codificação da Umbanda 

No longo caminho apontando aos crentes, a Umbanda marcha num sentido evolutivo para a realidade espiritual, porém necessita ter certa igualdade que possa servir de unidade doutrinária e permitir a prática semelhante em todos os Terreiros. Todavia, não deve incorrer no perigo de fixação em dogmas, tabus ou práticas ultrapassadas sem explicações lógicas ou aceitação de sua maioria.
O futuro exige a codificação do culto de Umbanda para não serem perdidos os trabalhos dos Pretos-Velhos e dos Ca­boclos, que tanto procuram ensinar aos crentes e dar uma orientação segura, capaz de evitar as mistificações e detur­pações desses que procuram viver às custas dos Terreiros ou dos que lá vão bus­car um alívio ou um conselho espiri­tual. Há ainda aqueles que teimam em ser diferentes e únicos. Realmente é difícil estabelecer normas básicas que possam servir de denominador comum aos cul­tos, como as práticas orientadas pelos en­si­namentos transmitidos pela tradição oral.
Necessita a Umbanda de ter uma li­tur­gia por todos aceita e seguida, senão, sofrerá as alterações naturais decorrentes dessa transformação oral do ensinamen­to, em função daquele que transmite e do que ouve.
Participando do II Congresso Brasi­leiro de Umbanda, reunido no Rio de Janeiro, em julho de 1961, concorremos com dois trabalhos; um com o título: “INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA E ETI­MO­LÓGICA DO VOCÁBULO UMBAN­DA”, o outro: “DOGMATISMO E HIERAR­QUIA”, que levados a plenário, foram amplamente discutidos e aprovados pelos Congressistas reunidos nesse conclave.
Apresentamos o trabalho sobre a palavra Umbanda, porque não era possível que se praticasse um culto, sem definir a origem etimológica e o signi­ficado original da palavra, em virtude de ser ponto básico definindo o sentido religioso. Nesse Congresso, fomos indi­cados para integrar a “Comissão Nacional de Codificação ao Culto de Umbanda”, e realizando-se a primeira reunião da Comissão em São Paulo, fomos escolhi­dos para o cargo de Relator de Religião que, se foi uma confiança depositada pelos codificadores, acarretou maiores encargos e responsabilidades pela extre­ma seriedade e profundidade do assunto.
Tivemos grande empenho para rea­lizar as tarefas, que não foram comple­mentadas no tempo previsto, de modo que proposto o III Congresso Brasileiro de Umbanda, para o ano de 1973, no Rio de Janeiro, fomos designados para presidir a Comissão Organizadora de tão importante conclave, que, no mesmo sentido, é mais uma busca de codificação dos cultos e união dos umbandistas.
Face às divergências encontradas e das dúvidas quanto às origens e fontes de onde surgiu o culto, que alguns pre­tendiam fosse hindu – sem justificar com dados concretos e seguros - , elaboramos um ensaio histórico, no qual condensa­mos nosso pensamento pessoal, porque sem a real raiz histórica não seria possível desenvolver o tema dentro dos fatos comprovados, evidenciando as fontes demonstráveis em trabalhos sérios e de outros autores insuspeitos e imparciais.
Demonstrando a antiguidade do homem e do conhecimento africano; a prática milenar de sua religiosidade e de suas iniciações; não quisemos e não queremos, absolutamente, levar a Um­banda para o africanismo, porque seria uma volta. Mas evidenciar sua origem em cultos que já de há muito tinham deli­mitadas a liturgia e a teogonia de modo preciso, servindo como base histórica, porque não foram inventadas e nem apareceram de uma noite para o dia, e sim, subindo a escada evolutiva que lhe permitiu a sucessividade continuada das épocas.
O roteiro histórico pé necessário pa­ra compreender a realidade panorâmica dos múltiplos rituais e feitios da Umbanda, como hoje é vista. As contribuições mar­cantes de cada origem e a evolução prin­cipal processada precisam ser apontadas, pois, seria emba­raçosa a tentativa de entendi­mento dos fundamentos iniciais e dos que se queiram imprimir aos rumos de uma codificação, ainda mais quando pretendem dar força a lendas não apoia­das pela tradição secular.
