terça-feira, 17 de março de 2009

Incorporação Mediúnica


TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO: "O ABC DO SERVIDOR UMBANDISTA" - AUTORIA:

PAI JURUÁ - NO PRELO.

Incorporação Mediúnica:

É a forma de mediunidade que se caracteriza pela transmissão falada

das mensagens dos Espíritos. É, em nossos dias, a faculdade mais

encontrada na prática mediúnica umbandista. Pode-se dizer que é uma

das mais úteis, pois, além de oferecer a oportunidade de diálogo com

os Espíritos comunicantes, ainda permite a doutrinação e consolação

dos Espíritos pouco esclarecidos sobre as verdades espirituais.

O papel do médium seja ele consciente ou não, é sempre passivo, visto

que servindo de intérprete neste intercâmbio, deve compreender o

pensamento do Espírito comunicante e transmiti-lo sem alteração, o que

é mais difícil quanto menos treinado estiver.

A incorporação é também denominada psicofonia, sendo esta denominação

preferida por alguns porque acham que incorporação poderia dar a idéia

do Espírito comunicante penetrando o corpo do médium, fato que sabemos

não ocorrer.

Martins Peralva, na sua obra "Estudando a Mediunidade”, que por sua

vez, baseou-se na obra "Nos Domínios da Mediunidade", ditada pelo

Espírito André Luiz ao médium Francisco Cândido Xavier, esclarece que:

"É através dela (a incorporação), que os desencarnados narram, quando

desejam (ou quando lhes é facultado), os seus aflitivos problemas,

recebendo dos doutrinadores, em nome da fraternidade cristã, a palavra

do esclarecimento e da consolação."

"Referindo-se aos benefícios recebidos pelo Espíritos nas sessões

mediúnicas, é oportuno lembrarmos o que afirmam mentores balizados

(balizar - v. tr. dir. Indicar por meio de balizas; abalizar;

distinguir; determinar a grandeza de.).

Léon Denis, por exemplo, acentua que, no Espaço, sem a benção da

incorporação, os seus fluidos, ainda grosseiros, "não lhe permitem

entrar em relação com Espíritos mais adiantados".

O Assistente Aulus, focalizando o assunto, esclarece que eles "trazem

ainda a mente em teor vibratório idêntico ao da existência na carne,

respirando na mesma faixa de impressões".

Emmanuel, com a palavra sempre acatada salienta a necessidade do

serviço de esclarecimento aos desencarnados, uma vez que se conservam,

"por algum tempo, incapazes de apreender as vibrações do plano

espiritual superior".

No Livro "Desafios da Mediunidade", o Espírito Camilo (mentor do

médium e conferencista José Raul Teixeira), examina o termo

"incorporação" – Questão n.º 28, trazendo um enfoque muito importante:

"É correto falar-se em "incorporação"?"

Resposta: "Não se trata bem da questão de certo ou errado. Trata-se de

uma utilização tradicional, uma vez que nenhum estudioso do

Espiritismo, hoje em dia, irá supor que um desencarnado possa

"penetrar" o corpo de um médium, como se poderia admitir num passado

não muito distante.

O fato de continuar-se a usar o termo incorporação, nos meios

umbandistas, também se deve a sua abrangência. Comumente (adj.

Vulgarmente; geralmente. (De comum.)), é proposto o termo psicofonia;

contudo, para muitos, a expressão estaria indicando somente fenômenos

da fala, como na psicografia temos o fenômeno da escrita, tão somente.

Ocorre que podemos encontrar médiuns psicógrafos cujo psiquismo os

desencarnados comandam plenamente. Aqui, então, tecnicamente, o termo

psicofonia, não se aplicaria, enquanto ficaria suficientemente

compreensível o termo incorporação.

Evocamos, então, o pensamento kardequiano, expresso em O Livro dos

Espíritos, dando elasticidade ao termo "alma", a fim de fazer o mesmo

no tocante ao termo incorporação. Como ele aparece com muita

freqüência ao longo dos estudos espíritas: "cumpre fixarmos bem o

sentido que lhe atribuímos, a fim de evitarmos qualquer engano." (O

Livro dos Espíritos, Introdução - II, final.)

