quarta-feira, 16 de setembro de 2009

PAI OGUM





FILHOS DE OGUM

Ogum é o Orixá da guerra, da demanda, da luta. Seu
filho carrega em seu gênio todas as suas características. É
pessoa de tipo
esguio e procura sempre manter-se bem fisicamente. Adora o esporte e
está sempre agitado e em movimento.

A sua impaciência é tão marcante que não gosta de
esperar. É afoito. Tem decisões precipitadas. Inicia tudo sem
se preocupar
como vai terminar e nem quando. Está sempre em busca do considerado
o impossível.

Ama o desafio. Não recusa luta e quanto maior o
obstáculo mais desperta a garra para ultrapassá-lo. Como os
soldados que
conquistavam cidades e depois a largavam para seguir em novas
conquistas, os filhos de Ogum perseguem tenazmente um objetivo:
quando o atinge, imediatamente o larga e parte em procura de outro.
É insaciável em suas próprias conquistas.

Uma marca muito forte de seu Orixá, é tornar-se violento
repentinamente. Seu gênio é muito forte. Não admite a
injustiça e
costuma proteger os mais fracos, assumindo integralmente a situação
daquele que quer proteger. Leal e correto, é um líder.

Sabe mandar sem nenhum constrangimento e ao mesmo tempo sabe
ser mandado, desde que não seja desrespeitado.
Adapta-se facilmente em qualquer lugar. Come para viver, não fazendo
questão da qualidade ou paladar da comida.

Por ser Ogum o Orixá do Ferro e do Fogo seu filho gosta
muito de armas, facas, espadas e das coisas feitas em ferro ou latão.
É franco, muitas vezes até com assustadora agressividade. Não
faz rodeio para dizer as coisas. Não admite a fraqueza, falsidade e
a falta de garra. O difícil? é a sua maior tentação.

Nenhum filho de Ogum nasce equilibrado. Seu temperamento,
difícil e rebelde, o torna, desde a infância, quase um
desajustado. Entretanto, como não depende de ninguém para vencer
suas dificuldades, com o crescimento vai se libertando e
acomodando-se às suas necessidades.

Quando os filhos de Ogum conseguem equilibrar seu gênio
impulsivo com sua garra, a vida lhe fica bem mais fácil. Quando ele
consegue esperar ao menos 24 hs para decidir, evitaria muitos revezes,
muito embora, por mais incrível que pareça, são calculistas e
estrategistas.

Contar até 10 antes de deixar explodir sua zanga, também
lhe evitaria muitos remorsos. Seu maior defeito é o gênio
impulsivo
e sua maior qualidade é que sempre, seja pelo caminho que for,
será sempre um vencedor.

Cor: vermelha e branca.

Ervas: Aroeira; Pata de Vaca; Carqueja; Losna; Comigo-Ninguém-Pode;
Folhas de Romã; Espada de S. Jorge; Flecha de Ogum; Cinco
Folhas; Macaé; Folhas de Jurubeba.

UMA LENDA DE OGUM

Ogum era o mais velho e mais combativo dos filhos de Odudua, o
conquistador e rei de Ifé. Por isto tornou-se regente do reino
quando Odudua, momentaneamente, perdeu a visão. Ogum era guerreiro
sanguinário e temível.

"Ogum, o valente guerreiro, o homem louco dos músculos de
aço! Ogum, que tendo água em casa, lava-se com sangue!" Ogum
lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia, sempre, um
rico espólio de suas expedições, além de numerosos escravos.

Todos esses bens conquistados ele entregava ao Ododua, seu
pai, rei de Ifé. "Ogum, o violento guerreiro, o homem louco de
músculos de aço. Ogum, que tendo água em casa, lava-se com
sangue!"

Ogum teve muitas aventuras galantes. Ele conheceu uma senhora
chamada Elefunlosunlori - "aquela-que-pinta-a-cabeça-com-
pós-branco-e-vermelho."

Era mulher de orixá Okô, o deus da agricultura. De
outra feita, indo para a guerra Ogum encontrou à margem de um riacho
uma
outra mulher chamada Ojá, e com ele teve o filho Oxossi. Teve
também três outras mulheres que tornaram-se, posteriormente
mulheres de Xangô. Kawô Kabiysi Alafin Oyô Alayeluwa!

"Saudemos o rei Xangô, o dono do palácio de Oyó,
senhor do mundo!" A primeira, Iansâ, era
bela e fascinante; a segunda Oxum, coquete e vaidosa; a terceira Obá
era vigorosa e invencível.

Ogum continuou suas guerras. Durante uma delas, ele tomou
Irê. Antigamente, esta cidade era formada por sete aldeias. Por
isto chamam-no, ainda hoje, Ogum Mejejê Lodê Irê "Ogum das
setes partes do Irê."

Ogum matou o rei Onirê e o substituiu pelo próprio filho
conservando para si o título de rei. Ele é saudado como Ogum
Onirê!
"Ogum rei de Irê!" Entretanto ele foi autorizado a usar apenas uma
pequena coroa, "Akorô" dai ser chamado também de Ogum
Alakorô - "Ogum dono da pequena coroa."

Após instalar seu filho no trono de Irê, Ogum foi-se
guerrear durante muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa
ausência,
ele não reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada,
celebrava-se uma cerimônia, na qual, todo mundo devia aguardar
silêncio completo.

Ogum tinha fome e sede. Ele viu as jarras de vinho de palma,
mas desconhecia que elas já estavam vazias. O silêncio geral
pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum cuja paciência é curta,
encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada e depois cortou
a cabeça de pessoas.

A cerimônia tendo acabada apareceu finalmente o filho de
Ogum e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: carne de chorro, de
preferência crua, caracóis com feijão, regados ao dendê e
tudo acompanhado de muito vinho de palma. Os habitantes de Irê
batiam
tambores e cantavam louvores: " Ogum violento guerreiro, o homem louco
dos músculos de aço.

"Ogum, tendo água em casa lava-se com sangue! Os prazeres
de Ogum são combates e brigas. O terrível orixá que morde a
si mesmo sem dó! Ogum mata o marido no fogo e a mulher no fogareiro.
Ogum mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada!"

Ogum arrependido e calmo lamentou seus atos de violência e
disse que já viverá bastante, que viera agora o tempo de se
repousar. Ele baixou então sua espada e desapareceu sob a terra.
Ogum tornara-se um Orixá.

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