A realização do presente estudo exi­giu a leitura da maioria dos livros Umban­distas, entre­vistas com vários seguidores de diversas religiões e pesquisas em alguns estados do Brasil, inclu­sive pedidos de informações a conceituadas organiza­ções cul­tu­rais, notadamente de Angola, na África, e a pessoas de renome nesse cam­po. Como também a busca em livros sérios de pesquisadores e de outros que combatem a Umbanda, pois na­da afirma­mos sem uma base real; e não aceitamos certas invencionices e artifícios, fatos co­muns quando um assunto repousa em par­ce­las dispersas de ensinamentos ensombrados por lendas de múltiplas origens.
Julgamos isso importante para o conhe­cimento, porque, dá o sentido da realidade sedimentada através do tempo, embora as modificações decorrentes da evo­lução, do sincretismo e da diluição no passar dos anos, com a assimilação  de outras idéias e conceitos dos grupos raciais em contatos que, por si sós, são suficiente para escurecer as origens, se vistas superficialmente. Como afirma o Dr. Oswaldo Santos Ribas, médico em Cu­ritiba: “Ao tratarmos de uma religião como a Umbanda, sincretizada das gran­des seitas que têm surgido  e cujas ori­gens se perdem nos albores da civilização, nem sempre poderemos, quer pela socio­logia, antropologia, etnografia, história, etc., basear-nos nos fundamentos ditos cientificamente aceitos. A verdade é uma só: as leis divinas são as únicas imutáveis e a evolução é um dos seus máximos pre­ceitos. Nada se perde e tudo se trans­forma, diz a física. Igualmente, assim tam­bém é na espiritualidade e no estudos que nos propomos. Teremos de acom­pa­nhar as transformações sucessivas, ocorridas quanto o próprio modo de religar”.
Debatemos assunto com vários che­fes de culto e realizamos diversas confe­rências; agradecemos, pois, o auxílio da­do e a ajuda recebida, especialmente aos que contribuíram com seus conhecimen­tos iluminados pelas iniciações, esclare­cen­do temas tão controvertidos e ainda não definidos em vários pontos básicos. Falta uma unidade doutrinária, filosófica e cientifica do que a surgido em nossa literatura, que ressalta, apenas o lado fol­clórico, executando-se alguns livros dou­trinários de escritores umbandistas, e de estudiosos que procuram, com isenção de ânimos,  encontrar a essência que se esconde em meio a problemática das apresentações.
Os diversos caminhos percorridos pelos umbandistas convergem para uma junção nos cultos praticados, con­cor­rendo, para isso, os livros e as confrater­nizações religiosas, como meios de uma aproximação efetiva e unificadora.
Muito livro há surgido sobre a Um­ban­da, cada qual tem o direito de apre­sentar o lado dessa problemática, pois con­venhamos, cada um lança um facho de luz ao alcance e gosto de determinado grupo, assim, também, desmancham tre­vas permitindo uma claridade em sentido unificador.
Tudo tem uma razão de ser, e cada um segue o caminho que se ajusta ao seu modo particular de ver e sentir, e através da palavra é que estabelece essa comunicação que une e congrega.
A Umbanda é uma vasta porta aberta pelos seus rituais, cânticos, sentidos de popularização e de que o homem participa e sente diretamente o atendimento ao seu caso; assim a individualização con­corre para uma diversidade de práticas, abrangendo todas as cultuações.
Nota-se, porém, que há uma linha de continuidade canalizando os vários aflu­entes de todas as origens para uma integração e uma uniformidade de des­tino num futuro próximo, sendo bem opor­tuna a comunicação de Ramatís, através de Hercílio Maes no livro “Mediu­nismo”, quando diz: “A Umbanda que ain­da não cimentou sua unidade doutri­nária definitiva, nem afirmou o seu sistema único de trabalho em todas as latitudes da orbe, através do seu sincretismo afro-católico, transforma-se num trampolim favorável aos católicos, protestantes e outros religiosos dogmáticos para se familiarizarem com os ensinamentos da Reencarnação e a disciplina da Lei do Carma.