Os médiuns de incorporação são classificados em conscientes, semi-

conscientes e inconscientes.

Médiuns Conscientes:

Corresponde a 90% dos médiuns de incorporação.

Pode-se dizer que um médium consciente é aquele que durante o

transcurso do fenômeno tem consciência plena do que está ocorrendo. O

Espírito comunicante entra em contato com as irradiações do corpo

astral do médium, e, emitindo também suas irradiações advindas do seu

corpo astral, forma a atmosfera fluídica capaz de permitir a

transmissão de seu pensamento ao médium, que, ao captá-lo, transmitirá

com as suas possibilidades, em termos de capacidade intelectual,

vocabulário, gestos, etc.

O médium age como se fosse um intérprete da idéia sugerida pelo

Espírito, exprimindo-a conforme sua capacidade própria de

entendimento.

Na fase de incorporação consciente, se o Guia Espiritual conseguir

passar para o médium 10% do que ele deseja, se dará por satisfeito; o

médium contribui com 90% do seu animismo. Esta forma de mediunidade

será tanto mais proveitosa quanto maior for à cultura do médium e suas

qualidades morais, a influência de espíritos bons e sábios, a

facilidade e a fidelidade na filtração das idéias transmitidas. Seu

desenvolvimento exige estudo constante, bom senso e análise contínua

por parte do médium.

No Cap. XIX do "Livro dos Médiuns", especificamente o item 225

descreve a dissertação dada espontaneamente por um Espírito superior,

sobre a questão do papel do médium, como segue:

"Qualquer que seja a natureza dos médiuns escreventes, quer mecânicos

ou semimecânicos, quer simplesmente intuitivos, não variam

essencialmente os nossos processos de comunicação com eles. De fato,

nós nos comunicamos com os Espíritos encarnados dos médiuns, da mesma

forma que com os Espíritos propriamente ditos, tão só pela irradiação

do nosso pensamento".

"Os nossos pensamentos não precisam da vestidura (s. f. Tudo o que se

pode vestir; vestimenta; traje; fato. (Do lat. vestitura.) da palavra,

para serem compreendidos pelos Espíritos e todos os Espíritos percebem

os pensamentos que lhes desejamos transmitir, sendo suficiente que

lhes dirijamos esses pensamentos e isto em razão de suas faculdades

intelectuais."

"Quer dizer que tal pensamento tais ou quais Espíritos o podem

compreender, em virtude do adiantamento deles, ao passo que, para tais

outros, por não despertarem nenhuma lembrança, nenhum conhecimento que

lhes dormitem no fundo do coração, ou do cérebro, esses mesmos

pensamentos não lhes são perceptíveis. Neste caso, o Espírito

encarnado, que nos serve de médium, é mais apto a exprimir o nosso

pensamento a outros encarnados, se bem não o compreenda, do que um

Espírito desencarnado, mas pouco adiantado, se fôssemos forçado a

servir-nos dele, porquanto o ser terreno põe seu corpo, como

instrumento, à nossa disposição, o que o Espírito errante não pode

fazer."

"Assim, quando encontramos em um médium o cérebro povoado de

conhecimentos adquiridos na sua vida atual e o seu Espírito rico de

conhecimentos latentes, obtidos em vidas anteriores, de natureza a nos

facilitarem as comunicações, dele de preferência nos servimos, porque

com ele o fenômeno da comunicação se nos toma muito mais fácil do que

com um médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos

anteriormente adquiridos. Vamos fazer-nos compreensíveis por meio de

algumas explicações claras e precisas."

"Com um médium, cuja inteligência atual, ou anterior, se ache

desenvolvida, o nosso pensamento se comunica instantaneamente de

Espírito a Espírito, por uma faculdade peculiar à essência mesma do

Espírito. Nesse caso, encontramos no cérebro do médium os elementos

próprios a dar ao nosso pensamento a vestidura da palavra que lhe

corresponda e isto quer o médium seja intuitivo, quer semimecânico, ou

inteiramente mecânico”.

