terça-feira, 14 de setembro de 2010

A ORIGEM DO MEDO




A doença psicológica do medo não está presa a qualquer
perigo imediato concreto e verdadeiro. Manifesta-se de várias formas, tais
como agitação, preocupação, ansiedade, nervosismo, tensão, pavor, fobia, etc.
Esse tipo de medo psicológico é sempre de alguma coisa que poderá acontecer,
não de alguma coisa que está acontecendo neste momento. Você está aqui e
agora, ao passo que a sua mente está no futuro. Essa situação cria um espaço
de angústia. E, caso estejamos identificados com as nossas mentes e tenhamos
perdido o contato com o poder e a simplicidade do Agora, essa angústia será
nossa companhia constante.
Podemos sempre lidar com uma situação no momento
em que ela se apresenta, mas não podemos lidar com algo que é apenas uma
projeção mental. Não podemos lidar com o futuro.
Além do mais, enquanto
estivermos identificados com a mente, o ego regerá as nossas vidas. Por conta
da sua natureza ilusória e apesar dos elaborados mecanismos de defesa, o ego
é muito vulnerável e inseguro e vê a si mesmo sob constante ameaça. Esse é o
caso aqui, mesmo que o ego seja muito confiante, em sua forma externa. Agora,
lembre-se de que uma emoção é a reação do corpo à mente.
Que mensagem o corpo
está recebendo permanentemente do ego, o falso eu interior construído pela
mente? Perigo está sob ameaça. E qual é a emoção gerada por essa mensagem
permanente? Medo é claro.
O medo parece ter várias causas. Tememos perder,
falhar, nos machucar, mas em última análise todos os medos se resumem a um
só: o medo que o ego tem da morte e da destruição. Para o ego, a morte está
bem ali na esquina. No estado de identificação com a mente, o medo da morte
afeta cada aspecto da nossa vida.
Por exemplo, mesmo uma coisa aparentemente
trivial ou "normal", como a necessidade compulsiva de estar certo em um
argumento e demonstrar à outra pessoa que ela está errada, acontece por causa
do medo da morte. Se estivermos identificados com uma atitude mental e
descobrirmos que estamos errados, nosso sentido de eu interior baseado na
mente correrá um sério risco de destruição.
Portanto, assim como o ego, você
não pode errar. Errar é morrer. Muitas guerras foram disputadas por causa
disso, e inúmeros relacionamentos foram destruídos.
Uma vez que não estejamos
mais identificados com a mente, não faz a menor diferença para o nosso eu
interior estarmos certos ou errados. Assim, a necessidade compulsiva e
profundamente inconsciente de termos sempre razão - o que é uma forma de
violência - vai desaparecer. Você poderá declarar de modo calmo e firme como
se sente ou o que pensa a respeito de algum assunto, mas sem agressividade ou
qualquer sentido de defesa. O sentido do eu interior passa a se originar de
um lugar profundo « verdadeiro dentro de você, não mais de
sua mente.
TENHA CUIDADO COM qualquer tipo de defesa dentro de você.
Está se defendendo de quê? De uma identidade ilusória, de uma imagem em
sua mente, de uma entidade fictícia. Ao trazer esse padrão à consciência,
ao testemunhá-lo, você deixa de se identificar com ele. À luz da
sua consciência, o padrão de inconsciência irá se dissolver
rapidamente.
Esse é o fim de todos os argumentos e jogos de poder, tão
prejudiciais aos relacionamentos. O poder sobre os outros é a fraqueza
disfarçada de força.
O verdadeiro poder é interior e está à sua disposição
agora
.
A mente procura sempre negar e escapar do Agora. Em outras
palavras, quanto mais nos identificamos com as nossas mentes, mais sofremos.
Ou ainda, quanto mais respeitamos e aceitamos o Agora, mais nos libertamos da
dor, do sofrimento e da mente.
Se não quer gerar mais sofrimento para você
e para os outros, se não quer acrescentar mais nada ao resíduo do sofrimento
do passado que ainda vive em você, não crie mais tempo, ou, pelo menos, não
mais do que o necessário para lidar com os aspectos práticos da sua vida.
Como deixar de criar tempo?
TENDO UMA PROFUNDA consciência de que o
momento presente é tudo o que você tem. Faça do Agora o foco principal da sua
vida.
Se antes você se fixava no tempo e fazia rápidas visitas ao Agora,
inverta essa lógica, fixando-se no Agora e fazendo visitas rápidas ao passado
e ao futuro quando precisar lidar com os aspectos práticos da sua
vida.
Diga sempre "sim" ao momento atual.


(Por Ekhart Tolle em
Praticando O Poder do Agora)





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