As imagens, os cânticos, o incenso, as velas e as oferendas dos rituais de Umbanda, algo parecido aos usos da Igreja Católica, atenuam o medo pro­vinciano dos católicos pelas manifes­tações mediúnicas; e pouco a pouco incu­tem-lhes o gosto pe­lo conhecimento da imortalidade do espí­rito pregada por to­das as filosofias reen­car­nacio­nistas”.
“Os chefes, as falan­ges e a linhas de Um­ban­da, com seus caboclos, pretos-velhos e silvícolas ape­sar da multipli­ci­dade de costumes, tempera­men­tos e propó­sitos dife­rentes do serviço que exe­cutam junto à maté­ria entrela­çam-se por se­veros com­pro­mis­so, deveres hierár­qui­cos e obrigações espi­rituais, que ainda não puderam ser compreen­didas sa­tisfatoriamente pelos seus próprios profi­tentes. No vasto panorama de relações entre o plano material e o mundo oculto, alicerçados pelo processo da magia, no âmbito da Umbanda, ainda repon­tam combinações confu­sas e tolices conde­náveis, à conta de elevado come­di­mento espiritual. Ainda lutam os umbandistas para alcançar a sua cons­tituição doutri­nária e es­coi­marem-na das excre­cências ridículas que de­for­mam a sua base eso­térica.
Nesse terreno foi mais feliz o Espiri­tismo, que partiu de uma unidade con­creta e alicerçada por investigações incessantes, com “testes” mediúnicos que exauriram Kardec mas o ajudaram a ex­tir­par com êxito as con­tradições. Os exo­tismos e as encenações ridículas da prática mediúnica desorientada. A Umbanda, portanto, ainda é o vasilhame fervente em que todos mexem, mas raros co­nhecem o seu verdadeiro tempero”.
Nós mesmos sabemos de tanta coisa que se propala como Umbanda ou em nome da Umbanda;  e outras práticas que todos nós condenamos, porque é preciso realmente sentir a Umbanda. Res­salta-se, assim, a necessidade de ter “a sua constituição doutrinária”, a sua codi­ficação básica, porém elástica em certos aspectos, tendo em vista a diversidade encontrada em certos aspectos, tendo em vista a diversidade encontrada que não permite, no momento, a rigidez re­gular de normas, especialmente, no to­can­te a certas alterações de ritual embora, este deva ter uma linha ajustável e sóbria, sem os exageros dispensáveis, que mais dificultam a fé do crente do que favorece o seu aprendizado, ou a difusão para obter adeptos.
Tem de ser o denominador comum, uma orientação ritualística aproximativa, porém dentro da firmeza filosófica-reli­giosa, de modo a evitar desuniões e inter­pretações errôneas, fazendo perma­nente esse pensamento codificador do Dr. Leopoldo Betiol médico e enge­nheiro em Porto Alegre: “Queremos ago­ra o que quisemos sempre: União, pro­gresso, entendimento, harmonia, con­córdia, paz; cooperação que sirva para erguer o nível mental da Umbanda, le­vando-a ao mais alto ponto de signi­fi­cação moral e doutrinária; isto que fize­mos nossa causa, que nunca foi uma ques­tão de pessoas que na altura do mérito sempre soubéramos louvar, acatar e respeitar. Aos que já revelaram sadia compreensão o nosso cordial muito obrigado. Sei que não faltam trabalha­do­res de boa vontade e muita fé, por isso mesmo, por causa da muita fé, a Umbanda gasta 60 anos para operar uma mudança do seu nível rasteiro suportando a crítica ferina dos impos­tores. É este vexame que nós queremos terminar se o irmão umbandista quiser cooperar”.