Essa a razão por que, seja qual for à diversidade dos Espíritos que se

comunicam com um médium, os ditados que este obtém, embora procedendo

de Espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunho

que lhe é pessoal.

Com efeito, se bem o pensamento lhe seja de todo estranho, se bem o

assunto esteja fora do âmbito em que ele habitualmente se move, se bem

o que nós queremos dizer não provenha dele, nem por isso deixa o

médium de exercer influência, no tocante à forma, pelas qualidades e

propriedades inerentes à sua individualidade. É exatamente como quando

observais panoramas diversos, com lentes matizadas (matizar - v. tr.

dir. Variar, graduar (cores); dar cores vivas a; ornar; enfeitar; pr.

ostentar cores variadas.), verdes, brancas, ou azuis; embora os

panoramas, ou objetos observados, sejam inteiramente opostos e

independentes, em absoluto, uns dos outros, não deixam por isso de

afetar uma tonalidade que provém das cores das lentes."

"Ou, melhor: comparemos os médiuns a esses bocais cheios de líquidos

coloridos e transparentes, que se vêem nos mostruários dos

laboratórios farmacêuticos. Pois bem, nós somos como luzes que

clareiam certos panoramas morais, filosóficos e internos, através dos

médiuns, azuis, verdes, ou vermelhos, de tal sorte que os nossos raios

luminosos, obrigados a passar através de vidros mais ou menos bem

facetados (facetar - v. tr. dir. Fazer facetas em; lapidar; (fig.)

aprimorar.), mais ou menos transparentes, isto é, de médiuns mais ou

menos inteligentes, só chegam aos objetos que desejamos iluminar,

tomando a coloração, ou, melhor, a forma de dizer própria e particular

desses médiuns. Enfim, para terminar com uma última comparação: nós os

Espíritos somos quais compositores de música, que hão composto, ou

querem improvisar uma ária e que só têm à mão ou um piano, um violino,

uma flauta, um fagote ou uma gaita de dez centavos. É incontestável

que, com o piano, o violino, ou a flauta, executaremos a nossa

composição de modo muito compreensível para os ouvintes. Se bem sejam

muito diferentes uns dos outros os sons produzidos pelo piano, pelo

fagote ou pela clarineta, nem por isso ela deixará de ser idêntica em

qualquer desses instrumentos, abstração feita dos matizes do som. Mas,

se só tivermos à nossa disposição uma gaita de dez centavos, ai está

para nós a dificuldade."

"Efetivamente, quando somos obrigados a servir-nos de médiuns pouco

adiantados, muito mais longo e penoso se torna o nosso trabalho,

porque nos vemos forçados a lançar mão de formas incompletas, o que é

para nós uma complicação, pois somos constrangidos a decompor os

nossos pensamentos e a ditar palavra por palavra, letra por letra,

constituindo-se isso numa fadiga e num aborrecimento, assim como um

entrave real à presteza e ao desenvolvimento das nossas

manifestações."

"...” Quando queremos transmitir ditados espontâneos, atuamos sobre o

cérebro, sobre os arquivos do médium e preparamos os nossos materiais

com os elementos que ele nos fornece e isto à sua revelia (loc. adv.):

sem comparecimento ou conhecimento da parte revel. (De revel.). E como

se lhe tomássemos à bolsa as somas que ele aí possa ter e puséssemos

as moedas que as formam na ordem que mais conveniente nos parecesse."

“... Sem dúvida, podemos falar de matemáticas, servindo-nos de um

médium a quem estas sejam absolutamente estranhas; porém, quase

sempre, o Espírito desse médium possui, em estado latente,

conhecimento do assunto, isto é, conhecimento peculiar ao ser fluídico

e não ao ser encarnado, por ser o seu corpo atual um instrumento

rebelde, ou contrário, a esse conhecimento. O mesmo se dá com a

astronomia, com a poesia, com a medicina, com as diversas línguas,

assim como com todos os outros conhecimentos peculiares à espécie

humana."

"Finalmente, ainda temos como meio penoso de elaboração, para ser

usado com médiuns completamente estranhos ao assunto de que se trate o

da reunião das letras e das palavras, uma a uma, como em tipografia."

