terça-feira, 31 de agosto de 2010

Uma Cosmogenese Umbandista


Uma Cosmogenese Umbandista
Por Rubens Saraceni

A Umbanda é uma renovação do tradicional culto às divindades africanas, englobados na classificação “cultos das nações” porque cada povo possuía sua religião própria, com seus ritos específicos, mas que mantinham uma analogia muito grande, tanto na preparação sacerdotal quanto organizacional de seus panteões divinos.
Com o passar dos anos o Panteão Nagô dos povos nigerianos ou de língua Yorubá acabou se destacando no Brasil e se impondo sobre os demais porque os Orixás popularizaram-se com a vinda de muitos escravos nigerianos, trazidos principalmente para a Bahia a partir do final do século XVIII e inicio do século XIX.
Sua classe sacerdotal era mais organizada e destacou-se muito rapidamente e mais ainda no decorrer dos séculos XIX e XX, espalhando o Culto aos Orixás para todo o Brasil, adaptando-os conforme foi possível e procurando conservar o máximo possível do conhecimento sobre eles.
Sendo a transmissão oral a forma que possuíam para preservarem o conhecimento, muito se perdeu sobre os Orixás e só uns poucos deles tornaram-se bem conhecidos e tiveram seus Cultos tradicionais preservados desde 1780 até 1908, quando foi fundada a Umbanda por Pai Zélio de Moraes.
Assim, muitas das coisas que se sabia sobre eles dentro dos seus cultos tradicionais na Nigéria não chegaram até nós ou haviam sido adaptadas segundo foi possível.
Daí, para os primeiros umbandistas não havia muito sobre os Orixás a disposição e se um Caboclo identificava-se como de Ogum ou de Xangô, etc., os seus médiuns ficavam sem muitas informações seguras sobre esses Orixás e quase todos recorriam aos santos católicos sincretizados com eles como forma de conhecê-los.
E os santos católicos tiveram suas historias popularizada pelos umbandistas, que as passavam de mão em mão para poderem ensinar os novos médiuns, sendo que os santos sincretizados com os Orixás tornaram-se muito populares e muito cultuados no Brasil devido a compra de suas imagens para os altares umbandistas.
Esse conhecimento bem terra sobre os Orixás predominou no 1º século de existência da Umbanda, graças ao sincretismo e o que se sabia sobre os santos católicos.
Ao estudioso da Umbanda, basta consultar os livros de muitos autores umbandistas para confirmarem o que até aqui afirmamos.
Não havia um conhecimento profundo sobre os Orixás e o  que se sabia ou se escrevia sobre eles não saia desse nível terra do conhecimento.
Antes de terem se espalhado pelo mundo todo, os Orixás só haviam sido cultuados pelos povos Nagôs ou Nigerianos... e na língua Yorubá.
Mas um conhecimento novo  sobre os Orixás  começou a ser aberto por um espírito chamado “Pai Benedito de Aruanda” e ensinado por seu médium psicografo e fundador do Colégio de Umbanda Sagrada.
E isso, sem que ele fosse Teólogo ou formado em qualquer Escola Iniciatica , Esotérica ou Ocultista,  mas criando uma base para o estudo doutrinário e teológico umbandista.
 Toda religião tem sua cosmogenese ou gênese divina, que descreve para os seus seguidores a forma com Deus criou o “mundo”.
A Umbanda por ser a somatória de varias doutrinas e rituais religiosos tanto pode escolher a cosmogenese dos povos  Nagôs, quanto aos Cultos Indígenas Brasileiros, assim como pode servir-se da Judaica, incorporada pelo Cristianismo pois essas três religiões estão presentes devido a manifestação dos Caboclos e Pretos-velhos, dentro de uma moral Cristã.
Também pode recorrer à cosmogenese da ultima religião de guias espirituais  hindus, chineses, etc.
Mas sempre será uma adaptação de cosmogeneses alheias, muitas delas já extintas no plano material.
Portanto, por ser a somatória do conhecimento de espíritos doutrinados em outras religiões, a Umbanda não pode e não deve optar por  nenhuma delas porque não seria aceita por todos os umbandistas, com cada um tendo seu mentor espiritual formado por alguma das outras religiões do passado ou da atualidade.
Logo, a Umbanda tem que ter sua própria cosmogenese, genuinamente umbandista.
-         Ainda que se sirva da base Yorubana na nomenclatura do seu Panteão Divino e das qualidades dos Orixás e tudo mais, no entanto só deve preservar a “essência” desse conhecimento que nos chegou através da transmissão oral que preservou o essencial para que o culto aos Orixás se perpetuasse no tempo e servisse de ponto de partida para o surgimento de novas religiões fundamentadas neles, tal como Judaísmo preservou sua cosmogenese que posteriormente fundamentou o Cristianismo e o Islamismo, grandes religiões da atualidade, muito maiores em numero de seguidores.
Como qualquer uma das antigas cosmogeneses só agradaria um número limitado de seguidores da Umbanda, após observar a religião em seu lado material por muito tempo, os “espíritos superiores” que fundaram-na através de Pai Zelio de Morais liberaram todo um conhecimento ainda não disponível até então no plano material que fundamenta todas as suas praticas religiosas e magísticas sem, em momento algum  contradizer ou negar a essência da cosmogenese Yorubana ou Nagô.
Até porque esse não é o propósito deles e sim, é fundamentar tudo o que foi preservado e o que não chegou ao Brasil e só existe na Nigéria.
A cosmogenese disponibilizada pelos espíritos mentores da religião umbandista não se fundamenta em mitos ou lendas e sim, fundamenta-se no estudo profundo e elevadíssimo desenvolvido nas escolas espirituais existentes nos planos mais elevados dos nosso Planeta, estudo esse desenvolvido por espíritos que já não encarnam mais porque ascencionaram à 7ª faixa vibratória positiva da dimensão humana da vida e hoje atuam em beneficio da humanidade através de suas hierarquias ou correntes espirituais, que chegam até o plano material através dos guias espirituais dos médiuns umbandistas e dos protetores espirituais que todo ser encarnado possui.
Esse cosmogenese é tão abrangente que explica a religião Umbanda, todos os Orixás cultuados nela, todas as linhas de trabalhos espirituais, todas as ancestralidades dos filhos dos Orixás, todas as praticas religiosas e magísticos realizadas na Umbanda e pelos umbandistas.
Também explica as cores, o uso de colares, de fitas, de cordões, de toalhas, de flores, de pedras, de ervas, de velas, de águas, de pós, de pembas, de pontos riscados e cantados, etc.
Enfim, ela explica a existência dos seres e das coisas criadas por Deus, assim como explica porque cada pessoa, seja umbandista ou não, possui ligação com os Sagrados Orixás e deles pode servir-se, mesmo que não tenha sido iniciada na Umbanda e nada saiba sobre eles, as divindades mistérios que governam a Criação Divina.
       Alguns dos livros que  trazem esse conhecimento novo seguem abaixo:
       -Umbanda Sagrada
       -Tratado Geral de Umbanda
       -Orixás Ancestrais
       -Orixá Exu
       -Orixá Pombagira
       -Orixá Exu Mirim
       -Livro de Exu
       -Doutrina e Teologia de Umbanda
       -Teogonia de Umbanda
       -Código de Umbanda
       -Gênese de Umbanda
       -Formulário de Consagrações Umbandista
       -Iniciação à Escrita Mágica Simbólica
       -Código da Escrita Mágica Simbólica
       -Tratado de Escrita Mágica , etc ...
Todos editados pela Madras Editora.
                                                                             Pai Rubens Saraceni

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