Não é coisa que se possa fazer de afogadilho, nem em prazo determinado. Prevendo a complexidade da matéria e vastidão do problema, apresentamos para o regimento interno da Comissão Nacional de Codificação do Culto de Umbanda, em 1961, a seguinte emenda:” O trabalho a ser apresentado pela Comissão será matéria para discussão e aprovação do Congresso Extraordinário, como anteprojeto de um código capaz de acompanhar a evolução e o aperfei­çoa­mento no decorrer do tempo”.
A preocupação constante de haver de uma orientação firme para a Umbanda se faz sentir há muito tempo. Já em 1939, João Freitas dá como diálogo, as suas idéias cometendo o fanatismo e o homem supersticiosos, que entravam o desenvol­vimento do culto. Afirma que o seu inter­locutor refere: “A necessidade de se ob­ser­var com precisão o ritual; e de ha­ver livros e organizações federativas ca­pa­zes de evitar as “literatices” prolixas e de­cepcionantes que se escondem em ora­tória e formas vocabulares em verda­dei­ra oscilação intelectual. Em suma, aca­bar-se-ão os charlatães, porque nin­guém se arvorará em chefe de terreiro sem es­tar devidamente munido de creden­ciais”.
Confirmando essa preocupação dominante, os umbandistas reuniram-se no Rio de Janeiro, em 1941, no I Con­gresso Brasileiro, quando iniciaram uma sistemática de codificação, ampliada com a realização II Congresso em 1961, a qual foi uma constante do temário do III Con­gresso Brasileiro de Umbanda, em 1973, pela preocupação máxima das Fede­ra­ções em obter uma estruturação adminis­trativa e religiosa como se evidencia no lema adotado: “Organizar para Unir”.
Em 1953, o livro de Emanuel Zespo, intitulado “Codificação da Lei de Umban­da” que, apesar de insuficiente, demons­tra a preocupação permanente dos since­ros, em querer estruturar os cultos exis­ten­tes, dentro de uma base coordenada evitando, assim, abusos e excessos.
Nessa mesma época, Lourenço Braga afirmava o seguinte: “Se a Umbanda fosse unificada, isto se todos trabalhassem nos mesmos dias, nas mesmas horas, da mesma forma, com o mesmo rituais, com os mesmo pontos riscados e os mesmo pontos cantados, (letras e músicas), etc., seriam os resultados de efeitos maravilho­sos, seria uma sinfonia perfeita de vibra­ções harmoniosas, cujas conseqüências, para os filhos da Terra, seriam surpreen­dentes e repletas de benefícios; devemos trabalhar para o progresso da Umbanda, mas de uma Umbanda como deve ser: isenta de materialidade, de ignorância, de atraso, de práticas condenadas pelo bom senso. Deve ser pura, elevada e evolucionista. Quando se atinge um certo grau de progresso espiritual, não é admissível se retroagir”.
O futuro exige a codificação para a Umbanda como culto organizado e não se tumultuarem os seguidores pela con­tradições de ensinamentos desordena­dos; nessa época com conhecimentos científicos em que tudo deve ser expli­cado à luz da razão. Com a realização do III Congresso Brasileiro de Umbanda, em Julho de 1973, foram adotadas resoluções importantes nesse sentido, especialmente em relação ao temário do referido conclave, que estava dividido em dois itens principais: Aspectos doutri­nários e filosóficos e aspectos administra­tivos e legais.
Foi, assim fundado um Ór­gão Nacional Interfederativo agrupando os Estados e Federações respectivas, visando uma estrutura administrativa me­tó­di­ca e uniforme para todo o Brasil, bem como foi adotado um só hino, e declarada a data de 13 de Maio como o Dia Nacional da Umbanda.
A codificação se impõe, especial­mente visando aos que abusam da credulidade alheia para a satisfação egoística e deturpada de interesses próprios, por vezes, menos confessáveis, colaborando para o mal maior. Porque sem amor ao interior que eleva e santifica, surge a hipocrisia de princípios para o uso externo, apenas convencionais, quando em seu interior procedem em desacordo com os ensinamentos da sã moral em seu verdadeiro sentido, pois só vale o sentir; e esse interno baseado na intenção do ato e, assim, as contas serão apreciadas apenas pela Justiça Divina, conforme as dívidas contraídas.