"Conforme acima dissemos, os Espíritos não precisam vestir seus

pensamentos; eles os percebem e transmitem, reciprocamente, pelo só

fato de os pensamentos existirem neles. Os seres corpóreos, ao

contrário, só podem perceber os pensamentos, quando revestidos.

Enquanto que a letra, a palavra, o substantivo, o verbo, a frase, em

suma, vos são necessários para perceberdes, mesmo mentalmente, as

idéias, nenhuma forma visível ou tangível é necessária a nós." Erasto

e Timóteo.

Complementa Kardec:

"NOTA. Esta análise do papel dos médiuns e dos processos pelos quais

os Espíritos se comunicam é tão clara quanto lógica. Dela decorre,

como princípio, que o Espírito haure, não as suas idéias, porém, os

materiais de que necessita para exprimi-las, no cérebro do médium e

que, quanto mais rico em materiais for esse cérebro, tanto mais fácil

será a comunicação.

Quando o Espírito se exprime num idioma familiar ao médium, encontra

neste, inteiramente formadas, as palavras necessárias ao revestimento

da idéia; se o faz numa língua estranha ao médium, não encontra neste

as palavras, mas apenas as letras. Por isso é que o Espírito se vê

obrigado a ditar, por assim dizer, letra a letra, tal qual como quem

quisesse fazer que escrevesse alemão uma pessoa que desse idioma não

conhecesse uma só palavra. Se o médium é analfabeto, nem mesmo as

letras fornece ao Espírito. Preciso se torna a este conduzir-lhe a

mão, como se faz a uma criança que começa a aprender. Ainda maior

dificuldade a vencer encontra aí, o Espírito. Estes fenômenos, pois,

são possíveis e há deles numerosos exemplos; compreende-se, no

entanto, que semelhante maneira de proceder pouco apropriada se mostra

para comunicações extensas e rápidas e que os Espíritos hão de

preferir os instrumentos de manejo mais fácil, ou, como eles dizem, os

médiuns bem aparelhados do ponto de vista deles.

Se os que reclamam esses fenômenos, como meio de se convencerem,

estudassem previamente a teoria, haviam de saber em que condições

excepcionais eles se produzem.

Médiuns Semi Conscientes:

Corresponde a 8% dos médiuns de incorporação.

É a forma de mediunidade psicofônica em que o médium sofre uma semi-

exteriorização do corpo astral, permitindo que esse fenômeno ocorra.

O médium sofre uma semi-exteriorizacão do corpo astral em presença do

Espírito comunicante, com o qual possui a devida afinidade; ou quando

houve o ajustamento vibratório para que a comunicação se realizasse.

Há irradiação e assimilação de fluidos emitidos pelo Espírito e pelo

médium; formando a chamada atmosfera fluídica; e então ocorre a

transmissão da mensagem do Espírito para o médium.

O médium vai tendo consciência do que o Espírito transmite à medida

que os pensamentos daquele vão passando pelo seu cérebro, todavia o

médium deverá identificar o padrão vibratório e a intencionalidade o

Espírito comunicante, tolhendo-lhe qualquer possibilidade de

procedimentos que firam as normas da boa disciplina mediúnica.

Ainda na forma semi-consciente, embora em menor grau que na

consciente, poderá haver interferência do médium na comunicação, como

repetição de frases e gestos que lhe são próprios, motivo porque

necessita aprimorar sempre a faculdade, observando bem as suas reações

no fenômeno, para prevenir que tais fatos sejam tomados como

"mistificação". Essa é a forma mais disseminada (disseminar - v. tr.

dir. Semear, espalhar por muitas partes; derramar; difundir, propagar.

(Do lat. disseminare.) de mediunidade de incorporação.

Geralmente, o médium, precedendo (preceder - v. tr. dir. anteceder;

estar colocado imediatamente antes de; chegar antes de. (Do lat.

praecedere.) a comunicação, sente uma frase a lhe repetir

insistentemente no cérebro; e, somente após emitir essa primeira frase

é que as outras surgirão. Terminada a transmissão da mensagem, muitas

vezes o médium só lembra, vagamente, do que foi tratado.