Os bons frutos só podem ser dados pelas boas árvores, de modo que se faz sentir a sintonia do médium em relação ao trabalho executado ou desejado como nos ensina Ramatís: “Cultive cada trabalhador o seu campo da meditação educando a mente indisciplinada e enriquecendo os seus próprios valores no domínio do conhecimento, multipli­cando as afinidades com a esfera Su­perior, e observará a extensão dos te­souros de serviço que poderá movi­mentar em benefício dos seus irmãos e de si mesmo. Sobretudo, ninguém me engane relativamente ao mecanismo absoluto em matéria de mediunidade”.
Esclarecendo que o valor real está na qualidade do médium, que deve ser tolerante e orientador, e não deve macular a sua vida com os interesses e caprichos de vaidade pessoal.
Não devemos esquecer um fato importante: Estamos vivendo uma reli­gião para o futuro e não para o momento presente, sendo assim, precisamos sentir o pensamento geral e a orientação se­guida; pelo menos o conteúdo doutri­nário e a orientação filosófica devem ser estudados e apreciados de modo seguro e preciso, porque a promoção é o meio visado para propagar as idéias e essas devem estar desenvolvidas, permitindo raciocínio em função da época cientifica em que vivemos e que possa, por todos ser compreendida, mesmo que não concordem com o explicado.
Dando uma apreciação de síntese, visamos principalmente a Codificação do Culto de Umbanda, mas a certeza de que o pensamento codificador se processará lentamente através dos anos, numa se­di­mentação que depende exclusivamente dos verdadeiros chefes de culto, aos qua­is cabe essa grande tarefa e respon­sabilidade, perante os crentes e a Lei Divina.
Julgamos ter cumprido a missão que, se melhor não o seja, vale pela intenção e o desejo de vencer a Causa. Procu­ramos transmitir a idéia de modo positivo e correto, sem quaisquer interesses pes­soais, ou desejos subalternos de evi­dências passageiras, pois estas se perdem no passar dos dias e se confundem no pó da estrada da vida, porque lampejam por instantes, sem a força esclarecedora que se proteja no tempo e no espaço.

Texto extraído do livro “O que é a Umbanda” de Cavalcanti Bandeira – Editora Eco 1973.



[1] Ed. Espiritualista, 1950
[2] Op. Cit. Ed. Espiritualista. P. 7
[3] Umbanda e Política. P.51
[4] Op. Cit. NEGRÃO São Paulo: Edusp, 1996.
[5] Op. Cit. Ed. Freitas Bastos, 1960, 2ª ed. pp. 71-72
[6] Op. Cit. São Paulo: Ed. Ícone, 1999. p. 219
[7] Op. Cit. Rio de Janeiro: Ed. Freitas Bastos, 1994. 3ª ed. p.21
[8] Op. Cit. São Paulo: Ícone, 1997. p.35
[9] Op.Cit. , 1997. p.36
[10] Aqui o autor refere-se ao Segundo Congresso Brasileiro de Umbanda realizado em 1961.
[11]  Roger Bastide. As Religiões Africanas no Brasil São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1971  P. 441
[12] Renato Ortiz. A Morte Branca do Feiticeiro Negro,  São Paulo: Ed. Brasiliense, 1991. 2ª ed. 183, 184 e 185
[13] Op. Cit. São Paulo: Ed. Brasiliense / Abril Cultural, 1985. Coleção Primeiros Passos. p.90, 93
[14] Op. Cit. São Paulo: Ed. Madras, 2009. p.42
[15] O que é Umbanda, 1985. p. 26
[16] Umbanda e Política, 1985. p. 74
[17] Rubem Alves. O Suspiro dos Oprimidos São Paulo: Ed. Paulus, 1987. pp.38-39
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"Umbanda é Religião, portanto só pode fazer o BEM !!!"
Alexandre Cumino
 

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