Médiuns Inconscientes:

Corresponde a 2% dos médiuns de incorporação.

Esta forma de mediunidade de incorporação caracteriza-se pela

inconsciência do médium quanto à mensagem que por seu intermédio é

transmitida. Isto se verifica por se dar uma exteriorização total do

corpo astral do médium.

O fenômeno se dá como nas formas anteriores, somente que numa gradação

mais intensa. Exteriorização do corpo astral, afinização com a

entidade que se comunicará, emissão e assimilação de fluidos, formação

da atmosfera necessária para que a mensagem se canalize por intermédio

dos órgãos do médium, são indispensáveis.

Embora inconsciente da mensagem, o médium é consciente do fenômeno que

está se verificando, permanecendo, muitas vezes, junto da entidade

comunicante, auxiliando-a na difícil empreitada, ou, quando tem plena

confiança no Espírito que se comunica, poderá afastar-se em outras

atividades.

O médium, mesmo na incorporação inconsciente, é o responsável pela boa

ordem do desempenho mediúnico, porque somente com a sua aquiescência

(s. f. Ato de aquiescer; anuência; assentimento, consentimento), ou

com sua conivência (s. f. Qualidade de conivente; cumplicidade

dissimulada; colaboração. (Do lat. conniventia.), poderá o Espírito

realizar algo.

Os Espíritos esclarecem que quando um Espírito se acha desprendido do

seu corpo, quer pelo sono físico, quer pelo transe espontâneo ou

provocado, e algo estiver iminente a lhe causar dano ao corpo, ele

imediatamente despertará. Assim também acontecerá com o médium cuja

faculdade se acha bem adestrada (adestrar - v. tr. dir. Tornar destro;

ensinar; exercitar; treinar; pr. tornar-se destro.), mesmo estando em

condições de passividade total; se o Espírito comunicante quiser lhe

causar algum dano ou realizar algo que venha contra seus princípios,

ele imediatamente tomará o controle do seu organismo, despertando.

Geralmente, o médium, ao recobrar sua consciência, nada ou bem pouco

recordará do ocorrido ou da mensagem transmitida. Fica uma sensação

vaga, comparável ao despertar de um sonho pouco nítido em que fica uma

vaga impressão, mas que a pessoa não saberá afirmar com certeza do que

se tratou.

Nos casos em que é deficiente ou viciosa a educação mediúnica, não há

a facilidade do intercâmbio, faltando liberdade e segurança; o médium

reage à exteriorização perispirítica, dificultando o desligamento e

quase sempre intervém na comunicação, truncando-a (truncar - v. tr.

dir. Separar do tronco; mutilar; omitir parte importante de. (Do lat.

truncare.).

Algumas vezes se tornam necessários, para o prosseguimento da educação

mediúnica, nos chamados exercícios de incorporação, que os Mentores

encarregados de tal desenvolvimento auxiliem o médium para que a

exteriorização se dê. Para evitar o perigo da obsessão, eles cuidarão

de exercitar o médium com os Espíritos comunicantes que não lhe

ofereça perigo. Todavia, ainda nesse caso, a responsabilidade pelo

desenvolvimento mediúnico está entregue ao médium, pois, se algo lhe

acontecer, ele poderá despertar automaticamente. O mesmo não acontece

no fenômeno obsessivo.

A mediunidade de psicofonia inconsciente é uma das mais raras no

gênero. Para que o médium se entregue plenamente confiante ao fenômeno

dessa ordem, é necessário que ele tenha confiança na sua faculdade,

nos Espíritos que o assistem e, principalmente, no ambiente espiritual

da reunião que freqüenta.

O Espírito Camilo no já citado livro "Desafios da Mediunidade",

analisa alguns aspectos importantes relacionados com o tema:

Questão 15: "É possível para o médium inconsciente, após o transe,

lembrar-se das sensações que teve durante a comunicação mediúnica?"

Resposta: "Tendo-se em conta que o médium, em estado de transe

inconsciente, não se acha desligado do seu corpo físico, mas somente

desprendido, podem remanescer em seus registros cerebrais certas

impressões, ou sensações, obtidas durante o transe, podendo mencioná-

las quando retorne a sua normalidade.

Durante o transe inconsciente, é comum acontecer que o médium fique

num estado de sono profundo, mas que lhe permite captar sons,

presenças variadas, luminosidade, ainda que não distinga esses sons,

não identifique essas presenças ou não perceba donde vem a claridade.

Essas sensações difusas podem fixar na memória atual e ser lembradas

após o transe. Contudo, isso varia de um para outro medianeiro, não

havendo uniformidade nessa questão."

Questão 14: "O fato de a mediunidade manifestar-se consciente ou

inconscientemente guarda relação com o adiantamento moral do médium?”.

Resposta: "De modo nenhum. A manifestação mediúnica, de aspecto

consciente ou inconsciente, nada tem a ver com o grau evolutivo do

médium, mas está relacionada com aspectos fisiológicos ou psico-

fisiológicos desse mesmo sensitivo.

Vale considerar que a consciência ou não durante o transe pode sofrer

intermitências, isto é, períodos de consciência alternando com

períodos de inconsciência, mormente (adv. Principalmente.) quando

esses estados são determinados por situações psicológicas ou psico-

fisiológicas.

Pode ocorrer que, de acordo com os tipos de Espíritos comunicantes ou

com o interesse dos Guias dos médiuns, apenas certas manifestações

sejam conscientes e outras não.

Depreendemos (depreender - v. tr. dir. e tr. dir. e ind. Perceber, vir

ao conhecimento de; inferir, deduzir. (Do lat. deprehendere.) daí que

pode haver flutuações na questão da consciência ou não do médium

durante as manifestações. Só não ocorrerão alternâncias no caso em que

essas características sejam determinadas pela estrutura fisiológica do

sensitivo que, então, não pode ser alterada. Assim, ele será

definitivamente consciente ou definitivamente inconsciente.

Por fim, é forçoso admitir que a chamada inconsciência mediúnica não

traz nenhuma superioridade para o fenômeno, não sendo garantia de

qualidade. O que dá ao fenômeno superioridade e garantia, num ou

noutro estado consciencial, é a qualidade moral do médium, seus

progressos como um todo, que fazem-no respeitado ante o Invisível, em

virtude da responsabilidade, da seriedade com que encara seus

compromissos."

Questão 16: "Qual a diferença entre médiuns sonambúlicos e

Inconscientes?"

Resposta: "Muito embora no seio do Movimento Espírita haja o costume

de chamar-se de sonambulismo àquele que sofre um transe inconsciente,

pelo fato de o médium "dormir" durante o processamento do fenômeno, é

necessário lembrar que o Codificador estabelece que médium sonambúlico

ou sonâmbulo é o indivíduo que, em seu estado de sonambulismo comum,

contata os desencarnados e transmite as mensagens que receba, podendo

vê-los e com eles confabular.

O estado de emancipação do sonâmbulo é o que facilita a comunicação (O

Livro dos Médiuns, cap. XIV, item 172).

No caso do médium inconsciente (Livro dos Médiuns, capítulo XVI, item

188), também chamado por Kardec de médium natural, encontramos aqueles

em que o fenômeno mediúnico apresenta um caráter de espontaneidade,

sem que a sua vontade consciente interfira, ou seja, nem sempre o

médium está desejando ou esperando que o fenômeno aconteça.

Aqui podemos ver a importância da boa formação intelecto-moral do

médium, pois esta é capaz de criar uma aura de proteção para ele, a

fim de que não se torne joguete de desencarnados irresponsáveis, ou

mesmo cruéis, que desejarão aproveitar-se da sua espontaneidade.

Vemos assim que, enquanto o médium inconsciente é controlado pelos

desencarnados que atuam por meio dele nos variados fenômenos, quer os

da psicografia, da psicofonia, da ectoplasmia e outros, o médium

sonambúlico encontra-se com os desencarnados; ao desprender-se do

corpo, com eles dialoga e nesse estado de emancipação relata o que vê

e o que ouve. Entretanto, também o sonambúlico, ao despertar, pode

guardar profunda ou parcial inconsciência do que com ele haja

transcorrido no Invisível."

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